Can they do it on a cold, rainy, ‘Winther’ night na Amoreira? | Estoril Praia x Vitória SC

«Can they do it on a cold, rainy night in Stoke?». A frase é de Andry Gray, comentador inglês quando questionado em 2011 sobre Lionel Messi e se o génio era merecedor da Bola de Ouro. Desde então, a frase é usada em todo o tipo de circunstâncias, mais ou menos literais, em jogos como este Estoril Praia x Vitória.

O inverno atacou com força a equipa do Estoril Praia, mergulhada numa sequência negativa de resultados que ameaça o mais elementar dos objetivos: a manutenção. Se há jogos onde a explicação por tal situação é complexa, este não é certamente um deles. O Estoril Praia foi inferior nas duas áreas, voltou a oferecer uma parte de avanço e quando reagiu era demasiado tarde.

As limitações defensivas do Estoril Praia são tendência da temporada desde o tempo de… Álvaro Pacheco. O técnico do Vitória SC regressou à primeira paragem da temporada e soube aproveitá-las da melhor maneira. Os vimaranenses jogaram a primeira parte toda a favor do vento e souberam utilizar o inverno rigoroso a seu favor, vestiram escudos e armaduras e souberam ser conquistadores, aproveitando e explorando ao máximo as fragilidades da equipa da casa.

Em bloco baixo o Estoril Praia apresenta dificuldades nos duelos ofensivos e é frequentemente ultrapassado pelos adversários. Entre a passividade e a desconcentração, os posicionamentos errados ou a demora da reação, o Estoril Praia nunca conseguiu apresentar um sistema defensivo sólido na temporada, e nem as contratações o fizeram mudar. Qualquer bola despejada na área dos canarinhos, mesmo sem muito critério, cria perigo e levanta calafrios. Com o Vitória SC não foi exceção.

O primeiro e o terceiro golo do Vitória SC foram construídos na ressaca de lances de bola parada. No primeiro, um livre lateral, a defensiva do Estoril Praia concentra-se na primeira bola e gera um buraco aproveitado por Tomás Ribeiro que, sem oposição, consegue tocar a bola para João Mendes que está de frente para a baliza e com a zona de tiro livre. Entrou no lance um último fator que o Estoril Praia pode lamentar: a sorte, no caso a falta dela. Bernardo Vital acaba por estar no sítio errado à hora errada.

No terceiro, após um livre central a defensiva do Estoril Praia sobe em bloco, mas a ritmos diferentes e deixa espaços que, também com alguma fortuna, são aproveitados pelos jogadores do Vitória SC. Toni Borevkovic de trás para a frente ganha a segunda bola, João Mendes apanha-a no caminho e, com ou sem intenção, transforma uma pedra num diamante para Nélson Oliveira. Se em todos os toques até então não há grande erro defensivo, ver o avançado a receber praticamente livre deixa antever um erro. Ou a equipa subiu toda quando não o devia fazer ou alguém ficou para trás e colocou o ponta de lança em fora de jogo.

O segundo golo foi provocado pelo Vitória SC. Jota Silva – um autêntico animal de jogo – foi colocado propositadamente em cima de Frederik Winther. O central realizava a estreia como titular, acusou os nervos e entregou a bola de bandeja ao Grealish português que causou danos na baliza de Dani Figueira, tamanha a violência no remate. Não foi caso único e o dinamarquês terá pesadelos com Jota Silva à noite. Winther tremeu em pleno inverno.

Em três lances, o Vitória SC construiu uma vantagem confortável. Ainda a chegou a vacilar numa segunda parte em que o vento passou a ser inimigo, mas o desacerto do Estoril Praia na outra área e a brutal exibição de Charles resolveram o assunto. Os canarinhos procuraram colocar Cassiano a atacar o segundo poste e abrir Rafik Guitane para conseguir receber, puxar para dentro e cruzar. Muito se tentou, mas há dias de inverno assim. O Estoril Praia continua sem saber o que fazer para vencer numa «cold, rainy night na Amoreira».

BnR na CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

BnR: Tem sido habitual ver ao longo da temporada o Vitória SC variar entre um 3-4-3 e um 3-5-2. Qual o gatilho para reforçar o meio-campo ou colocar mais um jogador a forçar a última linha e neste jogo em específico o objetivo era colocar um avançado em cima de um defesa adversário para provocar erros, como acabou por acontecer?

Álvaro Pacheco: Sim, sabemos que o Estoril Praia é uma equipa que gosta de sair, de ligar o seu jogo apoiado e sabíamos que se fossemos perspicazes a cortar a linha de passe e saltar num dos centrais iria criar desconforto. Foi isso que fizemos e correu bem. Passar para uma linha de três médios é uma coisa que treinamos e sentimos que era importante porque na segunda parte estávamos a jogar contra o vento, o Estoril foi crescendo e colocando mais pontas de lança e no final começou a colocar mais um central para a bola bombeada e a segunda bola. Ao termos três médios, se um dos médios saltasse na pressão, tínhamos dois médios para a segunda bola e conseguíamos fechar o espaço no corredor central. Conseguimos aguentar o jogo porque não é fácil jogar contra o vento e jogar contra uma equipa como o Estoril Praia. Era importante termos solidez para ganhar as segundas bolas, daí essa dinâmica.

BnR: Na segunda parte o Rafik Guitane esteve um bocadinho mais solto e acabou por procurar muitas vezes situações de cruzamento para a área para encontrar o Alejandro Marqués, o Cassiano e no fim do jogo também o João Carlos. Existiu alguma instrução direta para o Rafik Guitane colocar mais bolas na área e a entrada do Cassiano esteve relacionada com a intenção de atacar o segundo poste nestes lances.

Vasco Seabra: A entrada do Cassiano tem a ver precisamente com isso. É um jogador que vem de lesão, teve uma paragem mais demorada do que o que esperávamos, e é um jogador com uma energia incrível que traz à equipa poder de fogo, mobilidade e ataque às costas. A entrada dele tem a ver com o crescimento físico que vai tendo para estar preparado. Relativamente ao Rafik Guitane, o que procurámos na segunda parte já tínhamos procurado na primeira, procurámos foi aumentar a distância dele para o Handel que estava a tentar apanhá-lo na primeira parte num duelo quase individual. Tentámos soltar mais o Rafik Guitane por fora, trocando-o em alguns momentos com o Rodrigo para podermos criar espaço para os dois e soltarmos os dois jogadores para termos maior entrada e penetração no último terço. Na primeira parte com as condicionantes que tínhamos, não estávamos a penetrar o último terço tantas vezes como desejávamos e penso que na segunda parte o conseguimos.

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Diogo Ribeiro
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O Diogo é licenciado em Ciências da Comunicação, está a terminar o mestrado em Jornalismo e tem o coração doutorado pelo futebol. Acredita que nem tudo gira à volta do futebol, mas que o mundo fica muito mais bonito quando a bola começa a girar.

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