Copa América’2015 – Chile 0-0 Argentina (4-1 nas g.p): Apaixonante!

internacional cabeçalho

O Chile inteiro parece ter entrado pelo Estádio Nacional Julio Maríntez Prádanos adentro. As bancadas coloriram-se do vermelho e branco das milhares de bandeiras chilenas ferverosamente agitadas por um público que viveu esta Copa América como o momento histórico que a competição, de facto, constituiu para um povo que, não fugindo à regra sul-americana, vive o futebol de uma forma que só entusiastas do desporto-rei conseguirão entender.

O hino argentino foi assobiado, o chileno cantado… perdão, gritado, a plenos pulmões, com uma entrega que se esperava contagiante, das bancadas para o campo.

O Chile, embalado pelo fervor das bancadas, começou melhor o encontro, pressionante sobre a área argentina, à medida daquilo que vinha fazendo contra os adversários que teve pela frente até à final, não se atemorizando pelo nome do adversário, anulando com determinação e, até, alguma agressividade as intenções contrárias (Vidal e, sobretudo, Aranguíz importantíssimos neste capítulo, auxiliando o “joker defensivo” chileno, Marcelo Díaz, que tanto fez de trinco como central quando os laterais subiam no terreno) de forma a lançar um ataque caracterizado pela  abundância – de homens e talento. O primeiro lance de perigo ilustrou isto mesmo, culminando com um remate de Vidal a causar dificuldades ao guarda-redes argentino, Sergio Romero.

A Argentina só conseguiu reagir por bola parada – livre batido por Messi, cabeceamento de Aguero e defesa apertada de Claudio Bravo. O ataque organizado alviceleste ia sendo, portanto, neutralizado, e as coisas ficaram ainda piores quando Angel Di María se lesionou (entrou Lavezzi). Tomando conhecimento da superioridade chilena, a Argentina reorganizou-se (Pastore, Lavezzi e Messi vieram mais atrás buscar jogo, Rojo e Zabaleta deixaram de subir tanto) e não permitiu tanta posse ao adversário, conseguindo, até, ganhar algum terreno com esta mudança estratégica, exibindo-se em bom plano nos últimos quinze minutos do primeiro tempo, culminados com um bom lance de envolvência ofensiva – Lavezzi lançou Pastore no flanco esquerdo, Messi e Aguero deslocaram a marcação, deixando espaço para o “inventor” da jogada rematar para uma boa intervenção do guara-redes chileno.

gonzalo-higuain-argentina-copa-america-final_1fe8d3kcj4d6y1vtjr6txyg5x7
Higuain falhou uma grande penalidade decisiva
Fonte: goal.com

A segunda parte trouxe mais do mesmo daquilo que se foi vendo na primeira meia hora de jogo, com o Chile a tomar o controlo do encontro, tendo como “capitães” da batalha do meio-campo Aranguíz e Marcelo Díaz, a oferecer mais posse de bola ao ataque chileno e “secando” completamente o ataque argentino. As situações de perigo criadas por La Roja, porém, eram escassas, apesar da vontade – Sanchez roubou a bola a Otamendi após uma má recepção do central do Valência nos primeiros segundos de jogo, mas isso apenas resultou num cruzamento para um cabeceamento inofensivo de Vidal à figura de Serigo Romero.

Até ao final do tempo regulamentar, a intensidade mantinha-se, mas a bola ia passando cada vez menos pelas extremidades do terreno de jogo, algo a que não estaria alheio o medo de não perder perante a proximidade do prolongamento. Ainda houve espaço, porém, para mais duas oportunidades de perigo – Sanchéz, num remate espectacular, de primeira, atirou ao lado da baliza de Sergio Romero, e Higuaín concluiu um contra-ataque argentino, lançado por Messi, com um remate à malha lateral da baliza chilena naquele que foi o último lance de perigo do tempo regulamentar.

O prolongamento não trouxe muito ao jogo, revelando fragilidades físicas esperadas de ambos os lados (embora o Chile estivesse mais fresco tanto pelo facto de não ter esgotado as substituições como pelas 24 horas a mais de descanso entre a meia-final e o jogo decisivo) e heróis da entrega, como Zabaleta, que emendou um erro de Mascherano, indo incomodar ao flanco direito (!!!) um remate perigoso de Alexis Sanchez, que não saiu conforme o atacante desejaria por força da intervenção do lateral do Manchester City, naquela que foi a única oportunidade de perigo do tempo extra.

2015-07-04t225727z_24293789_tb3eb741rrgdn_rtrmadp_3_soccer-copa-m26_1
O Chile venceu pela primeira vez a competição
Fonte: globoesporte.com

Nos penalties, Higuaín e Banega falharam e coube a Alexis Sanchez a decisão de dar o primeiro título da história do Chile. Não era o tudo o nada da La Roja, mas entre a marca dos onze metros e a baliza de Romero estava, então, a distância de se agarrar uma oportunidade única – o Chile atuava perante os seus adeptos e tinha à sua disposição a selecção mais talentosa de sempre. Alexis avançou para a bola e, fervilhando nas suas veias uma mistura de loucura e frieza, executou, devagar, um penalti que colocou em suspenso toda a nação chilena mas que terminou no fundo das redes e significou um dos momentos mais felizes desta nação.

Um penalti que fez parar a respiração de um país inteiro, momentos em que a história ainda não se tinha escrito e a alegria ainda não tinha tido autorização para se soltar. Segundos que duraram horas, todos eles angustiantes, mas que, no fim, valeu a pena suportar.

O futebol tem destas coisas… apaixonantes.

 

Figura do Jogo: Charles Aranguiz – Foi o principal responsável por travar um dos melhores ataques do mundo em selecções. Pareceu omnipresente, desdobrando-se em desarmes um pouco por todo o terreno, nunca se desorganizando. Foi o capitão da batalha do meio-campo ganha à alviceleste e que permitiu ao Chile alcançar a superioridade na posse de bola, fundamental para neutralizar o ataque argentino e manter a confiança chilena na conquista da Copa América. No prolongamento, manteve a entrega e revelou uma enorme disponibilidade física.

Fora-de-jogo: Javier Pastore – Pastore não teve, propriamente, a exibição mais pobre da carreira, mas esteve muito apagado durante a partida e, apesar de ter pela frente um batalhão de incansáveis (sobretudo Aránguiz), exigia-se mais intensidade e entrega ao avançado do PSG.

Sabe Mais!

Sabe mais sobre o nosso projeto e segue-nos no Whatsapp!

O Bola na Rede é um órgão de comunicação social de Desporto, vencedor do prémio CNID de 2023 para melhor jornal online do ano. Nasceu há mais de uma década, na Escola Superior de Comunicação Social. Desde então, procura ser uma referência na área do jornalismo desportivo e de dar a melhor informação e opinião sobre desporto nacional e internacional. Queremos também fazer cobertura de jogos e eventos desportivos em Portugal continental, Açores e Madeira.

Podes saber tudo sobre a atualidade desportiva com os nossos artigos de Atualidade e não te esqueças de subscrever as notificações! Além destes conteúdos, avançámos também com introdução da área multimídia BOLA NA REDE TV, no Youtube, e de podcasts. Além destes diretos, temos também muita informação através das nossas redes sociais e outros tipos de conteúdo:

  • Entrevistas BnR - Entrevistas às mais variadas personalidades do Desporto.
  • Futebol - Artigos de opinião sobre Futebol.
  • Modalidades - Artigos de opinião sobre Modalidades.
  • Tribuna VIP - Artigos de opinião especializados escritos por treinadores de futebol e comentadores de desporto.

Se quiseres saber mais sobre o projeto, dar uma sugestão ou até enviar a tua candidatura, envia-nos um e-mail para [email protected]. Desta forma, a bola está do teu lado e nós contamos contigo!

Pedro Machado
Pedro Machado
Enquanto a França se sagrava campeã do mundo de futebol em casa, o pequeno Pedro já devorava as letras dos jornais desportivos nacionais, começando a nascer dentro dele duas paixões, o futebol e a escrita, que ainda não cessaram de crescer.                                                                                                                                                 O Pedro não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

Subscreve!

Artigos Populares

Fechado: Arthur Cabral vai mesmo trocar Benfica pelo Botafogo por 15 milhões de euros

O Botafogo fechou a contratação de Arthur Cabral ao Benfica por 15 milhões de euros. Avançado brasileiro de saída da Luz.

Brighton perto de fechar alvo do Benfica por 47 milhões de euros

O Brighton está interessado em contratar Charalampos Kostoulas, jogador que já foi associado ao Benfica e pertence ao Olympiacos.

Presidente do Inter Milão confirma nome do novo treinador: «Tem o perfil certo»

O presidente do Inter Milão confirmou que Cristian Chivu vai ser o novo treinador do conjunto italiano, deixando o Parma.

Benfica goleia Braga e qualifica-se para a final da Primeira Liga de Futsal

O Benfica recebeu e venceu o Braga por seis bolas a uma e garantiu um lugar na final da Primeira Liga de Futsal.

PUB

Mais Artigos Populares

Imanol Alguacil com futuro em aberto e há uma equipa interessada

Imanol Alguacil deixou a Real Sociedad no final da última edição da La Liga. O técnico espanhol interessa ao Sevilha, também do campeonato espanhol.

Rafael Leão quer deixar AC Milan e internacional português tem preço definido

Rafael Leão quer abandonar o AC Milan no mercado de transferências de verão. Os italianos querem receber 70 milhões de euros pelo avançado.

Noruega aplica goleada à Itália para a qualificação para o Mundial 2026

A Noruega recebeu e venceu a Itália por três bolas a zero, num encontro válido pela terceira jornada da qualificação para o Mundial 2026.