SL Benfica 2-0 FC Paços de Ferreira: “Benfiquistas, mudei a casa”

A CRÓNICA: NO FINAL, VALEU A PENA

Casa é onde o coração fica quando o resto do corpo vai para outro lugar. É onde as nossas formas voltam quando se lhes falta conforto e animosidade.

Nas coordenadas do Estádio da Luz, ecoa o barulho do arrastar dos móveis pelas rugosidades do chão, do berbequim a frustrar a ponta giratória contra a parede.

Endireitam-se os quadros preferidos e escolhem-se fotografias várias para preencher o hall de entrada. As paredes ainda brindam o olfato com cheiro a tinta fresca. É Nélson Veríssimo a deixar tudo a seu gosto.

O sol pôs-se poucas vezes desde que o treinador do SL Benfica mudou de casa. Assumiu a equipa no Dragão com poucos dias de trabalho e um quebranto emocional que sempre compromete a eficiência humana.

Com mais tempo para deixar tudo concomitante às exigências que um bom anfitrião deve cumprir, recebeu, no primeiro jogo em domicílio próprio no regresso ao comando do SL Benfica, o FC Paços de Ferreira.

O treinador dos encarnados tinha avisado: “vai valer a pena”. Conheço uma Pessoa que outrora disse que “Tudo vale a pena”, mas foi pequena a alma benfiquista na primeira parte.

O FC Paços de Ferreira esteve sereno com a bola nos pés, com evidentes qualidades para tomar boas decisões. Sem ela, comprometeram somente num par de situações em que Rafa tentou em jeito picar sobre o guarda-redes pacense, André Ferreira.

Perante a ineficácia da estratégia usada pelo colega, Gonçalo Ramos tentou em força alvejar a rede, mas a bola só quis a trave.

Quando as emoções domaram os castores, a situação reverteu-se. Quase no término do primeiro tempo, Denilson atingiu com o pé o ombro de Grimaldo e foi expulso. No lance seguinte, Seferovic, que vinha até aqui assinalando uma excelente exibição, dá a Gonçalo Ramos a hipótese de se redimir.

A incrível defesa de André Ferreira levou a que só na recarga João Mário conseguisse dar vantagem aos encarnados. A superioridade numérica deu ao SL Benfica um domínio ainda maior. Paradoxalmente, Diaby conseguiu uma ocasião flagrante para dar ao FC Paços de Ferreira o empate.

O tempo continuou a passar com uma pedra presa ao pé. Para quebrar a monotonia, Grimaldo animou o cenário com um golo de belo efeito. Darwin quis ajudar na festa, mas o máximo que conseguiu foi protagonizar o momento Bryan Ruiz da noite, mantendo o 2-0 até final.

O SL Benfica fecha a primeira volta do campeonato em terceiro lugar. Com este resultado, reduz para quatro pontos a diferença para o segundo classificado, o Sporting CP.

A casa de Nélson Veríssimo está habitável, mas ainda precisa de ajustes que têm tanto de comum à habitabilidade como ao bom funcionamento de uma equipa de futebol.

 

A FIGURA

Haris Seferovic
Haris Seferovic esteve em bom plano, apesar de não ter marcado
Fonte: Euclides Delgado/ Bola na Rede

Haris Seferovic Um recipiente de utilidade. Não se pode dizer que tenha sido um elemento fixo no ataque. Pelo contrário, realizou numerosos movimentos de ataque à pequena diagonal. Na disponibilidade de apoios frontais esteve exímio.

 

O FORA DE JOGO

O lateral pacense teve dificuldades em parar os ímpetos de Everton Fonte: Euclides Delgado/ Bola na Rede

Fernando FonsecaIncapaz de conter a avalanche encarnada do lado direito. Mal saltava na pressão a Grimaldo, tinha um jogador a aproveitar as suas costas.

 

ANÁLISE TÁTICA – SL BENFICA

O SL Benfica alinhou em 4-4-2. Na frente, Seferovic prestou-se mais ao jogo de apoios, atacando muitas vezes a profundidade depois de combinar. Gonçalo Ramos deslocou-se mais pelas linhas horizontais do campo.

Everton trabalhou bem aberto, com a linha lateral perto de si, o que o beneficiou na medida em que encontrou espaço que não teria no meio do bloco adversário. Tal situação proporcionou inclusivamente que Grimaldo pudesse subir por dentro.

A pressão alta foi exercida com Seferovic e Gonçalo Ramos a pressionarem os centrais e com João Mário a condicionar os dois médios do FC Paços de Ferreira. Weigl colocou-se juntos dos centrais. A estratégia zonal marca um ponto de viragem em relação ao passado recente dos encarnados.

11 INICIAL E PONTUAÇÕES

Helton Leite (6)

Gilberto (5)

Nicolás Otamendi (5)

Morato (6)

Álex Grimaldo (6)

Julian Weigl (6)

João Mário (7)

Rafa Silva (7)

Everton (7)

Gonçalo Ramos (5)

Haris Seferovic (7)

SUBS UTILIZADOS

Darwin Núñez (5)

Valentino Lázaro (6)

Paulo Bernardo (5)

Adel Taarabt (-)

Diogo Gonçalves (-)

ANÁLISE TÁTICA – FC PAÇOS DE FERREIRA

O sistema tático utilizado pelo Paços de Ferreira foi o 3-4-3. César Peixoto deu a Uilton um papel de elevada preponderância tática. O brasileiro, com historial de desempenhar funções de lateral, tinha a missão de fechar junto de Antunes o corredor esquerdo e formar uma linha de cinco atrás.

Defensivamente, sofreram no controlo do seu lado direito pelo elevado número de movimentos que vários jogadores do SL Benfica realizaram naquela zona.

A equipa da capital do móvel preferiu não correr riscos e evitar usar o corredor central para sair apoiado, mesmo Rui Pires e Eustáquio tendo vantagem sobre João Mário. Denilson, enquanto esteve em campo, foi um ótimo desafogo para a equipa, dada a sua capacidade para segurar a bola e permitir que a equipa subisse.

Seria de esperar que Uilton de adiantasse mais no terreno durante o processo ofensivo, sendo que foi até Antunes quem mais se aventurou. Tal situação seria possível perante o posicionamento de Hélder Ferreira ao centro.

11 INICIAL E PONTUAÇÕES

André Ferreira (7)

Fernando Fonseca (4)

Nuno Lima (4)

Marco Baixinho (5)

Antunes (4)

Uilton (4)

Rui Pires (5)

Stephan Eustáquio (5)

Juan Delgado (5)

Hélder Ferreira (6)

Denilson Jr. (6)

SUBS UTILIZADOS

Lucas Silva (4)

Mohamed Diaby (5)

Luís Bastos (4)

Matchoi Djaló (-)

 

BNR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

SL BENFICA

O Bola na Rede foi impedido de colocar questões ao treinador do Benfica.

FC PAÇOS DE FERREIRA

Bola na Rede: A opção para sair a jogar do FC Paços de Ferreira nunca foi o corredor central, mesmo estando apenas João Mário a vigiar o Rui Pires e o Eustáquio. Foi um risco que não quis correr?

César Peixoto: Tentámos jogar nos três corredores. Faltou alguma capacidade à equipa para ir fora e depois ir dentro. Faltou alguma ligação. No pontapé de baliza sim, tentámos privilegiar a bola mais direta no lado do Grimaldo, que é mais baixinho, mas, a partir daí, o jogo desenrolava-se pelos três corredores.

Não foi opção jogar pelos corredores laterais. Sabíamos também que o SL Benfica, normalmente, quando a bola entra no corredor lateral, abre espaço entre central e lateral e nós tentámos aproveitar esse espaço. Tínhamos que conseguir manipular o SL Benfica para provocarmos esse espaço. Não o conseguimos fazer.

Acaba por ser um jogo onde, na primeira parte, bem organizados, podíamos ter tido um pouco mais de bola. Na segunda parte, a equipa foi fantástica no comportamento, na forma como lutou, na organização defensiva e ainda conseguimos ir duas, três vezes à frente.

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Francisco Grácio Martins
Francisco Grácio Martinshttp://www.bolanarede.pt
Em criança, recreava-se com a bola nos pés. Hoje, escreve sobre quem realmente faz magia com ela. Detém um incessante gosto por ouvir os protagonistas e uma grande curiosidade pelas histórias que contam. É licenciado em Jornalismo e Comunicação pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e frequenta o Mestrado em Jornalismo da Escola Superior de Comunicação Social.

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