A Champions League 2024/25 ainda se encontra na sua fase de pré-eliminatórias. A nova edição traz-nos uma mudança de sistema, com a criação de um novo método, previsivelmente pensado para combater uma ascensão da Superliga Europeia, que acabou por ser um flop autêntico. Grupo único de 36 emblemas, com cada um a realizar oito encontros. Há ainda um play-off de acesso aos oitavos de final, que pode provocar uma série de surpresas e onde previsivelmente existirá a participação e clubes portugueses. Sporting e Benfica estão garantidos na fase final, mas estão bem longe de serem considerados como favoritos. Estariam encaixados naquele estrato considerado como ‘podem surpreender’ ou ‘a acompanhar’.
O formato pode ser mudado, o favorito continua a ser o mesmo. O Real Madrid está um passo à frente de toda a concorrência ao nível europeu, tal como ocorre internamente. Se fizermos o exercício de realizar uma pirâmide com dos os clubes que vão participar na Champions League, incluindo os das eliminatórias, os merengues ficariam no topo. Simplesmente, em 2023/24 fizeram tudo bem, perdendo somente a Copa del Rey nos oitavos de final com o Atlético de Madrid.
Existem dois fatores que fazem com que o Real Madrid parta com 100 metros de vantagem em relação a todos os adversários. O primeiro, é a qualidade do seu plantel. A turma do Santiago Bernabéu tem a equipa quase perfeita. Na baliza, Thibaut Courtois e Andriy Lunin são uma dupla de topo, possivelmente a melhor ao nível europeu. Na defesa, quiçá falta um defesa central, sendo que a média de idades dos laterais direitos poderá ser preocupante. Porém, mesmo que Jesús Vallejo e Lucas Vázquez comecem a ficar curtos, os jovens Joan Martínez e Jesús Fortea apresentam-se como dos mais promissores ao nível mundial e poderá servir de alternativa em certas ocasiões, crescendo na sombra durante os treinos e atuando pelo Real Madrid B. Na ala esquerda, Ferland Mendy e Fran García dão total segurança, à qual se poderá somar Alphonso Davies em janeiro ou com certeza absoluta em julho de 2025, levando a que o ex-Rayo Vallecano acabe por abandonar o barco. A partir daqui as dores de cabeça apenas são boas.
No meio-campo perdeu-se Toni Kroos, que arrumou as botas depois de participar no Euro 2024, onde a sua Alemanha perdeu com a Espanha. Olhemos ao leque de opções para Carlo Ancelotti: Eduardo Camavinga, Aurélien Tchouaméni, Luka Modric, Federico Valverde, Jude Bellingham, Dani Ceballos, Arda Guler, Nico Paz, Brahim Díaz e o malogrado César Palacios, que falhará grande parte de 2024/25. É um luxo. O italiano pode construir o seu centro do terreno de uma série de maneiras diferentes, optando por um duplo-pivot, um médio 6 tradicional, um médio mais ofensivo, podendo pensar numa construção mais recuada ou avançada. Pode realizar uma série de estratégias que confundam o oponente, que já terá o peso de enfrentar o Real Madrid.
No ataque, o Adamastor (que também pode acabar eventualmente por cair). A tripla Rodrygo, Vinícius Júnior e Kylian Mbappé tem todas as condições de ser a melhor do mundo e marcar uma era, como fizeram a BBC e a MSN. Como suporte, mais jovens. Endrick promete lutar pela posição de 9, Jeremy de Léon somará minutos. Brahim Díaz, Nico Paz ou Arda Guler têm capacidade de integrar também a tripla, sendo que se pode optar com apenas dois elementos. Exemplo: Coloca-se Kylian Mbappé e Vinícius Júnior na frente, com liberdade para abrir para as alas, principalmente o brasileiro, com os seus movimentos da esquerda para o meio, e Jude Bellingham a acompanhar, surgindo como uma espécie de 10. Em caso de um surto de lesões, Álvaro Rodríguez poderá ser uma alternativa ou até mesmo Loren Zúñiga.
Em suma, Carlo Ancelotti tem tudo o que os treinadores sonham: um plantel de luxo e capacidade de fazer uma gestão exímia do mesmo, o que faz com que parta como favorito para vencer tudo. Mesmo em semanas de maior sufoco, com jogos de La Liga e Champions League, as segundas linhaas são viáveis para enfrentar a grande parte das turmas do campeonato espanhol. Além disso, a maioria dos atletas ainda se encontram em crescimento. Jude Bellingham tem somente 21 anos e já é falado desde os 16. O elemento mais velho da frente de ataque é Kylian Mbappé e conta com 25 anos. Ou seja, a equipa está bem longe de atingir o seu potencial. Ao mesmo tempo, não há falta de veterania e liderança. Luka Modric, David Alaba, Antonio Rudiger, Dani Carvajal ou Courtois possuem estas valências, o que impedirá o acontecimento de uma possível crise.
O segundo ponto que faz com que o Real Madrid seja favorito a levantar novamente a ‘orelhuda’ é a sorte. Não há como negar, o Real Madrid é um dos clubes mais sortudos do mundo. Porém, ter sorte também se trabalha. Muitos foram os jogos/eliminatórias que os merengues venceram nos descontos/prolongamento, mas a verdade é que a equipa lutou pela vitória até ao último segundo. Por vezes esquecemo-nos que um jogo de futebol tem 90 minutos, mais descontos (com prolongamento em certas ocasiões) e todos os momentos de jogo são trabalhados e aproveitados. O Real Madrid beneficia de ter um plantel de luxo para conseguir estar atento 100% do tempo, são poucos os momentos de desconcentração. Mas ter o foco total não é simples. Não nos podemos esquecer que os futebolistas são seres humanos. Agora, se há uma certa sorte de funcionar sempre? Sem dúvida que tem o seu ponto.
Podemos concluir que existem meia dúzia de candidatos a vencer a Champions League, pois têm qualidade para tal. PSG, Manchester City, Bayern Munique, Barcelona, Inter de Milão, Liverpool, entre outros, mesmo que em fases de mudança ou menos positivas, são sempre considerados como possíveis vencedores do torneio, devido ao seu historial. Porém, não há duvidas de que o Real Madrid está à frente. Afinal, qual é o emblema que não estremece a ver este dream team?