Académico Viseu FC 2-1 CD Feirense: Cabecinha pensadora

    A CRÓNICA: DESCONTOS DERAM VITÓRIA VISEENSE

    Académico de Viseu FC e CD Feirense, duas equipas sem quaisquer objetivos palpáveis na Segunda Liga, enfrentaram-se no último jogo disputado no Estádio do Fontelo esta temporada.

    Ambas as formações entraram com seis alterações no onze face à ronda anterior e a verdade é que foi a equipa da casa a mostrar-se mais adaptável às mudanças. O Académico esteve mais próximo da baliza adversário e, ainda aos 3´, o cabeceamento de Ícaro obrigou Arthur a esticar-se para a primeira intervenção da tarde, na sequência de um livre de Welch.

    O golo surgiria pouco depois, aos 7´. Num canto pela esquerda, Vítor Bruno cobrou e André Clóvis, numa bela impulsão, fez o 1-0 de cabeça. O ponta de lança tornou-se assim o melhor marcador da Segunda Liga, numa só época durante o século XXI, ao alcançar os 26 golos na competição.

    O Feirense que esteve adormecido nos primeiros dez minutos foi acordando e à medida que os minutos avançava estava mais próxima da baliza adversária. Pelos flancos, a formação treinada por Rui Ferreira conseguia criar desequilíbrios e ia alvejando a baliza à guarda, neste jogo, por Janota, mas mais de fora da área.

    A igualdade acabou por não ser surpresa, portanto. Brás, um dos mais ativos no movimento ofensivo do lado dos visitantes, cruzou rasteiro da direita para Oche remate forte e colocado para o fundo das redes, junto ao poste direito da baliza viseense.

    Até ao intervalo, o ritmo que não era rápido tornou-se mais lento, com os forasteiros a terem algum ascendente.

    Na segunda parte, o Feirense voltou mais mandão e a tentar acabar com a sua série de quatro jogos sem vencer. O problema era chegar até à grande área adversária e os remates acabavam por ser de meia distância e sem provocar problemas a Janota ou à barreira defensiva.

    As substituições iam refrescando os onzes, porém as balizas pareciam cada vez mais distantes. O Académico parece ter beneficiado mais com as substituições e chegou mesmo à vitória nos descontos.

    Aos 90+3, canto curto cobrado pela direita, Messeguem combinou com Bandeira que cruzou em arco para a cabeça bem alta de André Clóvis que carimbou a primeira vitória da equipa, sob o comando técnico de Pedro Bessa.

    Destaque ainda para o falhanço de Quizera que, em transição rápida, não conseguiu finalizar isolado no coração da área, atirando para as bancadas.

    Derrota algo injusta para os fogaceiros, mas que acaba por acontecer pela incapacidade de criar desequilíbrios ofensivos que permitissem aos visitantes chegarem com perigo à baliza viseense.

    A FIGURA

    André Clóvis Académico Viseu FC Porto
    Fonte: Paulo Ladeira/Bola na Rede

    André Clóvis – O melhor marcador da Segunda Liga continua ativo, apesar de os objetivos coletivos do Académico estarem finalizados. Clóvis mostrou mais uma vez a sua veia goleadora, aparecendo decisivamente, quando era preciso. O avançado leva 27 golos até ao momento. Será que, na última jornada, o ponta de lança ultrapassa Marcão que em 1999/2000, chegou aos 28 tentos pelo Varzim e se torna o melhor marcador de sempre da competição, numa só época?

    O FORA DE JOGO

    WashingtonO médio defensivo e um dos mais experientes da equipa acabou por não estar bem no lance que decide o jogo ao se deixar antecipar por Clóvis. Tal como os centrais, posição para onde recuou várias vezes, acabou por sentir dificuldades, especialmente nas bolas paradas viseenses.

    BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    Académico de Viseu FC

    BnR: O Académico apresentou-se com seis alterações no onze, face ao último jogo. Qual foi o objetivo desta rotação?

    Pedro Bessa: O objetivo foi dar minutos porque os jogadores que jogaram menos, durante toda a temporada, também merecem. E para nós, eu, enquanto diretor-desportivo, e SAD, enquanto mentores do projeto, também temos de ver o que estes jogadores que jogaram menos, em competição, nos podem dar para poder tomar decisões para o futuro.

    A vitória era o que menos me preocupava. Obviamente, toda a gente quer ganhar. Isso é inquestionável. Mas o mais importante, para mim, foi ver a atitude da equipa e ver jogadores que, durante a temporada, não tiveram muitas chances de se poderem mostrar.

    Hoje fiquei mais feliz pela vitória, por esses mesmos jogadores, porque estiveram sempre aqui, foram sempre profissionais como os outros. Mas só podem jogar onze. O plantel era muito extenso, tínhamos 29 jogadores e também merecem jogar e é necessário, para nós, vê-los em competição.

    Para a semana, certamente, já vos adianto que vou trocar mais quatro ou cinco jogadores porque temos de dar minutos e porque os jogadores merecem e trabalham para isso.

     BnR: Depois do 1-0, o Académico apagou-se de, certa forma, com o Feirense a mostrar algum ascendente. Houve mudança de estratégia para tentar segurar a vantagem?

    Pedro Bessa: Não, houve mudança nenhuma. A única mudança foi o Feirense que tem uma bela equipa, muito competitiva, que nos obrigou a errar e a defender. De resto, não houve mudança estratégica.

    Indo ao encontro do que disse há pouco, houve alterações para dar minutos a outros jogadores.

    O Javi Currás estava a fazer um bom jogo, mas não tem capacidade física para 90 minutos. Optámos por tirá-lo. O Ezequiel[Ricardo Ramirez] que trabalhou imenso, em termos defensivos, com o lateral esquerdo do Feirense que é um jogador que dá muita profundidade ao jogo e obriga os extremos a defender.

    A estratégia passava mesmo por dar minutos, independentemente do que pudesse acontecer no jogo. Se tivesse perdido o jogo, estava a dizer exatamente aquilo que disse com uma vitória.

    BnR: Já disse várias vezes que não só vê como treinador, mas sim como diretor-desportivo. O que está a ser mais interessa nesta experiência transitória, enquanto treinador principal?

    Pedro Bessa: Alguém tinha de a fazer e ninguém me mandou ter o curso de treinador [risos] e sou funcionário da SAD.

    Desde a primeira hora, a partir do momento em que se tomou a decisão de tirar o treinador, não tendo, por exemplo, uma equipa B ou até recorrer ao treinador do sub19 que estava a competir e numa luta boa pela subida de divisão que acabou por acontecer, a solução passou de uma forma interna, portanto.

    Eu agarrei-a, sem problemas nenhuns, mas não é fácil. Tenho o curso de treinador, mas não sou treinador. Já treinei a formação há muitos anos. Não tenho intenções de ser treinador, para quem pensar o contrário.

    Não tinha intenções de agarrar a equipa, numa altura crucial, nem pretensões de vir a ser. Portanto, vou continuar, a partir do dia 28 [última jornada da Segunda Liga] à partida, vou estar a 100% como diretor-desportivo, coisa que não acontece de há um mês e meio para cá. De manhã, sou treinador e, depois do almoço, o chip tem de mudar e passar para diretor-desportivo porque o trabalho não para.

    Temos muita coisa para fazer, neste projeto, e, como disse atrás, a minha missão é tentar fazer uma equipa melhor e mais competitiva para o ano que consiga fazer melhor do que o que ainda fizemos este ano.

    BnR: E em termos pessoais, o que é que aprendeu com esta experiência?

    Pedro Bessa: O que é que aprendi? Não aprendi. Ganhei dores de cabeça [risos]. Como ex-jogador e já fui treinador, nós aprendemos todos os dias. Mas aquilo que ganhei mais foram dores de cabeça.

    CD Feirense

    BnR: Na segunda parte, o mister disse que o Feirense esteve melhor. O que faltou em termos ofensivos à equipa. Foi não conseguirem chegar à grande área adversária?

    Rui Ferreira: Sim, também foi outro dos problemas que nós fomos tendo ao longo da época. Se forem ver as estatísticas dos nossos jogos, nós produzimos muito, temos muito jogo ofensivo. Mas depois falta a definição e, quando o jogador está próximo, porventura, falta a finalização.

    Falta essencialmente a definição, mas como nós não temos, vamos e esticamos até onde podemos. Não podemos estar a pedir muito mais do que isto.

    BnR: O Feirense vinha de quatro jogos sem vencer. Estas seis alterações no onze, em relação ao último jogo [SL Benfica B, derrota por 1-2] estiveram relacionadas com esta série negativa de resultados?

    Rui Ferreira: Não, nós damos sempre aquilo que achamos que é o melhor. Houve uma situação que quisemos, não diria presentear, que foi colocar o Brás, o lateral direito, que esteve muito bem no jogo e teve de sair porque já tinha o cartão amarelo. De resto, nós jogamos com aqueles que nos dão mais garantias dentro do plantel que temos para tentar vencer o jogo. Isso, para mim, é claro.

    Agora se podíamos estar melhores? Podíamos. É público que ficámos sem três jogadores que eram titulares e importantes na equipa. Mas, dentro daquilo que nós temos, apresentamos no máximo das nossas capacidades.

    O jogo não era importante para o desfecho da classificação, tanto para nós, como para o Viseu. Mas todos nós queremos sempre uma classificação melhor do que a que temos. Queremos sempre ganhar. Trabalhamos sempre nesse sentido.

    Portanto, não conseguimos. Dar os parabéns ao Viseu. O Viseu, sim, vinha de uma sequência significativa sem vencer [cinco jogos] e venceu. Há que dar os parabéns ao Viseu.

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    Pedro Filipe Silva
    Pedro Filipe Silvahttp://www.bolanarede.pt
    Curioso em múltiplas áreas, o desporto não podia escapar do seu campo de interesses. O seu desporto favorito é o futebol, mas desde miúdo, passava as tardes de domingo a ver jogos de basquetebol, andebol, futsal e hóquei nacionais.