O brilho em ser competente | Vitória SC

    O Vitória SC está a fazer um arranque de temporada brilhante. Os comandados por Rui Borges só por uma vez perderam e, em 11 jogos só por duas vezes sofreram golos. Marcados são, até ao momento, são 23, os últimos dois num escaldante Dérbi do Minho que, se por um lado, expôs as fragilidades do Braga, por outro exaltou os méritos deste Vitória, resumidos numa palavra: competência.

    Ser brilhante é um exercício subjetivo, muitas vezes radicalmente diferente de cabeça para cabeça e com contornos impossíveis de uniformizar. O Vitória de Rui Borges que está a arrancar a temporada com um brilho que se estende a todos os momentos do jogo e que se reflete com e sem bola numa equipa que exala qualidade, maturidade e, principalmente, competência.

    Diante do Braga, num fervoroso e sempre quente dérbi do Minho, os vimaranenses foram, essencialmente competentes num jogo com partes distintas e méritos muitas vezes esquecidos. A verdade é que, na primeira parte, o Vitória SC se destacou no ponto de vista defensivo, num jogo dividido, equilibrado e com pouca baliza.

    A imensidão de talento do meio-campo para a frente, especialmente no centro do terreno, torna mais apetecível e apaixonante ver a equipa de Rui Borges a trabalhar com bola do que sem ela. A verdade é que, pelo apoio constante dos extremos, impedindo os adversários de ganhar vantagem no corredor, pela constante procura de levar o jogo para fora, protegendo a baliza das principais investidas e garantindo coberturas próximas, o Vitória SC nunca foi verdadeiramente incomodado.

    Foi esta a competência do ponto de vista defensivo que permitiu, em 10 minutos de sonho para os vimaranenses e de pesadelo autêntico para arsenalistas, o Vitória SC soltar o talento de uma equipa que junta Tomás Handel, Tiago Silva, Nuno Santos e João Mendes num onze capaz de garantir segurança e, simultaneamente, ameaça com bola, gerindo os timings do jogo.

    Vitória SC Jogadores
    Fonte: Filipe Oliveira / Bola na Rede

    Diante do Braga, curiosamente, até foi um jogador com menos recorte técnico a evidenciar-se. Nélson Oliveira está a ser um dos destaques surpreendentes deste arranque de época do Vitória SC. Não dá um lance como perdido, procura ser opção em apoio, mas também movimentar-se para criar espaço e tem argumentos suficientes para criar perigo. Diante do Braga foi a inteligência na procura do espaço e nos movimentos que desequilibrou no primeiro golo e o sentido de oportunidade – que a experiência foi desenvolvendo – na abordagem agressiva aos duelos com os centrais que potenciou a expulsão de Bright Arrey-Mbi (novamente os defesas a penalizar o Braga).

    Nélson Oliveira não é o principal destaque do Vitória SC e, do onze inicial é, porventura, o elemento que mais pessoas trocariam ou veriam espaço para melhoria. Ainda assim, reinventou-se e tem conseguido casar e libertar os criativos para permitir ao clube sonhar. Respiram-se ares renovados em Guimarães e as expectativas sobre o Vitória SC são legítimas. Porque o Vitória SC joga de forma brilhante. E tal só é possível, sendo-se competente em todos os aspetos.

    João Mendes Vitória SC
    Fonte: Filipe Oliveira / Bola na Rede

    BnR na Conferência de Imprensa

    Bola na Rede: Tem sido um início de época onde muito se tem falado do brilho do Vitória SC com bola e do volume ofensivo mas hoje, principalmente na primeira parte, foi o registo defensivo que saltou à vista com o Vitória SC a ter menos bola, mas a dar a sensação de estar sempre confortável com coberturas próximas e capacidade de proteger o espaço central levando o Braga para os corredores. Quão importante é ter esta eficiência no momento defensivo para depois soltar o talento na frente?

    Rui Borges: Acho que a primeira parte foi equilibrada. O Braga a partir dos 30 minutos teve um pouco mais de bola, mas até ali foi bastante equilibrado o jogo com as duas equipas a encaixarem uma na outra, a respeitarem-se e a perceberem que em pequenos momentos e em pequenos espaços tanto uma equipa como a outra têm qualidade para decidir o jogo. Respeitaram-se mutuamente, mas nós fomos perdendo tomadas de decisão, muitas bolas e muito jogo interior, o que não queríamos. Mas mesmo assim não deixámos criar qualquer oportunidade, penso eu. O processo defensivo para mim é tão importante como qualquer outro momento de jogo. Para mim torna-se fácil quando eles acreditam na minha ideia de jogo, no meu discurso, na minha palavra, naquilo que eu peco. E eles acreditam muito nisso. Em todas as semanas eu dou tanto significado ao momento defensivo como ao momento ofensivo porque todos são importantes. A equipa que estiver mais equilibrada em todos os momentos do jogo – a transição ofensiva e defensiva, bolas paradas, onde hoje fizemos mais um golo – ganha mais vezes. E é isso que eles têm feito. Nos últimos 15 minutos da primeira parte com um bloco mais médio-baixo, mas sem criar muito, entrar na nossa área ou criar oportunidades. Na segunda parte fomos claramente superiores, entrámos muito bem e definimos um ou outro pormenor em relação ao que estávamos a fazer na primeira parte com bola. Eles assentam, acreditam nisso e na segunda parte fomos claramente superiores em todos os momentos do jogo ao longo de 35/40 minutos. Caímos um pouco nos últimos 10 minutos, o jogo ficou um bocadinho partido com a malta mais cansada, mais perdas de bola e mesmo assim não deixámos criar qualquer situação de perigo ao adversário. Por tudo o que fizemos na segunda parte, com uma primeira parte equilibrada e um 0-0 justo ao intervalo entre duas boas equipas, competitivas e a querer ganhar apesar da estratégia encaixar uma na outra. Nós tínhamos bem definido o que queríamos, o grupo acreditou nisso, fê-lo e melhorou na segunda parte, onde fomos donos do jogo. A vitória acaba por ser justíssima.

    Bola na Rede: Houve 10 minutos muito importantes no jogo. Depois dos golos e da expulsão, ia colocar Roger Fernandes, mas acabou por decidir mantê-lo no banco. Qual era o plano tático e o que estava a pensado e nestas trocas qual o objetivo de colocar o João Ferreira como central tendo o Paulo Oliveira no banco?

    Carlos Carvalhal: A situação é que tínhamos de equilibrar a equipa atrás, não podíamos só jogar com dois defesas. Quanto à situação do João Ferreira e do Paulo Oliveira, estávamos a perder, o João é um jogador que fez uma época a jogar numa linha de 3 pela direita e aberto também. Portanto conhece as duas posições muito bem. Tínhamos de arriscar, o João transporta bem a bola, é um lateral que podia chegar à frente e fê-lo muito bem. Foi opção que me pareceu mais adequada. Mantemos confiança no Paulo Oliveira. Quanto ao Roger (que era para entrar, mas acabou por ficar mais um pouco no banco), teve a ver com a necessidade de equilibrar primeiro e depois tentar arranjar algumas soluções que nos permitissem ser competitivos e ameaçar a baliza do Vitória SC.

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