Crescer de baixo para cima | Estrela da Amadora x Casa Pia

    Acima de tudo, é em baixo que mais se precisa de crescer. Em cima, basta consolidar, aprimorar certos aspetos e garantir que não se cai. Em baixo é tudo mais difícil e só o tempo consolidará processos. É esse mesmo tempo que Estrela da Amadora e Casa Pia precisam para crescer e que Filipe Martins e João Pereira necessitam para dotar as respetivas equipas do seu cunho pessoal.

    A paragem para as seleções imediatamente após o fecho de um mercado com consequências claras para os dois clubes é uma bênção que necessita de ser tratada como uma segunda pré-época. Abaixo da classe média-alta, com a maioria dos jogadores fora das seleções, serão sete dias a mais para garantir que o grupo se conhece e que conhece as ideias que servirão de base à restante da temporada. E, por razões diferentes, Estrela da Amadora e Casa Pia precisam de crescer.

    José Fonte Casa Pia
    Fonte: Pedro Barrelas / Bola na Rede

    O Estrela da Amadora trocou não só de treinador para a nova época, mas também de filosofia. A verticalidade e constante procura da vertigem na construção dos ataques de Sérgio Vieira deu lugar ao futebol mais pensado e ligado de Filipe Martins que já vai aparecendo de espaços a espaços. Curiosamente, falta à equipa da casa aquilo pelo que se destacou na temporada de regresso à Primeira Liga: a capacidade de ameaçar constantemente.

    Filipe Martins montou este Estrela da Amadora renovado – de ideias e de muitos jogadores – num 4-4-2 que contrapõe ao 3-4-3 das últimas temporadas. E as dores de crescimento são, precisamente, no processo ofensivo onde o tricolor da Reboleira precisa de ganhar armas para conjugar o perfil mais associativo de muitos jogadores (Nani, Alan Ruiz, Rodrigo Pinho) com uma maior objetividade no último terço que se traduz em movimentos de rutura e na procura de situações de finalização.

    Lançando Kikas no onze, Filipe Martins procurou ganhar capacidade de atacar a última linha do Casa Pia com um jogador agressivo nos duelos e nas diagonais nas costas da defesa e com capacidade para cair nos corredores. O perfil individual mudou – basta lembrar como diante do Benfica raramente se viu a turma da Reboleira pedir a bola no espaço –, mas coletivamente o Estrela da Amadora continua demasiado preso e inerte na procura do risco. A mudança não só no perfil, mas também no posicionamento dos extremos, mais recuados no terreno também reduz a possibilidade de ganhar saídas rápidas pelos corredores que poderá, ainda assim, ser compensada com projeções dos laterais. O técnico da equipa da casa reconheceu os problemas que, quando resolvidos, permitirão ao Estrela da Amadora dar o passo em frente.

    Nani Estrela da Amadora
    Fonte: Pedro Barrelas / Bola na Rede

    Também o Casa Pia trocou de treinador – recorde-se que na última temporada foram três os técnicos que orientaram os gansos, incluindo Filipe Martins – e fez a aposta de maior risco da Primeira Liga. Aos 32 anos o técnico que subiu o Alverca à Segunda Liga foi chamado para orientar o emblema de Lisboa, que nos últimos anos se confundiu com Rio Maior, e tem um desafio enorme pela frente.

    O plantel do Casa Pia tem limitações claras que explicam que, só à quarta jornada tenha sido celebrado um golo pelos jogadores, equipa técnica e adeptos dos gansos. Também só ao quarto jogo da temporada o clube fez 90 minutos sem sofrer. Registos que comprovam que o crescimento do emblema de Pina Manique tem de ser feito a todo o campo para dar resposta às necessidades da equipa.

    É, também, no ataque que residem os maiores problemas do Casa Pia que continua sem ter um ponta de lança confiável. Clau Mendes, principal esperança neste sentido, está lesionado. De Espanha, novo entreposto comercial português no mercado, chegaram ainda Samuel Obeng, Max Svensson e Raúl Blanco, ainda incapazes de se afirmar como os jogadores capazes de compor a frente de ataque casapiana. Resolver este problema que, ainda assim, já foi pior (na primeira jornada foi o irreverente Pablo Roberto quem, por necessidade, jogou como falso nove) é fundamental para o Casa Pia crescer. Até porque o clube tem no meio-campo jogadores com capacidade para fazer a equipa jogar.

    Beni Mukendi tem capacidade de simplificar (além dos atributos no posicionamento e ocupação de espaços), Telasco Segovia um potencial tremendo à espera de ser revelado, com capacidade no passe e no drible curto, e Miguel Sousa movimentos de ataque às costas dos médios, projetando-se e jogando sem bola para definir, posteriormente, em zonas próximas à baliza adversária. Ainda há Pablo Roberto na equação. Dar protagonismo aos médios é fundamental para o Casa Pia ganhar segurança defensiva (passando menos tempo a correr atrás da bola) e ameaça ofensiva.

    Patrick Sequeira Casa Pia
    Fonte: Pedro Barrelas / Bola na Rede

    BnR na CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

    Bola na Rede: O Casa Pia estreou se a marcar nesta época e foi também o primeiro jogo sem sofrer. O crescimento tem de ser consolidado de trás para a frente, pensando primeiro em não sofrer golos, ou vendo o jogo ao contrário e priorizando a baliza adversária?

    João Pereira : Queremos equilibrar a construção da nossa equipa em termos do nosso processo. Queremos ser fortes em todos os momentos e sabemos onde precisamos de melhorar e onde não estamos tão bem, daí ter já utilizado a frase ‘Isto não é como começa, é como acaba’. Quando existe uma crença muito grande no trabalho diário os resultados acabam por aparecer. Não é uma novidade para esta equipa técnica nem para a estrutura do Casa Pia que se tem alimentado do trabalho, sacrifício e acreditar em todos nós. Todos somos competentes para levar o Casa Pia para a frente, conseguindo mais vitórias de forma consistente. Agora não chega ganhar uma vez, queremos ganhar muitas mais

    Bola na Rede: Contra o Benfica apostou no Nani e no Rodrigo Pinho para a dupla de ataque e sentiu-se um Estrela da Amadora sempre a procurar a bola no pé e com pouca capacidade para ameaçar em profundidade. Hoje lança o Kikas no onze, pergunto-lhe se resolver este problema foi o objetivo e se sente que é nesta base que assentará o crescimento do Estrela?

    Filipe Martin: Tentámos jogar apoiado, como foi quase o jogo todo e temos de procurar nos momentos certos ter agressividade. Hoje chegámos muitas vezes da segunda para a terceira fase, mas faltou-nos essa agressividade e objetividade que esperávamos que o Kikas pudesse ter. O que é certo é que o Kikas não teve tantas vezes o passe de rutura que queríamos fazer para as costas da linha defensiva. A nossa ideia hoje era provocar a estrutura defensiva do Casa Pia, no entanto, acabou por não correr da forma como queríamos. Na primeira e segunda fase de construção conseguimos chegar muitas vezes ao meio-campo ofensivo, só que em vez de continuarmos a forçar, muitas vezes rodámos o jogo quando não havia essa necessidade.

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