Jorge Simão veio com um plano para o dérbi do Porto. O plano resultou. Até certo ponto. Mais ou menos até ao ponto da expulsão de Pedro Malheiro. Ficou a sensação de que 11 para 11 dava para o Boavista sair do Dragão com um ponto ou talvez até os três. Taticamente, os axadrezados estavam a cumprir. Tecnicamente, as coisas também não saíam mal, com o golo de Bruno Lourenço a ser um bom exemplo de tal.
O plano, no entanto, sendo bom, era desgastante. Mais desgastante se tornou com a inferioridade numérica. Menos coberturas, menos apoios, menos capacidade para fechar espaços. Com isso, surgiram mais oportunidades de 1×1 para os criativos do FC Porto e mais oportunidades para criarem com espaço e finalizarem com um pouco mais de folga. A entrada de Taremi ajudou neste último aspeto, mas acima de tudo ajudaram as mexidas nas laterais portistas.
Com a expulsão de Malheiro, a passagem de Luís dos Santos da esquerda para a direita foi a decisão mais natural, mas as dificuldades defensivas do extremo de origem foram obviamente exploradas pelo FC Porto, que retirou de campo os laterais – Martim e Wendell – e optou por colocar Pepê e Galeno nessas funções.
Com menos um e com maior dificuldade nas coberturas, o Boavista foi passando um mau bocado e depois um pior bocado e um pior que esse ainda. Os dois golos para lá dos 80´foram a materialização do embalo ofensivo dos azuis-e-brancos, que nem João Gonçalves, guardião das panteras, foi capaz de travar – apesar de ter lutado galhardamente para evitar os tentos portistas.
Ficou a metafísica do plano de Jorge Simão e a física das mexidas nas laterais de Sérgio Conceição. Ficou a teoria boavisteira e ficou a prática portista. E ficaram três pontos no Dragão, que muito jeito podem dar aos dragões na luta pelo terceiro lugar e que muita falta ainda podem fazer ao Boavista, que na última jornada vai entrar em campo ainda com a manutenção por garantir.
BnR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA
BnR: O facto de o próximo jogo (em casa, frente ao Vizela) ter características diferentes deste jogo no Dragão pode influenciar a forma como os jogadores vão voltar aos treinos depois da derrota?
Jorge Simão: Ainda é cedo para falar sobre o jogo frente ao Vizela. Tem características diferentes, mas ainda é cedo. Sexta-feira falamos.
Outras declarações:
“Em 14 faltas levámos nove amarelos”.
“É duro perder nestas circunstâncias”.
“Hoje enchi de novo o meu baú de entusiasmo”.
“Há jogadores no Boavista com muita qualidade. O Bruno Lourenço é um desses jogadores”.
“Mais do que escolher adversários em função do adversário, escolho em função das sensações que vou tendo durante a semana”.
“O Miguel Reisinho é um craque”.
Sérgio Conceição
“Fomos à procura de dar outras coisas ao jogo, fomos mexendo na equipa”.
“O Boavista veio organizado, a defender num bloco baixo e a explorar os ataques rápidos”.
“Na primeira parte, circulámos de forma lenta”.
“Quando conseguíamos atrair dois ou três jogadores nas coberturas ao lateral havia espaços que tinham de ser explorados”.
“A segunda parte é toda do FC Porto”.
“Podíamos ter feito 3 ou 4 golos”.
“Os Super Dragões fazem falta como todos os adeptos e sócios”.
“Preparamo-nos para várias situações”.