Um final marcado pelo infortúnio de Daniel-André Tande | Saltos de Esqui

    O tramo final da Taça do Mundo de Saltos de Esqui, da presente temporada, em Planica teve lugar neste final de semana. Com a ação a iniciar-se na quarta feira e a terminar no domingo dia 28. O palco no qual se iria decidir o “Planica 7”, visto que estavam agendados sete saltos, três provas individuais e uma disputa por equipas para além de se ir atribuir o “globo de cristal” referente aos voos de esqui, era o Letalnica Bratov Gorisek. O “globo de voos de esqui” habitualmente comporta quatro etapas, mas devido aos constrangimentos causados pela Covid-19 três dessas provas que se disputariam em solo norueguês foram anuladas com as mesmas a serem remarcadas para a estrutura eslovena.

    Este imponente trampolim de 240m, tinha um record a vigorar desde 2019 conseguido pelo nipónico e um dos atletas favoritos à conquista destas disputas, Ryoyu Kubayashi, que nesse mesmo ano havia fixado esse registo nos 252m, apenas a um metro e meio da maior distância alguma vez voada obtida por Stefan Kraft, austríaco que em Vikersund na Noruega batera esse record mundial. O nome do complexo foi atribuído  em homenagem aos irmãos Gorisek, grandes impulsionadores desta especialidade, contava com um K-Point fixado nos 200m, com cada saltador a receber por cada metro para além desse registo mais 160 pontos de distância.

    Halvor Egner Granerud, já recuperado da infeção por Covid19 que o retirara da disputa final pelas competições referentes aos Mundiais de Esqui Nórdico, realizados no passado mês em Oberstdorf na Alemanha, estava agora apto para se bater pelos céptros aqui em discussão.

    Tudo principiou com uma qualificação que viu apenas 67 dos 68 inscritos na mesma  a tomarem parte da impressionante e brutal  estrutura. Isto devido ao norueguês Daniel-André Tande ter sido vitimado por uma queda incrivelmente assustadora, que lhe valeu um traumatismo craniano, uma lesão nas costelas e a perfuração de um pulmão, com esse acidente a dar-se a mais de 100km por hora, velocidade registada por este aquando da saída do trampolim. Com a perda da fixação de um dos esquis a ser motivo apontado por todos para esta lamentável perda para a competição, refira-se que tal se verificara no período prévio ao começo da mesma, ainda nos saltos preparatórios. Com o jovem atleta de Oslo a ter de ser evacuado de helicóptero e colocado em coma induzido, uma vez que o seu estado de saúde apresentava um prognóstico altamente reservado.

    A qualificação, contrariamente ao que normalmente é regra, viu apenas 40 destemidos homens  selarem presença na prova dado estarmos a disputar uma compita de Ski Flying ao invés dos 50 que usualmente compõem as competições em trampolim normal. A mesma seria conquistada, bem como os 2000 francos suíços, pelo japonês Ryoyu Kubayashi com a marca de 229m. O vice-líder da geral, o germânico Markus Eisenbichler assegurava o segundo posto desta disputa qualificativa, que tinha em vista a competição do dia seguinte, saltando 227,5m. Já a fechar os três primeiros e com um registo, que, não obstante ter sido mais impressionante em termos de distância, seria mais penalizado pelo fator de “portão”, uma vez que foi assinado de um “portão”  mais alto, autoria de Bor Pavlovcic que rubricara 232m. Ainda dentro do top cinco, de realçar as presenças de Karl Geiger, um dos grandes favoritos, dado ter-se sagrado aqui mesmo campeão mundial da especialidade e ainda por Andrzej Stekala, que assinalando uma marca de 225,5m, ficou um metro atrás do seu opositor, com o polaco também a dar mostras de bom Skyfliyer!

    Stefan Kraft apenas 22.º classificado, Kamil Stoch não fazia melhor do que o 23.º registo, Halvor Egner Granerud relegado para o 28.º salto mais distante e Marius Lindvik apenas 34.º colocado, eram nomes grados que haviam deixado bastante a desejar. No entanto ainda havia quem fizesse pior! Exemplos de Klemens Muranka da Polónia ou do helvético  Simon Ammann, antigo campeão mundial da disciplina, que ficavam de fora da contenda agendada para  quinta-feira.

    Numa prova que assinalava o regresso oficial da Taça do Mundo a Planica, após o campeonato anterior ter sido terminado de modo abrupto, ainda antes de se pisar solo esloveno, era o “samurai” Ryoyu Kubayashi quem ia dando mostras de maior habituação a estas exigentes condições, bem como dava grandes indicações na discussão pelo “globo de voos de esqui”, liderando ao cabo da ronda de abertura, totalizando no seu primeiro registo nada mais nada menos do que 235m. Quem lhe ia fazendo mais “sombra”, mas a mais de uma dezena de pontos, era o local Domen Prevc, o mais novo do clã que rubricava passaporte para a ronda final. No entanto apenas o saltador de 21 anos mantinha legítimas aspirações à vitória nesta 27.ª prova da presente edição do campeonato, averbando menos quatro metros do que o asiático. Ainda em lugar de pódio figurava outro praticante caseiro, uma das revelações da temporada, no caso Bor Pavlovcic que fizera meio metro menos em relação à marca obtida pelo seu compatriota.

    O final do Top cinco ia mostrando respetivamente os nomes de Michael Hayboeck em representação da seleção austríaca e de Markus Eisenbichler. Stefan Kraft, campeão do “grande globo” na transata temporada era apenas 14.º posicionado, ao passo que o atleta que atuava entre muros, Anze Lanisek, ia apenas se quedando pelo 23.º registo, portanto já fora de almejar muito mais do que “trepar” um pouco na tabela!

    Contudo e face ao muito vento e à neve de fraca qualidade, visto que os termómetros iam apontando cerca de 15 graus, acabaram por se verificar várias surpresas, com Granerud, Stoch, Kubacki e Lindvik a serem impedidos de saltar uma segunda vez neste dia, dado terem terminado  a primeira ronda para além dos trinta melhores!

    Numa segunda metade de disputa marcada pelo facto do vento mudar a sua direção de forma repentina, passando a conferir penalizações aos “homens pássaro”, ao invés das bonificações registadas no primeiro pedaço de compita, foi de modo previsível que se assistiu a uma melhoria genérica na qualidade e distância dos registos. Com Ryoyu Kubayashi a sublinhar a grande superioridade demonstrada até então, face aos demais rivais neste trampolim, vincando-o com um segundo voo de 244m, conquistando assim o epíteto de marca mais longínqua de toda a tarde/noite em Planica.

    Na prata, aplicando em pleno a expressão: “quem não arrisca, não petisca”, esteve Eisenbichler que  baixando em uma posição o “portão” do 13 para o 12, indo em busca de arrecadar a  compensação relacionada com essa descida, viu essa estratégia resultar em pleno, com este a permanecer com o desidrato de almejar conquistar tanto o “globo de voos de esqui”, como também mantinha em aberto a possibilidade de “levar para casa” o Torneio de Planica.

    Ainda dentro dos cinco primeiros concluíam Hayboeck e Bor Pavlovcic. Domen Prevc era vítima da famosa pressão, acusando-a finalizando apenas no oitavo posto. Já Robert Johanson, para o país que via pela terceira ocasião um atleta daí proveniente a transportar o maior troféu da disciplina de inverno, ascendera sete posições face ao que havia realizado no primeiro salto, obtendo um sétimo lugar.

    Quanto a Stefan Kraft, somente 23.º colocado, ficava bem aquém do que se lhe exigia, dado estarmos em presença do recordista mundial de voos de esqui!

    - Advertisement -

    Subscreve!

    Artigos Populares

    Diogo Rodrigues
    Diogo Rodrigueshttp://www.bolanarede.pt
    O Diogo é licenciado em Ciências da Comunicação pela Universidade Lusófona do Porto. É desde cedo que descobre a sua vocação para opinar e relatar tudo o que se relaciona com o mundo do desporto. Foram muitas horas a ouvir as emissões desportivas na rádio e serões em família a comentar os últimos acontecimentos/eventos desportivos. Sonha poder um dia realizar comentário desportivo e ser uma lufada de ar fresco no jornalismo. Proatividade, curiosidade e espírito crítico são caraterísticas que o definem pessoal e profissionalmente.