A partir de caminhos distintos, tanto Sporting como Benfica chegaram à mesma fase da Liga Europa. Depois de passarem com sucesso os “16 avos” de final da competição, ditou o destino que os clubes da capital tivessem pela sua frente a Atalanta de Itália e o Rangers da Escócia.
Um sorteio que teoricamente apontava os rivais lisboetas como favoritos à passagem, mas que, depois de jogada a primeira mão da eliminatória, coloca em causa essa superioridade no papel.
Posto isto, em que situação se encontram Sporting e Benfica na Liga Europa? Analisemos.
O Sporting, que já conhecia a Atalanta da fase de grupos da competição, sabia que não iria ter tarefa fácil ao receber os italianos em Alvalade, face à derrota imposta pelos adversários na primeira visita a Lisboa esta temporada.
Como era de esperar, os visitantes não facilitaram em nada a tarefa do conjunto verde e branco, que, apesar de ter começado a ganhar, viu-se grego para travar a ofensiva da turma de Bérgamo. Um empate a uma bola foi, para a turma de Rúben Amorim, um bom resultado face à exibição dentro das quatro linhas, tendo o técnico leonino referido inclusive que se tivesse de existir um vencedor na partida, seria justamente a Atalanta.
Palavras que definem o primeiro jogo, servirão certamente de motivação para a tarefa complicada que se avizinha na próxima semana. Na fase de grupos da Liga Europa, o Sporting empatou na deslocação a Bérgamo, contudo, um empate não bastará para assegurar a passagem à próxima fase da competição. Em Alvalade vimos uma rotação intensa no onze quer do Sporting, quer da Atalanta, que a esta altura da temporada, enfrentam o cansaço acumulado de um calendário de jogos apertado e exigente.
Assistiremos também na segunda mão a alterações nos onzes base ou irão os treinadores apostar efetivamente todas as fichas no jogo decisivo da eliminatória?
Esse é um ponto que suscita bastante curiosidade tendo em conta o facto de os leões se encontrarem em primeiro na tabela classificativa do campeonato. Será interessante perceber de que forma o treinador e o conjunto encaram a Liga Europa, se como um objetivo claro a abordar ou, se apenas como uma segunda prioridade face à situação interna.
De qualquer das formas, o futuro dos leões na Liga Europa não se prevê fácil. Depois de um primeiro jogo não tão bem conseguido, a pressão aumenta e o fator casa favorece agora os adversários. A passagem é um cenário bastante realista para o Sporting, no entanto, não há qualquer margem de erro para os leões em Itália, pois, ao contrário do que aconteceu em Alvalade, qualquer desacerto pode ser fatal e a hipótese de redenção desaparece.
No que diz respeito aos encarnados, o panorama apresenta-se semelhante. Um empate em casa não era certamente o resultado desejado pela equipa, pelo treinador e sobretudo pelos adeptos, que, depois de duas derrotas amargas seguidas, esperavam uma reação na partida frente ao Rangers.
A verdade é que a fluidez de jogo das águias melhorou face aos últimos encontros, no entanto, a vitória teimou em escapar novamente e não há desculpas que salvem esse facto. Para Roger Schmidt, os encarnados fizeram um bom jogo na Liga Europa, contudo, o próprio capitão de equipa admitiu um cenário bastante diferente, significativamente mais negativo.
Essas realidades distantes, dentro do mesmo meio, podem dificultar a tarefa de redenção cada vez mais necessária pelos encarnados nesta altura. Ainda assim, a receção ao Estoril pode servir de alavanca para o conjunto da Luz que precisa de confiança para a segunda mão em Glasgow.
Da última vez que se deslocaram à Escócia, em 2020, na fase de grupos da mesma competição, os encarnados não conseguiram ir além de um empate a dois golos. Tendo em conta esse facto, e à semelhança do Sporting, é preciso ter em mente que um empate não basta para continuar a caminhada europeia na temporada atual.
Num terreno que não se caracteriza pela sua passividade, os encarnados terão de melhorar bastante o nível apresentado nos últimos jogos para poderem sair de Glasgow com um sorriso na cara. Para isso acontecer, é preciso refletir e tentar corrigir os erros que se têm vindo a cometer encontro atrás de encontro, e essa parece ser a tarefa mais difícil para o treinador das águias.
Posto isto, e como a cultura portuguesa nos vem habituando, o desfecho ambicionado acaba sempre por ficar para um último momento. Caso consigam ultrapassar estas adversidades primárias, Benfica e Sporting aumentam a hipótese da glória europeia na Liga Europa passar de um sonho apenas a uma realidade a encarar.
Caso contrário, as aspirações lusas na Europa ficam ainda mais reduzidas, e efetivamente nulas nesta competição.