Paris 2024, Ténis #3: Novak Djokovic entra no Olimpo do desporto mundial

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    Os Jogos Olímpicos de Verão são sem dúvida o evento desportivo mais importante do mundo. Realizados de quatro em quatro anos (à exceção dos últimos que tiveram lugar em Tóquio há apenas três anos devido à pandemia), são a competição em que todos os atletas sonham estar para poder representar os seus países. É igualmente uma oportunidade única dos atletas poderem interagir com atletas de outros desportos, num verdadeiro torneio das nações unidas. Neste torneio olímpico de ténis masculino, haviam dois claros favoritos ao ouro olímpico: o campeoníssimo Novak Djokovic (que perseguia o único título que lhe faltava numa carreira gloriosa) e a nova coqueluche espanhola Carlos Alcaraz, um miúdo de apenas 21 anos mas que joga com uma maturidade digna de um veterano.

    Numa lista de outsiders, surgiam nomes como o italiano Lorenzo Musetti, o norueguês Casper Ruud (especialista em terra batida e finalista de Roland Garros por duas vezes), ou mesmo Alexander Zverev (o alemão que era o campeão olímpico em título) e recém-finalista do torneio.

    Nas primeiras rondas do torneio olímpico, tivemos também o regresso do filho pródigo aos courts de Roland Garros: Rafael Nadal. 

    O tenista espanhol já tinha sido um dos destaques da cerimónia de abertura ao ser um dos últimos desportistas a carregar a tocha olímpica e a receber uma estrondosa ovação de todos os presentes.

    Já limitado fisicamente e em fim de carreira, mesmo assim nunca se poderia subestimar a qualidade do tenista espanhol, vencedor de 14 títulos em Roland Garros, precisamente o local onde se disputou este torneio olímpico.

    Devido ao fato de ter competido em poucos torneios este ano e estar muito abaixo no ranking, o sorteio ditou que a segunda ronda iria opor Nadal ao seu arqui-rival Djokovic. Um jogo que parecia não ter muita história pois o sérvio controlava perfeitamente as operações e estava a ganhar confortavelmente por 6-1 e 4-0, até que Nadal renasceu das cinzas, mostrou o seu orgulho de campeão, conseguiu recuperar a desvantagem e igualar o resultado em 4-4 mas viu o seu serviço quebrado novamente e Djokovic conseguiu finalizar o jogo com os parciais de 6-1 e 6-4.

    Provavelmente, este 60º (!) encontro entre ambos terá sido o último entre dois dos melhores tenistas de sempre, uma vez que Rafael Nadal só continuará a jogar ténis se se sentir competitivo e se puder lutar por torneios importantes, o que se avizinha bastante difícil.

    Não podemos dizer que foi um torneio fértil em derrotas inesperadas. Os cabeças-de-série e principais favoritos foram ganhando os seus jogos e avançando de ronda de forma relativamente tranquila, sendo de destacar a derrota clara de Alexander Zverev nos quartos-de-final da prova por um duplo 7-5 aos pés de Lorenzo Musetti e a derrota de Casper Ruud diante dum renascido Félix Auger-Aliassime (que acabou por levar uma medalha olímpica de bronze em pares mistos).

    Terminados os jogos dos quartos-de-final, já estava definido o lote de tenistas que iam lutar por medalhas olímpicas: o italiano Lorenzo Musetti, o sérvio Novak Djokovic, o espanhol Carlos Alcaraz e o canadiano Félix Auger-Aliassime.

    A primeira meia-final colocou Alcaraz contra Auger-Aliassime e foi praticamente um treino em competição. Um jogo dominado do princípio ao fim pelo tenista espanhol com um duplo 6-1 em menos de 1h30 de jogo. O espanhol ia lutar assim pela medalha de ouro olímpica e ia em busca de completar um Verão perfeito depois de ter ganho Roland Garros e Wimbledon.

    A segunda meia-final foi jogada entre Djokovic e Musetti, que apesar da boa réplica dada no primeiro set (foi o primeiro a dispor de break points), cedeu o primeiro set quando servia para se manter no mesmo e cedeu a primeira partida por 6-4. No segundo set, Musetti esboçou novamente uma reação, quebrou o serviço do sérvio pela primeira vez, deixou-se quebrar novamente e conseguiu a proeza de quebrar o serviço de Djokovic duas vezes consecutivas. Mas não conseguiu manter o seu serviço no jogo seguinte e o tenista sérvio fez cinco jogos seguidos e ganhou o segundo set por um expressivo 6-2.

    Por mais surpreendente que seja (dada a brilhante carreira do campeoníssimo sérvio), esta seria a sua primeira final olímpica e ia em busca do único grande título que lhe faltava: o ouro olímpico.

    O jogo da disputa pela medalha de bronze foi bastante interessante e de domínio repartido entre Lorenzo Musetti e Félix Auger-Aliassime. Da brilhante esquerda do tenista italiano, saíam winners de todos os lados e o canadiano (não tão talentoso) fazia uso do seu potente serviço e da sua direita, conseguindo encaminhar o jogo para um terceiro set, no qual Musetti se revelou o tenista mais consistente e conseguiu fazer a crucial quebra de serviço.

    Um jogo decidido em três sets (parciais de 6-4, 1-6 e 6-3) e que deu a primeira medalha olímpica para o ténis italiano ao fim de 100 anos. Lorenzo Musetti é claramente um nome a seguir nos próximos anos e sai justamente de Paris com a medalha de bronze. 

    E chegávamos assim à final sonhada por todos os adeptos do ténis. De um lado, o campeoníssimo sérvio Novak Djokovic e do outro lado, o jovem prodígio espanhol Carlos Alcaraz e que vinha de ganhar Roland Garros e Wimbledon, sendo que nessa final tinha sido amplamente superior ao tenista sérvio, visivelmente limitado fisicamente.

    Mas desde cedo se percebeu que esta final olímpica teria contornos totalmente diferentes do último encontro entre ambos e que o equilíbrio seria a nota dominante. O marcador registava o parcial de 2-2 e tinham-se jogado 40 minutos (!).

    Um primeiro set de uma grande intensidade, jogado a alta voltagem por ambos tenistas e provavelmente, o melhor set de ténis que eu já vi. Ambos os jogadores a exibirem-se a grande nível, ritmo absolutamente frenético, amorties de um lado, amorties do outro, winners disparados de qualquer lado do court por ambos. Break points salvos de forma épica por Alcaraz, break points salvos de forma superior por Djokovic num interminável nono jogo. Um regalo para os olhos de todos os amantes do ténis.

    Esse set (com um set point brilhantemente salvo por Alcaraz pelo meio) acabou por ser decidido justamente num tie-break, no qual Djokovic se conseguiu superiorizar, jogando melhor os pontos importantes e onde Alcaraz talvez tenha pecado da sua inexperiência ou alguma desconcentração e um pouco frustrado por ter perdido tantas oportunidades de quebra de serviço. Vale relembrar que tem apenas 21 anos.

    Um set de uma exigência física tremenda e que demonstrou que o sérvio já estava totalmente restabelecido da sua lesão no joelho, a atender a sua excelente movimentação em court.

    Um set resolvido apenas nos detalhes e que caiu do lado do sérvio, que festejou efusivamente a conquista do mesmo. Um golpe duro nas aspirações de Alcaraz, que tinha jogado um ténis praticamente perfeito durante a primeira partida deste jogo épico.

    No segundo set, só houve um break point para Djokovic, superiormente salvo por Alcaraz. 

    O tenista espanhol não dispôs de nenhuma oportunidade de quebra de serviço e assim chegamos novamente a um tie-break onde a pressão estava toda do lado do jovem espanhol. Mais uma vez, Djokovic soube jogar esse desempate na perfeição, fazendo uso da sua profundidade de bola, não deixando Alcaraz fazer uso da sua direita ou de o surpreender com a versatilidade das suas pancadas.

    Uma excelente resposta a um serviço muito lento de Alcaraz com o resultado de 3-3 no tie-break e que foi maravilhosamente respondido por Djokovic, ditou o precioso mini-break. Nole (nome pelo que os seus fãs o tratam) nunca mais olhou para trás, pisou no acelerador e ganhou os 3 pontos seguintes, sagrando-se assim campeão olímpico.

    O “Game, set and match” mais desejado pelo tenista sérvio foi ouvido em toda a Philippe Chatrier e Djokovic, depois de umas bonitas palavras de conforto a um desconsolado Carlitos Alcaraz, deixou por fim exteriorizar as suas emoções ajoelhando-se no pó de tijolo e chorando copiosamente agarrado à bandeira da Sérvia, o seu país que tanto ama.

    Novak Djokovic conquistava assim o tão desejado e ambicionado ouro olímpico (e o chamado Golden Slam, juntando o título olímpico aos quatro Grand Slam) e que ele buscou incessantemente desde a sua primeira participação nos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008, tornando-se assim o vencedor mais velho de todos os tempos ao passo que Alcaraz é o medalhista olímpico mais jovem desde 1988.

    Uma vitória que cimenta o campeoníssimo sérvio como o melhor tenista de todos os tempos e lhe garante uma entrada direta para o Olimpo do desporto mundial.

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