Força da Tática | SL Benfica x Sporting CP: Dérbi empatado mas jogo revelador

Os doze pontos que separavam e vão continuar a separar o SL Benfica e o Sporting CP poderiam ser reveladoras das diferenças entre as duas equipas, mas “derby é derby”, e mais do que isso, numa fase pós-Mundial, as diferenças não se fizeram manifestar.

O Sporting apresentou-se no Estádio da Luz, de orgulho ferido, cheio de vontade de querer mostrar o seu valor, e com uma estratégia bem clara, que se verificou enquanto o Benfica esteve adormecido, e enquanto as “pernas” dos jogadores do Sporting aguentaram.

Se o Benfica à partida, fazia da pressão junto a área adversaria, uma das suas principais armas, o Sporting fazia da sua capacidade de sair a jogar a partir da sua grande área, atraindo o adversário, para depois atacar em ataques rápidos ou contra-ataques, a sua principal arma.

Fonte: BTV

O fato de jogar com um adversário em três centrais com dois médios alas como Nuno Santos e Porro, já por si só, criavam dificuldades ao Benfica, isto porque Bah e Grimaldo são duas bengalas muito importantes na equipa encarnada. Estes mesmos jogadores não conseguiam fazer o jogo posicional que tanto o Benfica utiliza, tal não era a marcação dos jogadores leoninos, e sendo jogadores ofensivos, colocavam sempre em sentido, os corredores laterais dos encarnados. Pote, numa posição intermédia no campo, tinha a função de bloquear Florentino, na saída de bola, o que retirava uma opção importante na ligação, obrigando Enzo a fazer essa ponte, o que não é normal no jogo benfiquista.

Os jogadores do Benfica, recebiam a bola constantemente de costas para a baliza de Adán, algo que só aconteceu tal não era o jogo de marcações dos jogadores do Sporting, assentando o jogo em contenções e coberturas defensivas bem próximas dos jogadores ofensivos do Benfica, não permitindo que os mesmos olhassem o jogo de frente.

O Sporting ia conseguindo atacar em velocidade, como era de esperar, variando bem o centro de jogo, aproveitando o fechar o espaço central, ora de Grimaldo e Aursnes, ora Bah e João Mário. Por seu turno, sendo curioso, a mesma ferramenta estratégica, é utilizada por Roger Schmidt, mas sobretudo em ataque organizado.

Fonte: BTV

Após os primeiros remates, dignos desse nome, por parte de Rafa e João Mário, o Sporting chega ao 1.º golo, com base em comportamentos muito consistentes nas equipas de Ruben Amorim: coberturas ofensivas dinâmicas, isto é, jogador sem bola, procurando, sempre novos espaços (os certos) e sempre em movimento.

Fonte: BTV

Muito bem o Sporting nas perdas de bola, pressionando o portador e o colega mais próximo e fazendo recuar em velocidade a linha defensiva. O Benfica não conseguia fazer desse momento, um momento de perigo, como tão bem o sabe fazer. O Benfica empata, e apesar de estar com ascendente, o Sporting foi mais regular e consistente, embora não tivesse conseguido criar muitos lances de finalização.

Na 2.ª parte, o Benfica opta por “chamar” o adversário à sua área, pautando mais o jogo, a partir e na sua zona defensiva. Parecia estar por cima, à espera do momento certo para “matar” o jogo, mas o 2.º golo do Sporting acabou por agudizar a pressão de o Benfica, em sua casa, empatar e depois tentar ganhar o jogo.

Fonte: BTV

Pote e Ugarte foram colossais a tapar os espaços e foram fulcrais no jogo defensivo. Conseguiram, a espaços, ligar bem o jogo nos momentos de transição. Schmidt durou 64 minutos a colocar Neres, num jogo onde a toada se mantinha calma e serena, algo que agradaria mais ao Sporting. Ruben Amorim, no 2-1, decidiu-se por manter as peças do xadrez, refrescando aqui e ali. Optou por não solidificar o meio-campo, e não retirar uma peça da frente de ataque.

Não obstante, o Sporting demonstra a bipolaridade que tem vindo caracterizar o seu campeonato 22/23. Potencial para interpretar uma estratégia, jovens a serem lançados com qualidade e nos momentos certos, e uma zona de campo, claramente faminta de quantidade e qualidade para estar e ser consistente: o meio-campo. Pote mais do que criar, decide.

O Benfica, por seu turno, expõe a nu, as previsões que muitos apontavam antes do Mundial: dificuldades em voltar as dinâmicas do modelo de jogo. Porque isto acontece? Alguns motivos poderão ter a ver com a capacidade de análise e interpretação dos adversários, esforço acima da média de alguns jogadores, consequência de substituições repetidas e em menor número, que Schmidt realizou até dezembro, lesões diversas. Novas dinâmicas são necessárias. Será a equipa encarnada capaz de perceber que se tem de reinventar e será capaz, em concreto, de o fazer, tendo em vista as fases decisivas da Primeira Liga?

Artigo da autoria de Paulo Robles

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