Com o mercado de transferências ao rubro para os lados de Alvalade, surgem mais duas situações que me deixam profundamente preocupado com a política de vendas do clube. Refiro-me, como é óbvio, às situações do argentino Marcos Acuña e do português João Palhinha que, neste momento, se encontram a treinar isolados do restante plantel. Por não serem convocados para o estágio dos Leões no Algarve, torna-se óbvio que a SAD planeia vender aquele que é um dos jogadores com mais qualidade e valor monetário do plantel e um jogador que poderia facilmente entrar nas opções de Rúben Amorim.
Embora esta decisão pareça legítima, é acompanhada de um problema que prejudica os cofres do clube – demonstrar interesse em vender os jogadores. Ao afirmar publicamente que Marcos Acuña e João Palhinha estão à venda, o Sporting CP demonstra fragilidade económica e, consequentemente, não vai receber propostas tão altas pois os outros clubes consideram que quando há vontade, há necessidade de vender para equilibrar as contas.
Esta situação remete para outras vendas como a de Bas Dost que não integrou a convocatória da equipa na terceira jornada do campeonato de 2018/2019 e que foi, posteriormente, vendido no último dia de transferências por sete milhões de euros, valor muito abaixo dos dezassete milhões que valia de acordo com o site Transfermarkt. A necessidade de vender do Sporting CP fez com que o goleador holandês desvalorizasse e, ainda por cima, fez com que o Sporting CP se desfizesse de um dos jogadores-chave do plantel no último dia de mercado.

Esta última particularidade impediu que o clube se reforçasse e não foi um acontecimento isolado: Bruno Fernandes foi vendido num dos últimos dias do mercado de inverno por um valor pouco acima do de João Mário, jogador que merece o respeito de qualquer Sportinguista mas não está ao nível do camisola dezoito do Manchester United FC. A própria venda de Raphinha incomodou-me, não pelo valor mas pelo timing da mesma.
Posto isto, temo alguns dos possíveis desfechos para o caso de Acuña e de Palhinha:
-
Podem ser vendidos por um valor que não corresponde ao que é justo e aos valores que se praticam no mercado atual. (Relembrar que, de acordo com o site Transfermarkt, Acuña vale 12 milhões de euros e Palhinha vale nove milhões de euros.)
-
Podem ser vendidos por valores abaixo do que se espera e com a agravante de ser num dos últimos dias do mercado de transferências. Este último ponto é fulcral pois impede que o Sporting CP utilize o dinheiro para investir no plantel e, caso consiga investir, faz com que os jogadores recém-comprados integrem o plantel depois da época ter começado.
-
Caso não sejam vendidos pelos mais variados motivos, Acuña e Palhinha serão integrados no plantel sem ter feito pré-época e sem conhecer os jogadores contratados nesta janela de transferências, o que vai comprometer a sua integração no plantel (mais no caso de Palhinha).
-
Por fim, caso as novas contratações não se integrem bem na equipa, o Sporting CP pode arrepender-se de ter vendido dois ativos que, desportivamente falando, têm muito valor. Por exemplo, se Antunes não corresponder à qualidade de Acuña, não faltarão pessoas a dizer que este nunca deveria ter saído e que Antunes não oferece tanta qualidade na sua respetiva posição.

Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede
Em jeito de conclusão, o Sporting CP tem de contratar e vender bem. Na minha opinião, este tem sido o erro da atual direção: as contratações não se afirmam, acabando por sair do clube sem terem contribuido para o sucesso desportivo ou financeiro do mesmo e os jogadores que são vendidos, para além de não saírem por um valor que faça jus ao mercado atual, têm mais qualidade do que os que ficam. Mas espero profundamente que estes casos sejam resolvidos até porque os sócios estão impacientes e a abordagem à próxima época vai ditar o futuro da atual direção… a estrutura do Sporting CP está obrigada a ser competente – não se toleram mais erros!