Sabalenka é a nova rainha dos pisos rápidos | Ténis

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    Aryna Sabalenka é a nova vencedora do Open dos Estados Unidos em ténis. Numa final muito disputada com a norte-americana Jessica Pegula, a tenista bielorrussa levou a melhor sobre a tenista da casa com um duplo 7-5 em aproximadamente duas horas de jogo.

    Este é o terceiro Grand Slam da carreira da tenista de 26 anos, depois das conquistas do Open da Austrália nos últimos dois anos.

    Sabalenka ultrapassa as suas oponentes em potência mas não só. A tenista bielorrussa também tem uma grande intensidade de jogo e um excelente jogo de rede, que deveria usá-lo muitas mais vezes do que o faz.

    Ultrapassados os crónicos problemas com o seu serviço e já não fazendo tantas duplas faltas como numa determinada altura da sua carreira, o serviço também é uma das suas grandes armas, principalmente em superfícies onde o piso é tão rápido, como é o caso do Open dos Estados Unidos.

    Além disso, é uma tenista extremamente carismática, com um grande espírito guerreiro, que conecta muito bem com o público e que usa a sua energia (quer negativa quer positiva), como um combustível essencial para que se exiba ao seu melhor nível e consiga derrotar as suas adversárias.

    Sabalenka entrou neste torneio com toda a confiança obtida pela vitória no WTA 1000 de Cincinnati no torneio que serve de preparação para o Open dos Estados Unidos, mas também vinha de ter falhado Wimbledon e os Jogos Olímpicos com uma lesão no ombro.

    Teve também de ultrapassar um drama pessoal nos últimos, pois o seu ex-namorado suicidou-se e esse foi um duro golpe emocional para a tenista bielorrussa.

    As primeiras rondas foram ultrapassadas facilmente e confirmando o seu favoritismo ao título. A única adversária que lhe causou problemas foi a russa Ekaterina Alexandrova nos dezasseis-avos-de-final num jogo que começou já depois da meia-noite (!) e onde Sabalenka demorou a entrar no jogo, tendo perdido o primeiro set de forma categórica com o parcial de 6-2 e tendo inclusive que salvar dois break points no primeiro jogo do segundo set.

    Mas uma vez tendo assentado o seu jogo, o seu domínio foi avassalador sendo que chegou a ganhar 10 (!) jogos seguidos a uma tenista do top 30 mundial.

    Nos oitavos e nos quartos-de-final, as suas exibições foram de uma qualidade impressionante, derrotando a belga Elise Mertens (a sua antiga parceira de pares com quem chegou a ganhar torneios do Grand Slam) e de forma surpreendentemente fácil a chinesa Qinwen Zheng (tenista do top 10 mundial e que se tinha sagrado campeã olímpica recentemente).

    Nas meias-finais, Sabalenka defrontou a norte-americana Emma Navarro, uma das grandes surpresas deste ano tenístico e que tem tido uma ascensão meteórica no ranking mundial.

    Apesar de ter praticamente o maior estádio do mundo (Arthur Ashe Stadium) contra ela e a torcer pela tenista da casa, Sabalenka exibiu-se a grande nível no primeiro set, tendo ganho facilmente por 6-3. 

    No segundo set, poderiam ter voltado as más memórias da final do ano passado. Com 5-3 a seu favor e a servir para ganhar o encontro, Sabalenka tremeu por todos os lados, viu o seu serviço quebrado e o ascendente estava todo do lado da tenista norte-americana.

    Sabalenka aguentou-se, conseguiu conter o ímpeto de Navarro e a pressão do público e chegar ao tie break, na qual acabou por se impor de forma categórica com o parcial de 7-2, evitando dessa forma ter que jogar um sempre tenso e traiçoeiro terceiro set.

    Na final, a sua adversária foi a norte-americana Jessica Pegula, uma tenista que apresenta sempre um nível exibicional muito alto e que iria ter o apoio incondicional do público.

    Pegula teve um percurso igualmente digno de registo, tendo derrotado a número um mundial polaca Iga Swiatek de forma autoritária nos quartos-de-final e vinha de derrotar a talentosa tenista checa Karolina Muchova nas meias-finais, naquele que foi provavelmente o melhor jogo do torneio. 

    A tenista norte-americana tinha sido absolutamente banalizada por Muchova num primeiro set de altíssima qualidade por parte da mesma, mas conseguiu encontrar uma maneira de fazer os ajustes táticos necessários, aproveitar igualmente o cansaço e menor fluidez do jogo da tenista checa e dar a volta a um jogo que parecia perdido, sendo que Pegula chegou a dizer que no primeiro set, Muchova a tinha feito sentir como se fosse uma principiante.

    Pegula chegou à final do Open dos Estados Unidos com mérito absoluto, depois de ganhar o torneio WTA 1000 de Montreal e ter sido finalista em Cincinatti, nos dois torneios de preparação para o Open dos Estados Unidos.

    Pegula é muitíssimas vezes injustiçada e maltratada pelos adeptos do ténis e não só. Tem um comportamento exemplar dentro e fora do campo, muito talento, mas os adeptos preferem apenas destacar que ela é filha de um bilionário (a inveja é um sentimento muito feio e inútil), e que por isso, é mais fácil chegar ao topo do ténis mundial.

    Apesar das suas origens e de ter um pai dono de uma fortuna, Jessica Pegula revela sempre uma enorme simplicidade e tem um discurso muito humilde.

    E se fosse assim tão fácil chegar ao topo do ténis mundial só porque os pais são ricos, Pegula seria número um mundial ou já teria jogado muitas finais de Grand Slam anteriormente e esta final iria ser a primeira que iria jogar, isto com 30 anos de idade.

    A final foi muito interessante, com mudanças constantes de ascendente, na qual Sabalenka acabou por fazer prevalecer a sua maior potência e variedade de jogo.

    Pegula é um poço de consistência e é muito inteligente dentro do campo, tem um jogo muito bom de rede mas não tem nenhuma pancada definitiva que faça com que consiga fazer winners de todo o lado, ao contrário de Sabalenka, que tem no seu arsenal pancadas de todos os tipos e que pode não ter a consistência de Pegula, mas como arrisca mais e assume mais o ponto, está sempre mais perto de ganhar, principalmente nestas superfícies.

    No primeiro set, Sabalenka serviu a 5-3 mas cedeu o seu serviço e Pegula recuperou no marcador. Embalada pelo público, Pegula ainda dispôs de um ponto para quebra de serviço com 5-5 no marcador mas não conseguiu convertê-lo e Sabalenka acabou por confirmar a vitória do set por 7-5, conquistado ao quinto set point de que dispôs.

    No segundo set, Sabalenka conseguiu novamente ganhar vantagem no marcador mas o cenário inverteu-se. Pegula recuperou a quebra de serviço, conseguiu ganhar cinco jogos (!) seguidos e todos pensavam que a final se iria decidir num terceiro set.

    Sabalenka parecia perdida em campo, acumulava erros atrás de erros e poderia com isso desenterrar fantasmas do passado, nomeadamente na final do ano passado, em que perdeu de forma dramática uma final que estava totalmente controlada contra a prodígio norte-americana Coco Gauff. Sabalenka tinha acabado esse jogo lavada em lágrimas.

    Pegula serviu para ganhar o set com 5-4 no marcador mas cedeu à pressão do marcador.

    Não foi apenas demérito de Pegula. Também há que dizer que Sabalenka reencontrou o seu jogo, elevou o seu nível exibicional, conseguiu quebrar o serviço, recuperar a desvantagem e rapidamente conseguiu transferir a pressão do marcador para Pegula, que poucos minutos antes tinha estado a servir para vencer o set e que agora se via a servir para não perder o encontro.

    Apesar do esmagador apoio do público e de um Arthur Ashe Stadium incendiado, Pegula não aguentaria a pressão, cederia o seu serviço, e Sabalenka sagrar-se-ia campeã do Open dos Estados Unidos ao segundo match point, que espelha bem a tónica deste jogo: uma Sabalenka mais determinada que tomou a iniciativa do ponto, não ficou na expectativa e teve o seu merecido prémio.

    Sabalenka assaltou Nova Iorque. É ela a nova rainha do Open dos Estados Unidos.

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