FC Barcelona 9-0 SL Benfica: “Blaugrana” sem Putellas abre campanha com goleada

    Benfica

    A CRÓNICA: UMA BOLA DE OURO NA MÃO E NOVE NA REDE

    Pontapé de saída na edição 2022/2023 da Liga dos Campeões Feminina. Depois das vitórias da Juventus FC frente ao FC Zürich (2-0) e do FC Bayern München frente ao FC Rosengård (2-1) nos jogos da tarde, as atenções focavam-se em dois dos três principais jogos da jornada: a recepção do Olympique Lyonnais ao Arsenal FC e o encontro que opunha o todo-poderoso FC Barcelona ao aguerrido SL Benfica. O outro jogo de destaque, a disputar no dia seguinte, colocava frente-a-frente Paris Saint-Germain FC e Chelsea FC.

    O Estadi Johan Cruyff, com capacidade para seis mil adeptos, recebia então a equipa lisboeta com as bancadas bem compostas, parcialmente ocupadas pela comitiva do Benfica, que a espaços se conseguiu fazer ouvir.

    Para os visitantes, esta era uma entrada “de fogo” na maior competição europeia de clubes. Já a equipa da casa encarava este jogo como o primeiro passo na caminhada até à “vingança” da final perdida na época passada para o Olympique Lyonnais, e logo em semana de festa após a conquista da segunda Bola de Ouro consecutiva por parte de Alexia Putellas. A estrela maior da equipa catalã e da edição anterior da “Champions” encontrava-se ainda em recuperação após lesão grave no joelho e ficava por isso de fora deste encontro.

    Início do jogo e logo aos 48 segundos surge o golo de abertura para a equipa da casa. Arremesso lateral rápido da descendente lusa Lucy Bronze, Asisat Oshoala a trabalhar a defesa e a cruzar certeiro para o desvio de “Patri” Guijarro. Desacerto total da formação do Benfica, que depois do golo atravessava um período totalmente sem bola e ao fim de cinco minutos via mais uma oportunidade de grande perigo não convertida com sucesso pelo Barcelona.

    História muito semelhante até aos 14 minutos, com Aitana Bonmatí a criar jogo para um Barcelona muito organizado e o Benfica sem conseguir travar as transições ofensivas “blaugrana”. É nesta altura que o segundo golo acontece, com Oshoala novamente a assistir para o golo, desta feita de cabeça e para a pérola da “La Masia” Bonmatí, que finalizava com categoria.

    A primeira movimentação em zonas avançadas do Benfica surge apenas à meia hora de jogo, num cruzamento ainda assim sem grande perigo por parte de Valéria. No entanto, o caudal de jogo era todo do Barcelona, que chegava ao 3-0 através de um remate fulminante de fora da área por parte de Oshoala, até aqui a grande figura do jogo.

    Apesar de um período final mais positivo por parte do Benfica, o Barcelona fechava a primeira parte com o controlo total do jogo e as estatísticas ao intervalo pintavam um quadro bem negro para as visitantes: 34%-66% em posse de bola, 1-12 em oportunidades de golo, 0-5 em cantos e apenas um terço dos passes completados comparativamente ao Barcelona.

    Início da segunda parte. Pouco menos de cinco minutos volvidos e o 4-0 chegava através de Mariona Caldentey, após transição rápida e bom trabalho individual na ala esquerda. A incapacidade do Benfica em segurar a bola era preocupante e causada não só pela contínua pressão do Barcelona fora de posse, mas também por múltiplos erros não-forçados na construção à saída da zona defensiva.

    Substituições para o Benfica pouco depois, com Jéssica Silva e a talentosa “Kika” Nazareth a trazer mais potencial ofensivo e desde logo a equipa portuguesa ganhava confiança e subia a intensidade. Ligeiramente mais posse e uma boa oportunidade aos 55 minutos, não concretizada da melhor forma por Cloé Lacasse após saída rápida de Jéssica Silva pela zona central do relvado.

    “Normalidade” restaurada aos 64 minutos com novo golo do Barcelona, desta vez com Ana-Maria Crnogorčević a corresponder de cabeça a cruzamento “açucarado” de Caldentey. Apenas dois minutos depois, recuperação de bola no meio-campo ofensivo por parte da equipa da casa e Geyse, antiga figura de proa do Benfica e acabada de entrar, a dar mais uma “machadada” dolorosa nas visitantes.

    Nada saía bem à equipa portuguesa e nem Andreia Norton, habitualmente muito consistente na “casa das máquinas” do Benfica, conseguia estancar o fluxo de ataques do Barcelona, acabando mesmo por sair sem glória aos 70 minutos.

    Entretanto, Geyse parecia determinada a provar um ponto ao antigo empregador: drible de qualidade sobre “Dani” Ferreira pela direita do ataque, cruzamento tenso e finalização de Clàudia Pina, também ela em campo há apenas uma dezena de minutos, para o 7-0.

    Nem assim o Barcelona desarmou. Aos 83 minutos mais um erro defensivo do Benfica, Caldentey na intercepção de um passe longo sem rumo e no cruzamento para Oshoala, que bisava na partida desta vez com tremenda facilidade. E se pensávamos que a história terminava aqui… A três minutos do fim do tempo regulamentar, canto batido por Pina do lado esquerdo do ataque e Geyse a saltar mais alto, correspondendo de cabeça para também ela fazer o seu segundo golo e o nono do Barcelona.

    Apito final numa partida de sentido único e a campanha do Barcelona a começar da melhor forma, sendo que ainda nem regressou Alexia Putellas… No reverso da medalha, o Benfica de Filipa Patão tem muito trabalho pela frente, num grupo que já se adivinhava difícil. O embate da próxima jornada contra o FC Bayern München, em casa, torna-se assim um jogo em que pontuar é absolutamente vital não só para as contas da passagem, mas principalmente para dar resposta psicológica à noite terrível que o Benfica viveu esta quarta-feira em Barcelona.

    A FIGURA

    Asisat Oshoala (FC Barcelona) – uma seta permanentemente apontada à baliza de Rute Costa. Muito dinâmica no ataque em combinação com Crnogorčević e Caldentey durante todos os 90 minutos de jogo, apontou o melhor tento da muito avultada conta do Barcelona e acabou com um total de dois golos e duas assistências. Pouco mais se poderia pedir à nigeriana de 28 anos, a não ser o “hat-trick” que por várias ocasiões esteve perto de conseguir. Menções honrosas também para Bonmatí, a “mexer os cordelinhos” no meio-campo ofensivo, e para o treinador Jonatan Giráldez pela estratégia dominante que montou, e que soube manter em todos os momentos do jogo.

    O FORA DE JOGO

    Filipa Patão (SL Benfica) – muitas, muitas candidatas a este “prémio” depois de uma noite verdadeiramente desastrosa na Catalunha. No entanto, a treinadora do Benfica “vence” por não ter conseguido solucionar o desafio muito difícil que o colega de profissão Jonatan Giráldez lhe colocou pela frente. Apenas as entradas de Jéssica Silva e “Kika” Nazareth aos 53 minutos agitaram momentaneamente as águas na segunda parte, mas o saldo final dos segundos 45 minutos traduziu-se no dobro dos golos sofridos em comparação com os primeiros 45. Foi um Benfica sem bola, sem direcção e sem argumentos perante um Barcelona que penalizou, por nove vezes com sucesso, os muitos erros cometidos em toda a extensão do campo. Melhores noites virão por certo.

    ANÁLISE TÁCTICA – FC BARCELONA

    A equipa da casa apresentou um 4-3-2-1 a defender e um 4-2-4 de linhas muito subidas a atacar.

    Jonatan Giráldez insistiu numa estratégia de pressão muito intensa sobre o portador da bola a defender, que teve tremendo resultado ao forçar inúmeras perdas de bola por parte do Benfica.

    Em movimento de ataque, o Barcelona usou um futebol rendilhado a partir do meio-campo, fazendo uso de toda a qualidade técnica à sua disposição e envolvendo os laterais, em particular (e à sua imagem) Lucy Bronze pela direita.

    Bonmatí, em particular, foi fulcral na construção ofensiva, subindo para apoiar as companheiras no ataque e funcionando como segundo avançado atrás de Oshoala.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Gemma Font (6)

    Bronze (8)

    Paredes (7)

    María León (6)

    Nuria Rábano (6)

    Engen (7)

    Bonmatí (9)

    Patri (C) (7)

    Crnogorčević (8)

    Caldentey (8)

    Oshoala (9)

    SUBS UTILIZADAS

    Geyse (‘64) (8)

    Codina (‘65) (–)

    Rolfö (‘65) (5)

    Pina (‘65) (7)

    Torrejón (‘71) (5)

    ANÁLISE TÁCTICA – SL BENFICA

    Num jogo de evidente desacerto táctico e técnico, as visitantes alinharam num 5-4-1 a defender (com Pauleta a descer para se posicionar entre as centrais) e num 4-3-3 a atacar, com Lacasse mais fixa na frente.

    A aposta ofensiva recaiu predominantemente sobre transições rápidas tanto pelas alas (usando as laterais muito subidas), como pelo centro através de Lacasse.

    Nycole e Ana Vitória tiveram muito pouca posse de bola, indicando a falta de organização ofensiva – os únicos cruzamentos com perigo surgiram através da lateral Valéria, pelo lado direito do ataque.

    A falta de coordenação entre as duas defesas centrais foi muito evidente (tendo ambas acabado amareladas), bem como a incapacidade de Pauleta, Andreia Norton e Andreia Faria em estancar o caudal ofensivo do Barcelona.

    11 INICIAL E PONTUAÇÕES

    Rute Costa (4)

    Valéria (5)

    Carolina Correia (3)

    Carole Costa (3)

    Dani (4)

    Pauleta (C) (4)

    Andreia Faria (3)

    Andreia Norton (4)

    Ana Vitória (3)

    Nycole Raysla (4)

    Cloé Lacasse (5)

    SUBS UTILIZADAS

    Jéssica Silva (‘53) (6)

    Kika Nazareth (‘53) (5)

    Christy Ucheibe (‘70) (5)

    Marta Cintra (‘87) (4)

    Foto de Capa: FC Barcelona Femení

    - Advertisement - Betclic Advertisement

    Sabe mais sobre o nosso projeto e segue-nos no Whatsapp!

    Bola na Rede é um órgão de comunicação social de Desporto, vencedor do prémio CNID de 2023 para melhor jornal online do ano. Nasceu há mais de uma década, na Escola Superior de Comunicação Social. Desde então, procura ser uma referência na área do jornalismo desportivo e de dar a melhor informação e opinião sobre desporto nacional e internacional. Queremos também fazer cobertura de jogos e eventos desportivos em Portugal continental, Açores e Madeira.

    Podes saber tudo sobre a atualidade desportiva com os nossos artigos de Atualidade e não te esqueças de subscrever as notificações! Além destes conteúdos, avançámos também com introdução da área multimídia BOLA NA REDE TV, no Youtube, e de podcasts. Além destes diretos, temos também muita informação através das nossas redes sociais e outros tipos de conteúdo:

    • Entrevistas BnR - Entrevistas às mais variadas personalidades do Desporto.
    • Futebol - Artigos de opinião sobre Futebol.
    • Modalidades - Artigos de opinião sobre Modalidades.
    • Tribuna VIP - Artigos de opinião especializados escritos por treinadores de futebol e comentadores de desporto.

    Se quiseres saber mais sobre o projeto, dar uma sugestão ou até enviar a tua candidatura, envia-nos um e-mail para [email protected]. Desta forma, a bola está do teu lado e nós contamos contigo!

    Subscreve!

    PUB

    Artigos Populares

    Real Madrid vence Espanyol e pressiona Barcelona

    O Real Madrid recebeu e venceu o Espanyol por quatro bolas a uma durante este sábado, em jogo da sexta jornada da La Liga.

    Inter Miami com Lionel Messi não vai além de um empate com o New York City

    O Inter Miami empatou com o New York City a uma bola, em jogo válido pela trigésima jornada da MLS. Lionel Messi foi titular.

    Al Hilal de Jorge Jesus vence Al Ittihad e lidera isolado a Liga Saudita

    O Al Hilal recebeu e venceu o Al Ittihad por três bolas a uma, em jogo relativo à quarta jornada da Liga Saudita.

    Galatasaray bate Fenerbahçe e provoca José Mourinho: «The Crying One»

    O Galatasaray venceu o Fenerbahçe durante este sábado. O conjunto de Istambul deixou uma provocação a José Mourinho.
    Carlos Eduardo Lopes
    Carlos Eduardo Lopeshttp://www.bolanarede.pt
    Concluída a licenciatura em Comunicação Social, o Carlos mudou-se para Londres em 2013, onde reside e trabalha desde então. Com um pai ex-piloto de ralis e um irmão no campeonato nacional de karts, o rumo profissional do Carlos foi também ele desaguar nas "águas rápidas" da Formula One Management, onde trabalhou cinco anos. Hoje é designer numa empresa de videojogos, mas ainda não consegue perder uma corrida (seja em quatro ou duas rodas).