Força da Tática | Um nó de vontade e sagacidade no FC Porto x Benfica

FC Porto Cabeçalho

O FC Porto recebeu e goleou, por 5-0, o Benfica numa partida a contar para a 24.ª jornada da Liga Portuguesa e permanece na terceira posição a seis pontos dos encarnados.

Iniciando pelas equipas escolhidas por Roger Schmidt e Sérgio Conceição, tanto o onze do Benfica e, principalmente, o do FC Porto não surpreenderam.

Os encarnados encararam este clássico no habitual 4-2-3-1. Casper Tengstedt entrou como se perspetivava, sendo que no dérbi de quinta, com o Sporting, ao entrar o “19” a equipa melhorou. Ter uma referência na frente de ataque faz toda a diferença na forma como Roger Schmidt joga e viu-se, por exemplo, no duelo em Braga. Ao entrar o avançado dinamarquês, Rafa baixou no terreno e o David Neres, saltou para o banco de suplentes.

Após uma exibição pouco conseguida de João Mário esperava que o internacional português saísse do onze inicial e desse lugar a Florentino, face ao ritmo que os dragões impõem nesse setor.

No lado dos azuis e brancos, o onze utilizado é o que está mais rotinado e tem vindo a ser utilizado nos últimos tempos e comprovou, totalmente, a confiança do treinador. O plano tático foi o 4-3-3 com o Pepê a ser um médio centro descaído pela direita, mas com liberdade para se aproximar de Evanilson, sendo em muitos smomentos um médio ofensivo.

Como era de expectar, a entrada dos dragões foi a todo o gás e fez da sua pressão alta o prato principal dos 15 minutos iniciais, tendo uma grande ocasião de golo com Galeno em evidência e várias aproximações à área encarnada. Rapidamente os dragões chegaram à vantagem aos 20 minutos com o golo a surgir de forma natural face à superioridade portista.

O FC Porto conseguia descongestionar. Pepe, João Mário, Nico e Alan Varela facilmente encontravam o Pepê sozinho entrelinhas que rodava e ganhava metros sem oposição encarnada.

A ideia de apostar, ao nível ofensivo, no lado direito era evidenciada, por parte do FC Porto, que jogada após jogada aproveitava as limitações de Morato no flanco, seja na velocidade ou a encurtar espaços, e a falta de apoio do Kokçu. Francisco Conceição foi um autêntico quebra-cabeças, tendo nessa zona a presença assídua de Pepê e claro, João Mário. E o segundo golo acaba por sair de um cruzamento do “10” dos dragões e, novamente, Galeno a fazer o gosto ao pé, pela segunda vez.

Uma exibição muito completa do FC Porto. Diogo Costa e Otávio sempre com critério na primeira fase de construção. Alan Varela juntava-se aos defesas centrais para sair a três e o Nico González aproximava-se para ser o primeiro vínculo de ligação entre o meio e o ataque. E Pepê e Evanilson em apoio frontal a receber entre os médios e os defesas.

Jogadores do FC Porto festejam no 5-0 ao Benfica.
Fonte: Diogo Cardoso/Bola na Rede

A primeira parte demonstrou que há um decréscimo do Benfica da temporada passada para esta no momento de pressão. É totalmente descoordenado. Individualmente, a equipa não tem características para pressionar alto e, consequentemente, o Porto, ao longo dos primeiros 45 minutos, entrou por onde quis e o resultado no caminho para o intervalo acabou por salientar e demonstrar a superioridade portista.

Na segunda parte o Benfica entra melhor a conseguir controlar o jogo, com bola, e a substituição de Florentino por Kokçu foi com esse objetivo, contudo, os dragões, enquanto as águias se organizavam, voltaram a dilatar a vantagem com o mais recente convocado pela seleção canarinha, Wendell. Mais um lance onde Di Maria se esqueceu de defender.

Com Morato fora da sua posição, Aursnes fora da sua posição, Kokçu e João Mário fora da sua posição, foi Otamendi a colocar, aos 60 minutos, a possível reação da sua equipa por água abaixo, acabando por disseminar a derrota e humilhação benfiquista que a partir desse momento foi um acumular de erros, onde tática não existiu, e o FC Porto não teve nenhuma pena. Pepê e Damaso fizeram os restantes golos, naquela que foi uma goleada histórica.

Destaque para a performance de Pepê. Adaptado a uma posição que, anteriormente, era desempenhada por Otávio, o brasileiro tem-se adaptado e feito toda a diferença na forma como os azuis e brancos chegam ao último terço. Há espaço para melhorar, principalmente no requisito do passe, mas é, sem dúvida, o grande desequilibrador no processo ofensivo e defensivamente também se destaca nas transições defensivas e nas recuperações de bola.

Uma exibição dos dragões que se junta à da Liga dos Campeões com o Arsenal. Souberam aproveitar todas as fragilidades do adversário, aproveitando os corredores, com Galeno e Francisco Conceição, e anulando o Di Maria que, ofensivamente, tem sido, ao longo da época, o abono de família da equipa encarnada.

Muito se falou, e fala, da falta de vontade do Benfica, em comparação com a garra do FC Porto, no entanto, este clássico só reforçou as debilidades encarnadas, em todos os sentidos, e a falta de preparação de Roger Schmidt para os jogos e, por outro lado, a sagacidade de Sérgio Conceição que em momentos como este, tem sempre cartas na manga.

Miguel Costa
Miguel Costa
Licenciado em Jornalismo e Comunicação, o Miguel é um apaixonado por desporto, algo que sempre esteve ligado à sua vida. Natural de Santiago do Cacém, o jornalismo desportivo é o seu grande objetivo. Tem sempre uma opinião na “ponta da língua”, nunca esquecendo a verdade desportiva. Escreve com acordo ortográfico.

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