Incoerente e absolutamente desnecessário. É assim que classifico a tomada de posição do FC Porto em relação aos critérios de escolha do selecionador nacional nos jogos particulares com a Rússia e o Luxemburgo. Através da newsletter ‘Dragões Diário’, o clube da Invicta contestou o supostamente superior tempo de utilização que os jogadores do FC Porto tiveram nos encontros em questão. André André foi titular em ambas as partidas, Danilo Pereira e Rúben Neves apenas frente ao Luxemburgo. O jovem capitão também atuou alguns minutos em Krasnodar, participando assim nos dois jogos de preparação para o Euro 2016.
No segundo destes certames de preparação, Fernando Santos optou por não colocar nenhum jogador de Benfica e Sporting de início. Decisão compreensível, olhando para o derby que está aí à porta, já este sábado, para a Taça de Portugal. A questão: será este motivo o suficiente para o FC Porto levantar armas e bagagens contra o treinador da equipa das Quinas?
É verdade que os dragões também jogaram sábado. Mas contra o Angrense, atual líder da Série E do Campeonato de Portugal. Sem querer menosprezar o adversário, mas fazendo-o, inevitavelmente, o obstáculo que se colocou perante os azuis e brancos é substancialmente menor do que aquele que os rivais de Lisboa enfrentaram. Mais: analisando as estatísticas relativas ao tempo de jogo de cada elemento no duplo teste de preparação de Portugal, confirma-se que os jogadores dos três grandes acabam por acumular (em média) tempo de jogo semelhante.
A verdade é que Fernando Santos se pôs a jeito das críticas quando, anteriormente, disse que os clubes não podiam influenciar as suas opções, mas a verdade é que tal aconteceu. No entanto, seria isto necessário? Julgo que não. Até… Evitável. Ainda mais, quando, no parágrafo seguinte, se volta a criticar o “Engenheiro” por apenas convocar Rúben Neves depois da lesão de João Moutinho. Ora então, em que ficamos? Já é plausível levar um jogador à seleção sob a condição deste não jogar? Estamos a falar de jogadores do FC Porto, que se querem e exigem de craveira, e que, obrigatoriamente, têm de estar preparados tal exigência competitiva. O calendário aperta e vai ficando progressivamente mais complicado, mas a fibra vesse nesses momentos. Ou é necessário dar o exemplo inglês, a que tantas vezes se recorre?
Uma atitude a rever, por parte dos responsáveis portistas. Acredito que não seja agradável experimentar a dualidade de critérios, mas é um caso justificável e que exigia uma resposta mais madura da parte do clube. Entrar em “arrufos” desnecessários vai contra aquilo que tanto elogiei no princípio da época: a postura séria e altruísta. E estamos a falar da Seleção Nacional; é ou não é um orgulho ter lá jogadores “da casa” a atuar, independentemente de fatores externos?