Portugal quer derrubar a melhor defesa do Mundial em dia de clássico da Mancha

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Marrocos x Portugal e Inglaterra x França fecham os quartos de final do Mundial

Passaram 16 anos e uns meses desde a última partida dos quartos de final para Portugal num Campeonato do Mundo. Em Gelsenkirchen, após 120 minutos de enorme tensão, a equipa das Quinas derrotou a Inglaterra nos penáltis por 3-1, apurando-se para as meias- finais pela segunda vez na história. Curiosamente, ambas as equipas jogam este sábado o acesso aos quatro melhores da maior competição de seleções do planeta, mas em estádios diferentes.

Primeiro, Portugal defronta Marrocos no Al Thumama, mais tarde os ingleses têm um sempre apetecível dérbi do Canal da Mancha ante a França, no estádio Al Bayt. Para Portugal, o desafio que se apresenta pela frente neste regresso ao patamar das oito melhores seleções do mundo é mais exigente do pode aparentar: a seleção marroquina tem apenas um golo consentido em todo o torneio e apesar de ser a segunda equipa com menos posse da competição (apenas atrás da Costa Rica), tem argumentos mais do que suficientes para ferir qualquer oponente – sobretudo, em ataques rápidos e contra-ataques.

Walid Regragui chegou apenas em agosto ao banco da equipa marroquina, para substituir o reputado Vahid Halilhodžić, que tinha uma relação conturbada com alguns dos principais craques do plantel. Apesar da troca ousada, já muito em cima da participação mundialista, a entrada do técnico de 47 anos, nascido e criado nos arredores de Paris, foi um ato de apaziguamento que permitiu que jogadores importantes como Ziyech ou Mazraoui, figuras em clubes europeus de proa, retornassem ao conjunto nacional para disputar uma prova tão prestigiada. Regragui diz querer acima de tudo ganhar e a verdade é que tem cumprido o propósito no Catar.

A estrutura tática em 4-1-4-1 está talhada para causar dificuldades a adversários de maior nível – a Espanha que o diga. A aposta nos movimentos precisos e coordenados da estrutura defensiva é uma das pratas da casa marroquina. Sofyan Amrabat é a âncora tática, o trinco que rouba bolas, equilibra posicionalmente, faz marcações ao homem e ainda simplifica no passe. Não deixa que a equipa se parta, num modelo em que o acompanhamento dos alas e dos médios interiores aos movimentos dos laterais é também fulcral para que a máquina defensiva esteja em muitos momentos devidamente orientada. E é sobretudo no momento defensivo que devemos focar a análise, porque Marrocos privilegia atuar num bloco médio-baixo, cedendo a iniciativa e apostando até em referências individuais na marcação.

 

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En- Nesyri, o ponta de lança, trata de condicionar muitas vezes o primeiro médio construtor das seleções adversárias e os interiores vão saltando à vez com os alas pelos laterais contrários, consoante os movimentos diversificados que possam efetuar. A linha defensiva, que tem como líder Romain Saïss, procura sempre movimentos inteligentes de cobertura e não se distancia em demasia da baliza defendida por Bono – herói no desempate por penáltis, ante a Espanha. Em termos ofensivos, Marrocos é uma equipa mais direta e enérgica na busca pela baliza contrária. Sabe usar a vertigem do corredor direito, com o rápido e técnico Achraf Hakimi e os movimentos desconcertantes do canhoto Hakim Ziyech.

Na esquerda, tem destros na lateral (Mazraoui) e ala (Boufal). Este último pode não ter resistência para durar os 90 minutos, mas a forma como procura o um para um constantemente pode desgastar o lateral-direito português. Já a referência En-Nesyri acrescenta soluções no ataque ao espaço e na batalha pela primeira bola e pode ser uma arma para o tal jogo mais alongado – que, de resto, valeu três golos na fase de grupos. Também na bola parada, e partindo da qualidade de cruzamento de Ziyech, a equipa do Norte de África pode complicar a vida aos portugueses – com ataques ao primeiro poste e agressividade no jogo aéreo junto à pequena área. Portugal tem então de ativar uma pressão mais agressiva na saída de bola de Marrocos – podem querer um aproveitamento mais imediato dos ataques, sim, mas não deixam de ter argumentos para sair em apoio.

Por exemplo, os momentos em que a seleção espanhola mais fez tremer a estrutura marroquina passaram pelas fases em que subiu mais o bloco, obrigando a bater bolas para as faixas sob pressão. Além do mais, ante um adversário que vai utilizando algumas referências individuais, será importante voltar a ter o “carrossel” de Portugal que acabou por ser chave para desbloquear o jogo face à Suíça. A rotação da “placa giratória” pisada por elementos como Bruno Fernandes, Otávio, Bernardo Silva ou João Félix pode trazer a marcação defensiva africana para uma zona de desconforto.

E claro, não dar margem para que os comandados de Walid Regragui possam desferir golpes potencialmente letais em contra-ataque – aqui importa recordar o jogo com o Gana, em que a equipa portuguesa ficou exposta aos avanços em aceleração e com utilização sagaz dos corredores laterais, já na segunda parte. Portugal tem o favoritismo, mas nunca pode menosprezar a organização competente e as individualidades com rapidez e fantasia de um dos coletivos mais surpreendentes das últimas edições dos Campeonatos do Mundo.

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Licenciado em jornalismo, o Francisco esteve no Maisfutebol entre 2014 e 2017, ano em que passou para a A BOLA TV. Atualmente, é um dos comentadores da Eleven.

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