Bélgica 2-1 EUA (a.p.): Há sonhos sem defesa possível

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O RESCALDO

Ao longo da história e das histórias deste fantástico desporto que é o futebol, são vários os capítulos dourados já escritos por jogadores lendários. Por isso, há momentos que os adeptos jamais esquecem, como as exibições assombrosas de Maradona, a fantasia de Pelé ou Eusébio e, claro, a magia de Messi ou da máquina de futebol chamada Cristiano Ronaldo. Não foi por acaso que mencionei estes nomes, caro leitor. É que, no fim de contas, dificilmente numa crónica como esta são deixadas muitas linhas para os protagonistas da retaguarda, para os artistas cuja presença é por vezes ignorada e cuja importância é por vezes esquecida. Isto porque excetuando casos raros, como os de Casillas, Buffon, Beckenbauer ou Maldini, os artistas do primeiro terço do terreno raramente são notícia e raramente são lembrados nas histórias dos grandes momentos de competições como um Campeonato do Mundo.

Não foi à toa que optei por recuar no tempo e colocar a fita um pouco atrás para começar por dar a minha opinião sobre o apuramento da Bélgica para os quartos-de-final do Campeonato do Mundo. E tudo porque, apesar da vitória dos Diabos Vermelhos esta noite na Arena Fonte Nova, em Salvador da Bahia, a grande figura da partida foi Tim Howard. Mas vamos por partes: Bélgica e Estados Unidos da América entravam em campo esta noite para dar o toque final nos oitavos-de-final e assim ganhar a oportunidade para defrontar no próximo sábado a seleção Argentina, que horas antes havia vencido a Suíça por 1-0. Nas equipas iniciais, Wilmots e Klinsmann optaram por não arriscar: na Bélgica, destaque para a titularidade de Origi no lugar de Romelu Lukaku, com Hazard e Mertens a explorarem o jogo pelas faixas; nos norte-americanos, o treinador alemão voltou a optar por entrar em campo sem um ponta-de lança-fixo, colocando Bedoya e Zusi no apoio ao falso avançado Clint Dempsey.

O veterano Tim Howard defendeu (quase) tudo!  Fonte: Getty Images
O veterano Tim Howard defendeu (quase) tudo!
Fonte: Getty Images

Como já seria de esperar pelo desenho tático das duas seleções, a Bélgica tomou desde cedo conta das rédeas da partida. De facto, a promessa de resolver cedo a eliminatória por pouco não se revelou uma certeza logo no primeiro minuto do encontro, quando Divock Origi, após ser lançado em velocidade, viu Tim Howard brilhar pela primeira vez na partida ao negar-lhe o golo com o pé direito. O lance do avançado belga acabou mesmo por lançar a geração de ouro belga para uma exibição dominadora perante uma equipa norte americana que nunca abdicou de uma estratégia de maior expetativa e uma aposta efetiva no contra-ataque. Do outro lado, começavam a acumular-se as oportunidades desperdiçadas pelos belgas, com Kevin de Bruyne e Vertonghen a estarem perto de inaugurar o marcador. Ainda assim, no final da primeira parte, ficava a sensação de que os norte-americanos estavam a controlar a partida, pois apesar de não criarem perigo para a defesa belga, os EUA iam gerindo os pontos fortes do adversário, em especial o jogo pelos flancos, bem como os vários momentos do jogo.

No segundo tempo, a Bélgica entrou com disposição diferente na Arena Fonte Nova: com um ritmo muito mais forte e intenso, os Diabos Vermelhos foram sufocando, no primeiro quarto de hora da segunda parte, a equipa norte americana. Com Witsel e De Bruyne a incorporarem-se cada vez mais no jogo ofensivo da equipa, os alas Hazard e Mertens iam lançando o pânico na defesa americana. Não foi por isso de estranhar os inúmeros lances de perigo criados junto à área americana, mas Tim Howard revelou-se sempre uma barreira intransponível perante o forte caudal ofensivo belga. A bola à barra de Origi aos 61 minutos foi apenas o lance principal de um conjunto enorme de oportunidades belgas, perdidas por Mirallas, De Bruyne, Hazard e companhia, que viram apenas Howard como um autêntico muro que ia impedindo o golo mais do que merecido da Bélgica à medida que o tempo passava.

Pelo contrário, só em raríssimas ocasiões é que os comandados de Klinsmann chegaram com perigo à área de Thibaut Courtois. Ainda assim, a “injustiça” (se é que isso existe no futebol) podia ter acontecido bem perto do final da partida, quando, aos 92 minutos, Wondolowski teve o golo nos pés e acabou por não conseguir dar uma vitória histórica aos EUA. Contudo, e apesar do domínio belga, a enormíssima exibição de Tim Howard fez com que os jogadores de Wilmots acabassem por não chegar ao golo durante o tempo regulamentar, levando assim mais um jogo para o prolongamento. E, olhando para o que foi esse tempo suplementar, os adeptos do futebol devem estar agradecidos por a decisão ter sido levada até praticamente às últimas consequências.

Logo no início do prolongamento, a barreira que Howard ergueu ao longo da partida acabou por ceder com o golo de Kevin de Bruyne aos 93 minutos, num lance em que Lukaku, que entrou no início do prolongamento, correu vários metros para assistir o médio belga, que rematou cruzado e não deu hipóteses ao guarda-redes americano. O golo belga foi um forte golpe nas aspirações norte-americanas e acabou por ser a Bélgica a estar novamente mais perto de alcançar o segundo golo, em duas oportunidades desperdiçadas por Lukaku e Mirallas, que novamente tiveram Tim Howard como opositor. Ainda assim, a Bélgica acabou mesmo por chegar ao segundo golo, quando, aos 105 os papéis se inverteram e foi a vez de Bruyne assistir o avançado belga para o 2-0.

Lukaku e De Bruyne, a sociedade perfeita - um golo e uma assistência para cada um  Fonte: Getty Images
Lukaku e De Bruyne, a sociedade perfeita – um golo e uma assistência para cada um
Fonte: Getty Images

Ao contrário do que se poderia esperar, a desvantagem de dois golos não levou a equipa de Klinsmann a deitar a toalha ao chão. Com o golo de Green aos 107 minutos, os norte-americanos voltaram à discussão de uma partida onde, fruto do desgaste físico das duas seleções, o espaço para ambas a criação perigo foi por demais evidente. Por isso, o resultado manteve-se num impasse até ao final da partida, com Lukaku e Dempsey a desperdiçarem excelentes chances para marcar. Apesar das últimas tentativas dos americanos, os belgas acabaram por manter a vantagem e assim conseguiram um apuramento justo e histórico para os quartos-de-final do Campeonato do Mundo.

Numa das melhores partidas do Mundial até ao momento, a Bélgica acabou por merecer uma vitória que apenas pecou por escassa. E isto porque do outro lado encontrou um super-herói na noite de Salvador da Bahia: Tim Howard. Não levou a vitória para casa mas, no fim de contas, foi a figura da partida. O problema é que há sonhos que nem os super-heróis conseguem parar. E hoje a Bélgica mereceu que o sonho se tenha concretizado.

A Figura

Tim Howard – Há poucas palavras para descrever uma das exibições mais memoráveis de um guarda-redes no Mundial. Parou quase tudo mas não evitou a derrota dos EUA e o fim do sonho dos americanos no Brasil.

O Fora-de-Jogo

Dempsey – A principal figura da equipa norte americana passou ao lado dos oitavos-de-final. A estratégia defensiva de Klinsmann não o favoreceu, mas ainda assim esperava-se mais da principal estrela da equipa dos Estados Unidos da América.

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