A fortaleza do Dragão

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Os últimos três jogos do FC Porto trouxeram, muito provavelmente, a melhor face da equipa de Julen Lopetegui desde o início da temporada. Frente a Bate Borisov, Rio Ave e Académica, três goleadas permitiram aos portistas enfrentar o final de 2014 com a confiança reforçada de que, a pouco e pouco, a qualidade, por demais evidente, do plantel começa a aparecer. Para este sucesso, muito terá contribuído a menor rotatividade levada a cabo pelo treinador espanhol. Apesar de sempre ter considerado que é importante haver mais do que 11 “titulares”, é importante, mais do que trocar o jogador A ou o jogador B, manter sempre a mesma filosofia de jogo. Quando o FC Porto não o fez, frente a Estoril no campeonato e Sporting para a Taça de Portugal, a equipa deu-se mal e os resultados foram os conhecidos.

Ainda assim, os bons resultados não tiveram consequências práticas quanto ao objetivo mais importante para a temporada: a conquista do campeonato. Com três pontos de desvantagem para o rival Benfica, é impossível não considerar o clássico do próximo domingo como muito importante para os portistas. Olhando para aquilo que tem sido a temporada de uns e de outros, fico com a forte sensação de que um grande FC Porto chegará para vencer o Benfica. A minha opinião baseia-se sobretudo nos factos que a época tem demonstrado e que se pautam, por um lado, pelas pontuais invenções de Lopetegui, que já custaram a Taça de Portugal aos portistas, e pela incapacidade quase assustadora do Benfica em ser um clube à altura dos seus pergaminhos na Liga dos Campeões. A eliminação de uma e de outra equipa nestas competições tiveram muito mais de demérito de ambas do que mérito dos adversários. Também por isso, continuo com a mesma opinião que tinha no início da temporada: mesmo com um Sporting com Nani, FC Porto e Benfica são as melhores equipas da Liga.

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Na noite gelada de Coimbra, Jackson Martínez bisou
Fonte: Página de Facebook do FC Porto

Todavia, considerando aquilo que foram os primeiros quatro meses da época, ao olhar para as equipas de Lopetegui e de Jorge Jesus, vejo uma capacidade maior para o FC Porto crescer. Depois de ter completamente revolucionado o plantel, atualmente percebe-se que as dinâmicas estão mais enraizadas, os jogadores estão mais interligados e a conexão entre os três setores é muito mais eficaz do que há “meia dúzia” de jogos. Quem olha para a equipa portista vê um quarteto defensivo cada vez mais consolidado e onde, acredito, Maicon acabará por assentar numa dupla com uma das boas surpresas da época, Martins Indi. Danilo e Alex Sandro estão a voltar ao seu melhor nível, enquanto o meio campo – com Casemiro a subir de forma, Herrera a mostrar um bocadinho do jogador do Mundial 2014, e Oliver a espalhar magia por entre linhas – está cada vez mais afinado. No ataque, Brahimi, Tello e Jackson fazem um trio de luxo, que combina técnica, velocidade e capacidade de finalização. Ao olhar para o onze portista, percebe-se que Marcano, Rúben Neves, Quintero, Quaresma ou Aboubakar podem entrar a qualquer momento e que, sobretudo, a dinâmica não se altera de forma drástica. Para que isso continue, o importante, tal como referi, passa por, mais do que mudar as peças, não mudar a ideia de jogo assente no 4x3x3 clássico e que tão bem encaixa na equipa.

Do lado encarnado, é indiscutível a diferença que o Benfica tem demonstrado dentro e fora de portas. Para isso, não acredito só naquele cliché de que o plantel de Jorge Jesus não tem qualidade suficiente para se bater numa prova europeia. Com Mónaco, Zenit e B. Leverkusen no grupo, estranho foi perceber que perante três equipas que não são superiores ao Benfica os lisboetas não conseguiram ir além do último lugar do grupo. Por essa razão, com jogadores como Enzo, Salvio, Gaitán, Talisca, Lima ou Jonas, a premissa de que este Benfica apenas chega para o campeonato para mim é falsa. É certo que já não existe Markovic, Garay, Rodrigo ou Cardozo no plantel, mas sinceramente não partilho do argumento de que este Benfica é um dos mais fracos dos últimos tempos. Na minha modesta opinião, apenas a atitude errada de treinador e jogadores na Champions permitiu tamanho descalabro. Por tudo isto, o FC Porto tem de estar de sobreaviso no jogo do próximo domingo. Para além da desvantagem pontual de três pontos e que “obriga” praticamente o FC Porto a vencer o clássico, a equipa de Lopetegui terá de se deixar de falsos favoritismos e entrar no relvado do Dragão com o espírito que demonstrou nos últimos três jogos, nos quais a qualidade individual foi por demais evidente.

E porque há pouco falei do Dragão, esse é outro aspeto, caro leitor, que gostaria de realçar. Até à paragem natalícia, são três os duelos que a equipa fará dentro de portas (Shakthar, Benfica e Vitória de Setúbal). Neste ciclo de jogos no anfiteatro portista, o apoio dos adeptos será fundamental para que na Champions, e sobretudo no campeonato, finalmente o FC Porto possa encarrilar rumo a objetivos que parecem, à luz da qualidade do plantel, perfeitamente alcançáveis. Olhar para o lema “enquanto se canta, não se assobia” – tão proclamado pela estrutura portista nas últimas semanas – é pedir que a plateia portista não deixe de lado a sua exigência, mas sobretudo que seja cada vez mais um 12.º jogador. Enquanto espetador frequente no Dragão, sinto que é quase sempre isso que falta: um ambiente mais intenso, que puxe pelos jogadores e que faça tremer os adversários. E isto porque as grandes vitórias, como aquelas de que precisamos nos três próximos encontros, também se começam a construir nas bancadas. Por isso tudo, é preciso que entre os jogos com ucranianos, encarnados e setubalenses se faça sentir a “Fortaleza do Dragão”. O momento pode ser decisivo, e todos são, mais do que nunca, absolutamente necessários. E isso é ser FC Porto.

Foto de capa: Página de Facebook do FC Porto

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