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Sporting | Conservadorismo vs. Criatividade 

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Desde que chegou ao Sporting, Rui Borges tem sido o moderador do debate conservadorismo vs criatividade. Este é um moderador parcial e, muitas vezes, os jogos do Sporting têm sido a personificação do que é ter muita posse e poucas ideias. Ainda assim, o Sporting está em primeiro no campeonato.

Qualquer opinião relativa ao trabalho de Rui Borges, até agora, não pode ser pronunciada sem ‘ses’ e ‘mas’. Carece de profundidade. Se tomarmos uma opinião positiva, tendo em conta os resultados até então, esta nunca pode ser extremamente positiva, uma vez que o plantel já estava construído e oleado por outro treinador. Se tomarmos uma opinião negativa, estamos a ser injustos, uma vez que Rui Borges chega ao Sporting a meio da época e dá de caras com uma onda de lesões. Anda na corda bamba, ainda que existam pontos positivos e negativos a tirar destes três meses de trabalho.

Quem seguia o trabalho do técnico desde os tempos de Moreirense e Vitória SC, decerto que se recorda do dinamismo que o treinador exigia aos seus médios e aos constantes movimentos circulares que estes desempenhavam, num 4-3-3 dinâmico. Rui Borges até tentou moldar o plantel para esta ideia e o Sporting apresentou-se assim frente ao Benfica, no jogo de estreia do treinador ao comando dos leões, onde até acabou por vencer. No entanto, face à resistência de incutir ideias novas quando a época já tinha começado e pela onda de lesões e suspensões que o Sporting enfrentou, Rui Borges acabou por fazer o trajeto inverso e adaptar-se ao plantel em vez do plantel se adaptar a ele.

Viktor Gyokeres no jogo entre o Sporting e o FC Porto
Fonte: Diogo Cardoso/Bola na Rede

Assim, o Sporting voltou ao sistema de três centrais, este pragmatismo e necessidade de ganhar num clube que vive de vitórias é um ponto positivo do trabalho de Rui Borges e também uma das razões pela qual defendo que ainda não vimos tudo aquilo que este treinador pode dar ao conjunto leonino; em boa verdade, ainda não conseguimos ver muitas ideias de Rui Borges.

Contudo, apesar do sistema ser diferente, ainda há espaço para certos mecanismos e ideias de jogo que o treinador oriundo de Mirandela privilegia: o dinamismo dos médios, mencionado anteriormente, é uma delas, apesar de não ser isso que se vê nos jogos do Sporting. Com Amorim, os centrais do Sporting envolviam-se no ataque, fosse em condução – que Eduardo Quaresma faz bem, por incursões de trás para a frente, nomeadamente, de St. Juste ou ainda através do passe, privilegiando a capacidade técnica de Gonçalo Inácio e de Zeno Debast.

Zeno Debast no jogo entre o Sporting e o Estrela da Amadora
Fonte: Ana Beles/Bola na Rede

Com Rui Borges, apenas este último quesito está a ser aproveitado, numa das muitas tentativas de ativar a fórmula Gyokeres. No Vitória SC, Tiago Silva construía e tinha liberdade de chegada à área, algo que os médios do Sporting não têm e adotam um papel mais fixo, exceto Debast, mas somente na fase de construção. No ataque, sim, as movimentações são várias, seja por Gyokeres, por Trincão que baixa para receber e acelerar ou por Quenda que tenta migrar de um corredor para o outro, de modo a usar o seu pé esquerdo no corredor contrário.

Ainda assim, e mesmo com tantas baixas como os leões têm tido, o talento individual de qualquer um dos três grandes é superlativo face ao restante conjunto do campeonato português, então qual o porquê do conservadorismo?

Se há alguém que está contente com o trabalho do mister Rui Borges, é Iván Fresneda. Um dos maiores feitos em Alvalade, no passado recente, tem sido a recuperação desportiva do jovem lateral. Ainda assim, o lateral espanhol faz-se mais valer pelas suas valências defensivas do que pelas suas valências ofensivas. Recordando o último jogo do Sporting, na Reboleira, que perigo criou o Sporting em 45 minutos, entrando com laterais com as características de Matheus Reis e Fresneda face a um adversário que sempre se iria apoiar na sua organização defensiva? Até porque um dos pontos positivos da chegada de Rui Borges é o overload nas laterais, que permite ao Sporting criar num corredor para finalizar com critério no outro, fará mais sentido um ala com a capacidade de Geny ou Biel, ainda para mais se Quenda jogar no corredor direito.

Iván Fresneda no jogo entre o Sporting e o Farense
Fonte: Luís Batista Ferreira/Bola na Rede

O Sporting tem talento e poder de fogo muito superior ao nível do campeonato português, nomeadamente em Gyokeres e Hjulmand (já nem contando com a capacidade de desequilíbrio de Trincão e Quenda) e é também por isso mesmo o Sporting ganha e irá continuar a ganhar, quiçá até será campeão. Ainda assim, acredito que apenas veremos toda a potencialidade das ideias de Rui Borges na próxima época.

Rui Gonçalves
Rui Gonçalves
Licenciado em Sociologia, o Rui Gonçalves aborda o futebol dentro e fora das quatro linhas. Através de um olhar crítico, escreve sobre tática, gestão desportiva e os seus impactos individuais e sociais.

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