Moreirense FC 2-0 SC Farense: A sorte não mora no Algarve

A CRÓNICA: Fábio Abreu abriu o portal, Rafael Defendi ficou lá preso

A jornada inaugural da Liga NOS colocou, olhos nos olhos, Moreirense FC e SC Farense, recém-promovido e vice-campeão. O embate, sob o ponto de vista histórico, concretizou-se apenas por duas ocasiões, com vantagem notória para os da casa. Na época 2013/2014, as equipas defrontaram-se na LigaPro: os escritos registam uma vitória caseira (2-1) e um empate forasteiro (0-0). Para a equipa oriunda do Algarve, 20 de setembro sinaliza uma data com um travo adocicado: o regresso ao principal escalão do futebol português e o primeiro jogo oficial na era pós-pandémica. 

Jogo melancólico? Fábio Abreu respondeu à pergunta volvido um minuto do começo da partida: Pedro Amador faz o movimento interior, desmarca Filipe Soares e este, sem olhar a desperdícios, assiste o angolano milimetricamente. O placard mexia! 1-0! 

Se o início foi frenético, o que restou da primeira parte deitou por terra essa condição. Exceção à regra foi Ryan Gauld que, inspirado pelo epíteto de “mini-Messi” outrora recebido, fez abanar a trave da baliza à guarda de Matheus Pasinato, com um remate força e colocação. Ao minuto 26, os algarvios davam mostras de crescimento na partida e faziam bailar o quarteto defensivo adversário. 

À passagem do minuto 35, Lucca envia a bola junto ao canto inferior direito e esta descreve o movimento raso ao mesmo, após mau alívio da defensiva cónega e desatenção de Steven Vitória. 

Apito do árbitro, intervalo no Comendador Joaquim de Almeida Freitas. A superioridade dos algarvios não condizia com o resultado.  

A segunda parte foi descortinada com o mesmo alvoroço: ao minuto 48, Matheus Pasinato, absorvendo de modo astuto as características do relvado, desenha um passe com destino a Pedro Nuno; na resposta, Rafael Defendi antecipa-se e toca a bola com as mãos no limite da grande área. Expulsão! O SC Farense ficou reduzido a dez unidades e viu a sua tarefa complicar-se.

Onze minutos volvidos e resultante da decisão do VAR, os cónegos dilatam a vantagem: Alex Soares, após profundidade da autoria de D’Alberto, extrai o raio-x do primeiro tento e alimenta Pedro Nuno. 2-0! O placard volta a sofrer mutação!

O septuagésimo minuto voltou a dar algum entusiasmo à partida: Filipe Soares recuperou a meio campo, lateralizou para Lucas Silva e este, após corrida desenfreada, assiste Fábio Abreu, que desperdiça. No espaço de cinco minutos (entre os 80 e os 85), Fábio Abreu conseguiu adotar a postura perdulária defronte do guarda-redes algarvio por duas vezes consecutivas, Pedro Amador encarnava no espírito de Forrest Gump e o SC Farense rubricava a sua sentença de morte.

Dada a conjugação dos momentos de jogo, o equilíbrio cercou o relvado. Se os algarvios dominaram a primeira parte, os anfitriões controlaram e assumiram o papel principal na segunda. O fator “sorte” decidiu a favor dos cónegos e não bateu à porta dos visitantes. De parte a parte, boas indicações: as rotinas já conhecidas de Ricardo Soares e as agradáveis surpresas que Sérgio Vieira potenciou, embora sem êxito.

A FIGURA:

GOLO! Moreirense FC, Fábio Abreu aos 2′, Moreirense FC 1-0 SC Farense #LigaNOS
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— VSPORTS (@vsports_pt) September 20, 2020

Fábio Abreu – a “magnum opus” deste conjunto proveniente de Moreira de Cónegos. Hoje, pecou na finalização. Mas vê-lo durante uma partida é gratificante. Possante, inteligente sem bola e com disponibilidade total para desgastar um quarteto defensivo bem constituído e estruturado. A forma como constrói e fomenta o aparecimento de de perigo na área adversária, o “jogar de costas” para a baliza e a velocidade aliada ao ímpeto fazem adorar o ponta-de-lança que encerra em si a modernidade.  

O FORA DE JOGO: 

Fonte: Carlos Silva / Bola na Rede

Rafael Defendi – a boa exibição e as aspirações da equipa algarvia, na primeira parte, foram traídas pela expulsão do guarda-redes brasileiro. Comprometeu o esforço e dissolveu a esperança depositada na qualidade de Mansilla, nos pequenos rasgos de Ryan Gauld e no músculo de Lucca.

ANÁLISE TÁTICA MOREIRENSE FC: 

Ricardo Soares, relativamente à época transata, alterou pouco da estratégia que sempre privilegiou e, por isso, a aposta no 4x3x3 não primou pelo fator surpresa. Fábio Abreu, jogador na iminência da saída desde a abertura do mercado, constituía a principal referência de ataque. Alex Soares, apesar de posicionado no setor central do terreno, era o escolhido para assumir a guarida ofensiva. Pedro Amador era aposta em detrimento de Abdu Conté.

As transições ofensivas eram efetuadas, frequentemente, pelo lado esquerdo: Pedro Nuno, violando o interior da quadra, apostava na meia-distância e permitia que Filipe Soares fosse uma opção válida nas suas costas. A profundidade era uma constante, Lucas Silva e Pedro Nuno eram os mais solicitados. Fábio Abreu, no seu estilo, a estancar e a construir a partir de trás.

Após a expulsão, a equipa da casa controlou melhor as investidas algarvias e sossegou com o 2-0: maior pressão sobre o adversário, menos espaço concedido, transições ofensivas rápidas e com superioridade na maioria das vezes.

11 INICIAL E PONTUAÇÕES: 

Matheus Pasinato (6)

D’Alberto (6)

Rosic (6)

F. Pacheco (7)

F. Abreu (7)

Filipe Soares (7)

Lucas Silva (6)

S. Vitória (6)

Alex Soares (6)

Pedro Nuno (6)

Pedro Amador (7)

 SUBS UTILIZADAS: 

 Pires (5)

Matheus S. (4)

Ibrahima (4)

Franco ()

ANÁLISE TÁTICA SC FARENSE: 

Em Moreira de Cónegos, a formação algarvia apresentou-se alicerçada num 4x4x2, sistema tático no qual o músculo do miolo assentava na maior das preocupações. Mansilla e Fabrício Isidoro assumiam a função de uma espécie box-to-box laterais, equilibrando as transições defensivas e ofensivas, enquanto que, a Ryan Gauld, disposto junto do ponta-de-lança, competia a criatividade e a pauta do jogo. 

Início de jogo com a disposição baixa das linhas no terreno. Lucca era o rosto visível do espírito aguerrido, delineando o transporte de bola a partir do seu meio campo defensivo. A aposta na projeção dos laterais foi um ato de pura inteligência e surtia efeito, a pouco e pouco, bem como a profundidade ganha nas costas de D’Alberto. Combinação interessante e triangulações bem desenhadas entre Fábio Nunes e Mansilla.

A expulsão não retirou qualquer réstia de vontade ao SC Farense. O sistema tático esvaiu-se e o coração comandou os movimentos.

11 INICIAL E PONTUAÇÕES: 

Rafael Defendi (4)

Amine (5)

Stojilikovic (5)

Mansilla (7)

Bura (5)

Fabrício Isidoro (6)

Ryan Gauld (6)

Cássio Scheid (5)

Lucca (7)

Alex Pinto (6)

Fábio Nunes (7)

SUBS UTILIZADAS:

Miguel Bandarra (4)

Hugo (6)

H. Marques (4)

Cláudio Falcão (5)

Pedro Henrique (4)

Alvarinho (5)

CONFERÊNCIA BNR:

Redator BnR – Mister, considera que o facto de estar sem competir desde março, período pandémico, teve influência no desempenho da equipa?

Sérgio Vieira (SC Farense) – Esse período foi determinante para ajustar processos lógicos e os índices de competitividade de alguns jogadores, assim como teve a sua preponderância e importância para o desempenho coletivo. Além disso, transitamos para esta época com cerca de 50% do plantel: existem diversos jogadores com problemas físicos como é o caso do Madi Quetá, o César e o Abner, por exemplo. Contudo, perante as circunstâncias, parabenizo a equipa pelo que fez hoje e pela excelente atitude que demonstrou nas quatro linhas.

Redator BnR – Qual é a avaliação que faz da exibição do Pedro Amador, único reforço a encabeçar a titularidade? Considera ter uma boa dor de cabeça pela competitividade com Abdu Conté?

Ricardo Soares (Moreirense FC) – Relativamente ao Pedro, considero que realizou um excelente jogo. A meu ver, é uma grande contratação. A direção esteve muita atenta e foi uma decisão de enorme assertividade. Conheço pessoalmente o Pedro e sei perfeitamente que me dá todas as garantias que necessito. Quanto à questão que inclui o Abdu, creio que irá ser uma enorme luta entre eles. Joga quem estiver melhor, como é lógico. Mas, para mim, sem dúvida nenhuma que é uma ótima dor de cabeça!

Romão Rodrigues
Romão Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
Em primeira mão, a informação que considera útil: cruza pensamentos, cabeceia análises sobre futebol e tenta marcar opiniões sobre o universo que o rege. Depois, o que considera acessório: Romão Rodrigues, estudante universitário e apaixonado pelas Letras.                                                                                                                                                 O Romão escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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