Como era de esperar, os primeiros confrontos dos “quartos” da Liga dos Campeões de andebol contam-nos muitas histórias. Ainda mais expectável é o facto de praticamente nada estar decidido. Muitas equipas derrotadas terão uma palavra a dizer nos duelos da próxima semana.
HBC Nantes, Fuchse Berlin e FC Barcelona saíram sorridentes, enquanto SC Magdeburg e One Veszprém HC não se entenderam sobre quem venceria o encontro. Destas, apenas os berlinenses vão com a tarefa facilitada para a sua ronda de jogos. Do que sobra, qualquer desfecho parece plausível, mas isso será conversa para a semana que se avizinha.
Para já, fica com um resumo das quatro primeiras partidas.
HBC Nantes vs. Sporting CP
A surpreendente campanha dos leões na primeira fase da competição, com direito, até, a um bilhete direto e inédito para os quartos de final da maior competição europeia de andebol, não invalidava a dificuldade da tarefa sobre a qual o Sporting se deparava. Pela frente encontravam-se os franceses do HBC Nantes, numa difícil deslocação para os comandados de Ricardo Costa.
O domínio foi caseiro, mesmo que “por um fio”, com o Sporting a não permitir que o adversário se distanciasse significativamente. A maior vantagem foi de cinco golos (16-11), pouco depois do regresso dos balneários, mas a resposta foi praticamente imediata. Cinco minutos depois, a diferença regressava à margem mínima. O Sporting foi tentando, mas as tentativas para assumir a liderança não foram suficientes perante a defesa agressiva e o forte remate exterior dos franceses. Ainda assim, vale destacar a exibição de Martim Costa, com os oito golos, o líder do encontro.
O resultado final foi de 28-27, o que, se olharmos para o copo meio-cheio, não abala o sonho leonino de disputar a Final Four. O HBC Nantes terá pela frente a fortaleza do Pavilhão João Rocha. E falamos, mesmo, de um palco que assombra qualquer adversário, já que o Sporting CP não perde em casa desde fevereiro de 2023. Está tudo em aberto, mas, à partida, de forma ligeiramente favorável aos leões.
Fuchse Berlin vs. Aalborg Handbold
Se na eliminatória anteriormente abordada está tudo em aberto, nesta, os berlinenses quiseram acabar com as dúvidas.
“O resultado foi um pouco injusto para o Aalborg Handbold porque eu acho que o jogo foi renhido.” Foi desta forma que Jaron Siewert, treinador do Fuchse Berlin, descreveu o desfecho do “jogo da semana” dos “quartos” da Liga dos Campeões de andebol. Os festejos favoreceram os alemães, que impuseram uma esmagadora vitória, por 37-29, que nada mais dá do que uma enorme motivação e otimismo para o duelo da segunda mão.
Do outro lado, Martin Larsen, jogador do Aalborg, apontou uma justificação para o resultado: Mathias Gidsel. “Ele foi fantástico. Causou-nos bastantes dificuldades”. Até poderíamos agir como se tratasse de algo surpreendente, mas a verdade é que, para quem atinge o estatuto de melhor jogador do mundo, noites destas tornam-se (um pouco mais) normais. O lateral direito esteve diretamente envolvido em 20 golos da sua equipa, com 11 remates certeiros e nove assistências.
Ainda assim, as rédeas do encontro guiaram-se segundo os seus prognósticos durante grande parte do tempo. A 12 minutos do fim, as esperanças dos dinamarqueses permaneciam vivas, encontrando-se em desvantagem por, apenas, dois golos. Foi desde esse momento que explodiu a bomba caseira: o Fuchse Berlin marcou por nove vezes perante somente três tentos do Aalborg Handbold. Sobra, assim, muito pouca margem de manobra para a segunda mão.
SC Magdeburg vs. One Veszprém HC
O empate a 26 não conta toda a história deste encontro. Trata-se de duas equipas habituadas a rejeitar resultados magros, com um estilo de jogo predominantemente veloz, recorrendo, várias vezes, a transições ofensivas rápidas. Contudo, desta vez decidiram desligar o motor e adotar uma abordagem cautelosa, especialmente no que à turma visitante diz respeito.
O Veszprém contabilizou um novo recorde, relativo a esta época, de jogo com menos ataques (47), sendo que o Magdeburg conseguiu, até, registar um número inferior (46). Mais que isso, a média de tempo por ataque dos húngaros excedeu em dez segundos o valor da temporada (de 30.4 segundos para 40.1). Apesar de tudo, a eficácia favoreceu os comandados de Xavi Pascual, mas não o suficiente para partir em vantagem para o segundo confronto.
Quanto a prestações individuais, o irrepreensível Ludovic Fabregas esteve, mais uma vez, em destaque, com nove golos no mesmo número de remates. Lagergren foi o comandante dos alemães, com oito golos, mesmo que numa eficácia bastante inferior (62%).
Pick Szeged vs. FC Barcelona
Relatar este duelo implica fazer uma divisão em três momentos: a primeira parte como um todo e, depois, uma separação dos segundos 30 minutos em duas metades.
O confronto ditou-se, inicialmente, sem grandes investidas no marcador. Ora liderava o Pick Szeged, ora respondiam os catalães. Nunca nenhum dos conjuntos se demonstrou capaz de abrir uma vantagem superior a dois golos. Aliás, a única que excedeu a margem mínima surgiu aos 27 minutos, favorável aos húngaros (10-8 com golo de Sostaric). Até à paragem, apenas se marcou por uma vez (10-9).
Depois do intervalo, arrancou um período de ligeiro comando húngaro. Começaram por alargar a vantagem para três, viram o FC Barcelona igualar a contagem e, por fim, voltaram a disparar. Aos 45’, o marcador assinalava um 20-17, favorável ao Pick Szeged.
Até ao término do confronto, só deu FC Barcelona. Os visitantes dispararam com um parcial de 10-4, sendo que metade dos golos da formação da casa neste período surgiram nos últimos dois minutos. Desta forma, inverteram uma desvantagem de três para o seu favor para, agora, viajarem para Espanha com um sorriso na cara. Estão bem encaminhados para voltar a garantir o bilhete da Final Four da principal prova de andebol europeu.