Brasil 2-4 Senegal: Muita ordem, pouco progresso

A CRÓNICA: VINÍCIUS BAILOU PEL BRASIL, MAS MANÉ ROUBOU-LHE O SHOW

Os brasileiros que preenchem 2% das cadeiras do Estádio de Alvalade fazem mais barulho do que uma lotação de 65.000 adeptos portugueses num qualquer jogo da nossa praça. E, diga-se, assim é essa alegria que faz o momento em que a bola começa a rolar valer a pena. Na animação, os senegaleses também não ficam atrás. Bandeiras das costas à testa e danças com movimentos que parecem controlados por marionetes.

Qualquer um dos serviços em torno do local onde se ia disputar o Brasil X Senegal, além de refletir o ambiente ainda mais amigável do que o caráter do encontro, parecia o Rio de Janeiro em hora de ponta. Nas bancadas, a festa continuava. Até para As pombinhas da Catrina este povo era capaz de arranjar uma dança.

O Brasil não tinha Neymar nem selecionador (Ramon Menezes orientou a equipa de forma interina), mas tinha Vini, tinha Paquetá, tinha Ederson, tinha Richarlison, tinha Ederson. O Senegal tinha Sadio Mané e a qualificação para a CAN assegurada. De resto, os Leões de Teranga vinham de um empate a um com o Benim que, não o sendo, já pareceu um jogo particular. Ao mesmo tempo, o Brasil, depois de ter jogado em Barcelona com a Guiné Conacri e vencido por 4-1, tinha pela frente mais um compromisso em solo europeu. Agradece a diáspora brasileira em Portugal.

Pelo raro que é acontecer, é difícil explicar a sensação de pré-golo que se sentiu quando Vinícius Jr. recebeu a bola colado à esquerda. Foi como que um grito que, em vez de celebrar o golo de Paquetá, de cabeça, a cruzamento do extremo do Real Madrid, ajudou o médio a saltar para a bola. De resto, Vinícius é um caso raro. Foi-lhe dada uma quantidade de talento à medida do ódio que lhe têm. Por isso é que os deuses do futebol são os únicos que são justos.

O Brasil colocava o lateral-direito, Danilo, ex-FC Porto, no corredor central para abrir portas a Malcom que esperava receber a bola junto à linha. No entanto, era pela esquerda que o escrete mais vezes tentava entrar. Paquetá descaía lá, mas era quando a bola entrava em Vinícius que tudo acontecia, as fintas, as assistências e os aplausos do público que o mimava sempre que tocava na bola para calar os insultos racistas que tantas vezes tem sido alvo.

Richarlison atirou ao lado, mesmo perto do poste. A seguir, o avançado do Tottenham já tinha a bola na marca de grande penalidade, mas o árbitro português, Gustavo Correia, anulou o castigo máximo que antes tinha assinalado e mandou um “obrigado” a Hugo Miguel que esteve no VAR. Era o presente perfeito para os adeptos do Brasil que não viram o primeiro golo da canarinha por ainda estarem fora do estádio e que depois desataram a entrar como uma torneira mal fechada.

O que viram acabou por ser o empate do Senegal que marcou por intermédio de Habibou Diallo, o homem mais adiantado da equipa. A descrição deste golo carece de mais detalhes por a visão da pessoa que vos escreve ter sido importunada por braços agitados em constante alegria. Mesmo assim, é possível confirmar que a onda brasileira parou, por momentos, de se agitar dada a perda da vantagem.

Quem não se perdia de vista era Sadio Mané. A correr constantemente para a frente, à espera de passes longos dos colegas da retaguarda, o avançado do Bayern Munique tinha guarda de honra de Marquinhos e de Éder Militão.

O Senegal começou a jogar o futebol que lhe permitiu chegar aos oitavos de final do Mundial 2022. Menos toques na bola fora sinónimo de uma maior velocidade de circulação. O golo que deu a vantagem resume-se em três gestos simples: a abertura de Sadio Mané para a direita, o cabeceamento de Ismaila Sarr e a tentativa de corte de Marquinhos para dentro da própria baliza.

O Brasil veio diferente para a segunda parte, Vinícius juntou-se a Richarlison na frente, Paquetá abriu em definitivo na esquerda e Joelinton baixou para o lado de Bruno Guimarães. Só que houve uma coisa que não se alterou: Sadio Mané continuava a ser perigoso. Dois minutos depois, o extremo que falhou o Mundial por lesão fez um remate em arco que Ederson teria que eleger como defesa da sua vida se conseguisse travar.

O jogo estava 3-1 e o que era uma partida para ver com os amigos e matar saudades, por via do futebol, de um país que se planta noutro continente, ficou séria. Assobios ao árbitro, ataque/contra-ataque, reações estridentes sempre que a bola se aproximava da baliza e quezílias (muitas e feias).

Richarlison foi assobiado quando saiu. Para o seu lugar entrou Pedro que a parte da torcida vestida com as cores do Flamengo há muito vinha pedindo. Num lance confuso, o Brasil reduziu para 3-2, invalidando o esforço de Niakhaté que quase bateu com a cabeça na barra na procura de evitar o golo.

Sadio Mané ainda acabaria por marcar de penálti o 4-2 final. Apesar de, no geral, o Brasil ter sido mais consistente, principalmente no volume de posse de bola que foi somando, o início de segunda parte do Senegal, que se manteve uma equipa solidária até final, foi fulgurante e merecedor de uma recompensa. Se esse prémio era a vitória? No final também não interessa muito.

A FIGURA

Sadio Mané – não foi só Vinícius que bailou. Com mais bola na segunda parte por o Senegal procurar mais situações de jogo apoiado, ele que costuma trazer velocidade trouxe critério. O golo que faz é de Marte e desbloqueia o lance que força Marquinhos a colocar a bola dentro da baliza.

O FORA DE JOGO

Richarlisonficou a dúvida se os assobios que ouviu quando deixou o terreno de jogo foram pelo seu desempenho ou pelo desejo de ver Pedro dentro do campo. De qualquer modo, não correu bem o jogo ao avançado. Por via de alguma descoordenação com o portador da bola, ficou sempre na dúvida se devia pedir no espaço ou no pé. Não teve muitas situações para finalizar devido ao facto da equipa canalizar o jogo para os corredores. 

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Francisco Grácio Martins
Francisco Grácio Martinshttp://www.bolanarede.pt
Em criança, recreava-se com a bola nos pés. Hoje, escreve sobre quem realmente faz magia com ela. Detém um incessante gosto por ouvir os protagonistas e uma grande curiosidade pelas histórias que contam. É licenciado em Jornalismo e Comunicação pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e frequenta o Mestrado em Jornalismo da Escola Superior de Comunicação Social.

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