Miguel Santos foi agredido pela polícia antes da final da Taça de Portugal e levou 7 pontos na cabeça: «Podia ter sido uma criança, um idoso ou a mulher que eu estava a tentar ajudar»

A final da Taça de Portugal ficou marcada por mais um episódio de violência policial. Adepto agredido relatou experiência.

Apesar de não terem sido registados confrontos entre adeptos durante a final da Taça de Portugal, o derradeiro encontro da temporada em Portugal não ficou isento de ferimentos. Quem o conta é Miguel Santos, adepto leonino que relatou a sua experiência nas redes sociais após ver a cabeça aberta por um cacetete da Polícia de Segurança Pública.

O adepto do Sporting aguardava a entrada no Estádio do Jamor quando, perto da entrada sul, onde deveria ter entrado, foi vítima de alegada agressão policial. Na voz de Miguel Santos, tocou num polícia da PSP [Polícia de Segurança Pública] quando tentava ajudar uma outra adepta que se sentia mal e foi agredido na cabeça. Depois de ficar inconsciente, o adepto foi transportado para o hospital – não tendo visto o encontro – onde teve de levar sete pontos.

Miguel Santos já apresentou queixa junto junto das autoridades e relatou o caso nas redes sociais, numa longa partilha que podes ler na íntegra em baixo.

Eis a mensagem:

«Não, isto não é a festa da taça.
Não, isto não é o Sporting nem o Benfica. Não, isto não é futebol nem desporto. Não, isto não é amigos nem rivais.
Isto é sobre os mesmos de sempre a estragar a festa que é o futebol.

Não vêm para proteger, vêm para provocar. Confundem autoridade com abuso, confundem farda com escudo para a violência.

Onde devia haver celebração, há cacetetes. Onde devia haver cânticos e cores, há medo. Não há fair play quando quem devia manter a ordem é o primeiro a semear o ódio.

O futebol é paixão, é rivalidade saudável, é camisolas diferentes no mesmo estádio, é crianças com cachecóis de cores opostas a rirem-se juntas. É competição, sim, mas sem ódio. A bola une, a bola eleva, a bola dá-nos tudo e por isso se enche o jamor com centenas de milhares de pessoas e apenas 37 mil com bilhetes. Mas há quem insista em arrastar esta festa e esta alegria para o debaixo do chão, sujá-la com o peso de um autoritarismo cego e de quem não sabe lidar com o poder.

Esta, apesar do resultado, conseguiram estragar. E eu nem vi um minuto de jogo.

Eu, o Miguel, estava na fila como milhares de sportinguistas e só queria o bem de todos. Ao abrir espaço para uma senhora que se estava a sentir mal e onde eu estava a tentar abrir espaço para que ela passasse à frente, toquei num dito policia onde nem a cor dos olhos se vê e cacetete. São cobardes e abriram me a cabeça, calhou me a mim mas podia ter sido a uma criança, a um idoso ou à mulher que eu estava a tentar ajudar, para mim desconhecida mas uma vida e alguém por quem devemos sempre zelar. Uns pelos outros. O bilhete que me permitia entrar está aqui, com os restos da “festa da taça”.

A semana passada o Bernardo, hoje eu e amanhã podes ser tu, muda e bate com o pé.

A PSP (Polícia de segurança pública) não faz jus ao nome. Não precisamos de polícia que ataca, precisamos de polícia que protege. Não precisamos de guerra nas ruas, precisamos de festa nas bancadas. A rivalidade não pode ser desculpa para violência.
Se o futebol é o desporto do povo, então deixem o povo festejar em paz.
Deixem o futebol para quem o quer bem e não censurem nem usem como justificação para a violência.

E viva o futebol».

Diogo Ribeiro
Diogo Ribeirohttp://www.bolanarede.pt
O Diogo é licenciado em Ciências da Comunicação, está a terminar o mestrado em Jornalismo e tem o coração doutorado pelo futebol. Acredita que nem tudo gira à volta do futebol, mas que o mundo fica muito mais bonito quando a bola começa a girar.

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