Carta aberta à nossa primeira grande paixão: o Futebol

Querido futebol,

Nesta altura complicada graças ao vírus Covid-19, temos de nos agarrar às nossas melhores recordações e tu deste-me algumas das mais felizes; a mim e aos milhões de adeptos que tanto gostam de ti. Sabes porquê que significas tanto para nós? Porque onze meses por ano, durante 90 minutos semanais fazes com que sejamos maiores que nós.

No meu caso, a nossa ligação é fácil de compreender: aprendi a andar para poder correr atrás de uma bola, e desde aí, nunca mais me separei do futebol. Para os restantes milhões de adeptos, a história não é diferente, pois também tiveram em ti, a primeira grande paixão.

Quando nasceste, em meados do século XIX, na Inglaterra (deves ser quase da idade da Rainha) eras só mais um desporto para entreter as elites enfadadas, mas rapidamente a tua alegria se estendeu a todos. Num ápice, o futebol virou a motivação de operários, que suportavam semanas de trabalho árduo para poderem jogar o melhor desporto já inventado, e tornaste-te no orgulho das aldeias desses trabalhadores, que finalmente, tiveram algo que lhes provasse não serem inferiores aos manda-chuvas, uma luz ao fundo do túnel.

Com o passar do tempo, foste crescendo e viajando para todos os continentes, onde conquistaste o coração de milhões de pessoas que, finalmente ganharam algo em que acreditar graças ao futebol. Isso tudo em 200 anos. Hoje em dia e ao contrário do que se diz por aí, és muito mais que 22 pessoas a correr atrás de uma bola e muito mais que um negócio.

Queres ver? Em primeiro lugar, és a motivação de imensas pessoas solitárias, com um trabalho difícil e uma vida monótona, que passam a semana em contagem decrescente para o dia em que o seu clube joga. És também tradição, que os pais gostam de ensinar aos filhos: o amor ao clube, o hino, a cor e os jogadores. És um factor de união, capaz de juntar pessoas que nunca se viram para apoiarem juntas o seu clube ou a selecção.

Quantos apertos de mão e abraços a desconhecidos eu já dei (na pré-pandemia, claro), quando o SL Benfica marca golo, quando o Gil Vicente FC ganha um jogo, ou quando a selecção foi campeã. És solidariedade, quando chamas a atenção para problemas da sociedade, como o racismo, a xenofobia ou a pobreza. És família, porque dás um sentimento de pertença a quem não tem ninguém.

Quando vamos ao estádio, importa pouco quem somos e o que fazemos, só interessa que o nosso apoio empurre 11 guerreiros para a vitória. És obras de arte, como aquela bicicleta do Ronaldo que atropelou uma velha senhora, ou aquele tomahawk do Alex Telles que bateu a resistência do Portimonense SC, ou aquele drible do Trincão, ou aquela arrancada do Nuno Santos, ou aquele cruzamento do Fernando Fonseca, ou aquele corte do Mathieu, ou aquele passe do Gabriel, ou aquela defesa do Cláudio Ramos. És o orgulho de tanta gente que tem pouco mais para sorrir do que ver a sua equipa jogar.

Tens a capacidade extraordinária de nos fazer sentir vivos e de acelerar o nosso ritmo cardíaco, mesmo não estando no relvado a jogar. Quantas vezes já me deste uma alegria desmesurada, como o golo do Júnior Caiçara aos 90 minutos, na meia-final da taça da liga de 2011-2012, ou aquele golo do Éder na final do Euro 2016, ou a Reconquista do SL Benfica no ano passado. E quantas vezes me despedaçaste o coração, quando vi a lenda do Jonas despedir-se dos relvados ou a lenda do Eusébio despedir-se do mundo.

Fazes-nos ser maiores que nós porque os nossos cânticos, as nossas palmas e o nosso apoio incondicional, marcam golos, fazem cortes em cima da linha, vencem jogos e ganham campeonatos. É por isso que ao fim-de-semana, largo tudo para ver os meus a jogar.

Tenho saudades desses 90 minutos, em que ganho uma nova família e fico sem compromissos, problemas e dores de cabeça, de gritar pelo meu clube até ficar sem voz, de desesperar com mais um penalti falhado do Pizzi, de festejar um golo do Sandro Lima, de me arrepiar com o hino da Champions ou com o apoio dos nossos adeptos. Sinto falta do mundo normal, em que ao fim-de-semana, largámos tudo para ver os nossos jogar. Quando voltares, estaremos lá, como sempre. Até lá, vou ficar com saudade, uma palavra tão portuguesa e que tão bem descreve os nossos pensamentos de hoje em dia.

Obrigada por todas as alegrias e tristezas, que nos fazem tanta falta e que nos fazem crescer enquanto seres humanos. Obrigada, sobretudo, por existires. Volta rápido.

Com imensa saudade, de uma adepta que está em contagem decrescente para largar tudo, para poder voltar para ti.

 

 

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Inês Figueiredo Mendanha
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A Maria é uma orgulhosa barqueirense (e por inerência barcelense ) que aprendeu a gostar de futebol antes de saber andar. Embora seja apologista das peladinhas entre amigos, sai-se melhor deixando o que pensa gravado em papel. Benfiquista de coração e Gilista por devoção é sobretudo apaixonada pelo futebol que faz o país parar quando a bola começa a rolar.                                                                                                                                                 A Maria escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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