Mundial Futebol Praia’15 – Da Polinésia também saem heróis

    cab futebol de praia

    O sexto dia de competição trouxe o final da fase de grupos do Campeonato do Mundo de Futebol de Praia. Contudo, mais do que o fim da primeira fase, esta terça-feira deu-nos jogos verdadeiramente emocionantes na Praia da Baía, em Espinho. O primeiro jogo do dia era esperado com alguma curiosidade, até porque era referente ao Grupo C, onde tudo ainda estava em aberto.

    México e Irão defrontavam-se com um único objetivo em mente: a vitória. Depois de duas derrotas em dois jogos, frente a Brasil e Espanha, os mexicanos tinham que vencer por larga margem e esperar por uma vitória do Brasil frente aos Espanhóis para acalentar esperanças em estar nos quartos de final da competição. O Irão, uma das surpresas do Mundial, entrava no areal da Baía com a confiança de que um triunfo lhe garantiria com quase toda a certeza o apuramento para a fase a eliminar do Campeonato do Mundo. Os primeiros minutos do encontro mostraram um jogo com pouca intensidade mas com o Irão a mostrar a sua superioridade relativamente aos mexicanos. Ainda assim, no primeiro período registo apenas para um golo, apontado por Akbari logo aos 2 minutos da partida. A partida não decorria com grande intensidade e muito por culpa da incapacidade que os comandados de Ramon Rayá mostraram durante os dois primeiros períodos do encontro. Apesar de ter sido finalista do Mundial em 2007, a verdade é que o México raramente conseguiu mostrar pergaminhos em Espinho. Por isso, não foi sequer preciso uma seleção do Irão muito forte para conseguir controlar o jogo a seu bel-prazer. O segundo tempo trouxe uma seleção iraniana mais rápida e intensa sobre a areia, sempre potenciada pela qualidade de Akbari, Mokhtari e Ahmadzadeh. Por falar em Mohammad Ahmadzadeh, foi dele o segundo golo do Irão, após um excelente pontapé de bicicleta. Apenas 20 segundos mais tarde, foi a vez de Dara fazer o 3-0 para o Irão, quase como fazendo o xeque-mate a uma partida que até aí tinha tido pouca história.

    A reação do México veio apenas depois, com a seleção de Raya a querer deixar uma imagem mais interessante no Campeonato do Mundo. Aproveitando um ritmo menos intenso dos asiáticos, os mexicanos começaram a aproximar-se com mais perigo da baliza iraniana. Por isso, não foi de estranhar que Gomez, aos 18 minutos, e Villa, aos 21, tenham ainda dado uma tímida esperança ao México de poder tirar alguma coisa da partida. A verdade é que o golo do empate acabou por não surgir e o Irão somou uma fundamental vitória que lhe permitiu carimbar o apuramento para os quartos de final do Campeonato do Mundo onde defrontará o Taiti.

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    O Irão conseguiu o apuramento para os quartos de final
    Fonte: Facebook Beach Soccer Fan Page

    O segundo encontro da partida trouxe aquele que foi até ao momento o melhor jogo do Campeonato do Mundo. Com duas vitórias em outros tantos jogos, Rússia e Taiti chegavam ao último encontro do Grupo D com o claro objetivo de atingir o primeiro lugar do grupo. Depois das boas indicações que os campeões mundiais e os semifinalistas do último mundial haviam dado, o que se esperava era um duelo verdadeiramente escaldante nas areias de Espinho.

    É caso para dizer que as esperanças não saíram minimamente defraudadas, tamanho foi o equilíbrio e emoção que rechearam os trinta e seis minutos de jogo.  A seleção do Taiti, nada atemorizada pelo favoritismo russo, entrou da melhor forma na partida, com Li Fung Kuee – a grande estrela da equipa – a inaugurar o marcador logo no primeiro minuto. O minuto 8 do primeiro período foi talvez o maior espelho daquilo que foi o encontro entre estas duas seleções. No espaço de 20 segundos, houve três golos (Bukhlitshiy e Shishin para a Rússia, Taiarui para o Taiti). Apenas um minuto depois, Kuee bisou na partida, levando a sua seleção em vantagem por 3-2 para o segundo período. A vantagem era normal, tamanha tinha sido a qualidade ofensiva demonstrada pelos asiáticos, em contraponto com as inesperadas debilidades defensivas demonstradas pelos bicampeões mundiais sobretudo nos dois primeiros períodos do encontro. No segundo tempo, o equilíbrio manteve-se, com ambas as seleções a apontaram dois golos. Li Fung Kuee, que ainda não havia marcado neste Mundial, consumou o hat-trick logo aos 13 minutos frente ao adversário que havia eliminado o Taiti nas meias finais do Mundial, em 2013. Os russos, a verem-se em desvantagem de dois golos, aumentaram a intensidade e a agressividade na areia. Leonov foi a cara da reação russa, que acabou por dar resultado com os golos de Paporotnyi (belo golo de livre direto) e Krash. Não contentes com o empate, o Taiti foi em busca da felicidade com Tainui a fazer o 4-5 apenas 10 segundos após o empate russo.

    Se o segundo período havia sido jogado a grande nível e com enorme intensidade, então o terceiro ainda teve um acréscimo desses condimentos. Não contente com o resultado – até porque uma derrota no jogo quase que simbolizava duelo com o Brasil nos quartos de final – a Rússia foi à procura do empate e o que não lhe faltou foram oportunidades para tal. Aliás, a seleção comandada por Mikhai Likhachev foi inacreditavelmente perdulária na cobrança de livres diretos e grandes penalidades. Ao invés, o Taiti jogou sempre com as suas armas e foi com elas que acabou por controlar a vantagem na partida. Aos 27 minutos, Kuee fez um histórico e inédito póquer no Campeonato do Mundo, sendo que apenas 7 minutos mais tarde foi a vez do guarda-redes Jo fazer um golo de bandeira que deu o 7-4 aos asiáticos.

    A surpresa nas bancadas era total ao ver a bicampeã mundial a ser de forma tão inesperada ser surpreendida por uma irreverente mas cativante seleção do Taiti. Até ao final do encontro, Romanov e Makarov, após excelente trabalho individual, ainda reduziram o resultado para 6-7, ainda assim incapaz de evitar uma das maiores surpresas da competição até ao momento. A verdade é que a vingança do resultado de 2013 foi feita e o Taiti foi mesmo líder no Grupo D.

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    O Taiti tem sido a surpresa do Mundial
    Fonte: fpf.pt

    O terceiro encontro desta sexta feira foi indiscutivelmente aquele que menos interesse teve. E isso deve-se sobretudo ao facto de quer Madagáscar quer Paraguai já não terem qualquer tipo de possibilidades em chegar aos quartos de final do Campeonato do Mundo. Ainda assim, com duas seleções à procura da primeira vitória em Mundiais – o Paraguai jogou em 2013 e não venceu, sendo que o Madagáscar estreou-se em Portugal – o primeiro período foi jogado com pouca velocidade e apenas resultou num golo, pelo suspeito do costume, o paraguaio Moran.

    Apesar de ambas as equipas terem revelado pouca qualidade durante a competição, a verdade é que o Paraguai mostrava ser ainda assim ligeiramente superior a Madagáscar. Ainda assim, foram os africanos a chegar ao empate aos 13 minutos, por intermédio de Bernardin. Sem nunca ter sido bem jogado, o encontro decorreu sobretudo equilibrado, com o Paraguai a acabar por chegar a nova vantagem ainda antes do final do segundo tempo, por intermédio de Lopez, num excelente golo de pontapé de bicicleta. A toada de luta intensa manteve-se no terceiro e último período, com o Paraguai a prevalecer a sua qualidade sobre a falta de experiência de Madagáscar. Rolón, aos 25 minutos, num lance caricato, fez o 3-1 para os paraguaios, sendo que Bernardin, na sequência de uma bola parada, fez aos 26 minutos o 3-2 para Madagáscar, fazendo relançar o jogo para os últimos minutos. Isso acabou por não acontecer porque na despedida da competição, Morán fez mais um golo (o oitavo na competição, sendo o melhor marcador até ao momento), fechando o resultado e dando ao Paraguai a primeira vitória de sempre em Campeonatos do Mundo.

    O último encontro do dia era porventura um dos mais esperados da fase de grupos do Campeonato do Mundo. Afinal de contas, era o duelo entre o tetracampeão mundial Brasil e o finalista vencido do último mundial, a Espanha. Ainda assim, a disposição das seleções era bem distinta, pois o Brasil estava praticamente apurado para os quartos de final, enquanto a Espanha necessitava de ganhar para chegar à fase a eliminar da competição.

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    O Brasil foi sempre superior na partida
    Fonte: Facebook Beach Soccer Fan Page

    O encontro acabou por não defraudar as expetativas apesar de ter sido o encontro com menos golos até ao momento. O guarda redes espanhol Dona foi o maior responsável para que isso tivesse acontecido. Apesar do brasileiro Mao também ter feito uma mão cheia de defesas brilhantes, a verdade é que o guardião espanhol foi o único a evitar uma goleada brasileira esta tarde. Aliás, o domínio da seleção canarinha foi uma constante ao longo da partida, com Bokinha, Bruno Xavier, Datinha e Rodrigo a serem os rostos do desperdício brasileiro. Apesar disso, o avançado Rodrigo foi mesmo a grande figura da partida, ao apontar os dois golos com que o Brasil venceu a Espanha por 2-1. O primeiro surgiu logo no primeiro minuto do jogo, com Raúl Merida, na sequência de um pontapé de canto, a empatar o marcador para a Espanha bem perto do final do primeiro período. Ainda assim, e mesmo que o segundo período não tenha visto qualquer golo, a verdade é que o resultado era tremendamente injusto para aquilo que se havia visto até então. O Brasil dominava e a Espanha defendia: a história do jogo era tão simples quanto isso. Por isso, sentia-se que o golo canarinho era uma questão de tempo. E assim foi: aos 31 minutos, Rodrigo, na sequência de um excelente trabalho individual, bisou na partida, dando a vitória à sua seleção. Do lado espanhol, fica a desilusão por uma eliminação precoce e sobretudo por um Mundial em que nunca conseguiu mostrar o seu verdadeiro valor. A Espanha é a primeira dos favoritos a saltar fora do Mundial.

     

    Figura do Dia: Uma surpresa chamada Taiti – É certo que o quarto lugar alcançado em 2013 fazia da seleção do Taiti uma das potenciais surpresas da competição. A verdade é que o resultado frente à Rússia esta tarde foi um verdadeiro atentado a todas as probabilidades que se pudessem fazer para esta partida. A vitória frente aos bicampeões mundiais leva o Taiti ao primeiro lugar do Grupo D, sendo que o Irão é o adversário dos quartos de final.

    Fora de Jogo: Pouca fúria espanhola – Finalista do Mundial em 2013, esperava-se muito mais da seleção liderada por Joaquin Alonso. Para tamanho fracasso na competição, em muito contribuiu o total apagamento da sua principal figura Llorenç durante o Mundial. É certo que estava no grupo mais difícil da competição, mas a Espanha tinha a obrigação de fazer mais.

     

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