
Um pouco por toda esta Vuelta tem havido vários domínios, seja o de Mads Pedersen na camisola verde, o de Jonas Vingegaard na luta pela Geral ou o da UAE Team Emirates a caçar etapas. Porém, nenhum deles tem sido avassalador e em todos encontramos falhas na armadura.
Tanto assim foi que a agenda desta segunda semana é quase exclusivamente para dedicar a esses três. O único dia que fugiu a esse guião foi o da vitória que poderia ter sido para Tom Pidcock. O britânico aproveitou as colinas bascas para impor a sua força e só Vingegaard lhe respondeu. Mas, um protesto na linha de meta obrigou a que os tempos fossem tirados a três quilómetros do fim e sem vencedor de etapa. A organização fez o necessário para salvaguardar a segurança dos atletas, o Ciclismo ficou a perder, mas os tristes que querem fazer de um conflito desolador cavalo de tróia para as suas guerras culturais não merecem mais atenção que isso.
O ataque ganha jogos, a defesa ganha campeonatos
Quase unanimemente considerado o segundo melhor voltista da atualidade, Jonas Vingegaard partiu para esta Vuelta como o claro favorito e não podemos dizer que esteja a desiludir. Desde o segundo dia que é o melhor dos candidatos a vencer, incluindo nove dias de vermelho e entra na última semana como líder e com apenas um adversário a menos de dois minutos e meio.
Ainda assim, a semana do meio da Vuelta viu a Visma a colocar em prática um chavão mais próprio dos desportos com bola e fechar-se à defesa. Se por incapacidade do dinamarquês em fazer a diferença ou se por resguardo para uns duros dias finais, a diferença entre os dois primeiros manteve-se virtualmente inalterada. Mas, a Visma andou-se a poupar e nas seis etapas que faltam estará pronta para tudo para fazer a dobradinha das duas Grandes Voltas das penínsulas nesta temporada.
Os papões de etapas ainda têm pólvora para a Geral?
Depois de três vitórias de etapa na primeira semana, a UAE Team Emirates não fez por menos e na segunda semana elevou ainda mais a fasquia e somou quatro triunfos parciais. Jay Vine, Juan Ayuso, João Almeida e Marc Soler todos levantaram os braços e contribuíram para a cada vez maior aproximação da equipa dos Emirados ao recorde de vitórias numa só temporada. Impressionante.
Porém, o objetivo não é só ganhar etapas. João Almeida, além de ser o melhor no temível Anglirú, entra na reta final da Vuelta em segundo à Geral a menos de um minuto de La Roja. Ou seja, ainda é bem real o sonho da conquista da última Grande Volta da temporada. Resta saber, contudo, se ainda haverá forças e arte para o fazer. Para já, a equipa parece dar prioridade à caça de etapas, com vários dos mais importantes gregários a terem múltiplas oportunidades de passar o dia na fuga, abdicando de um maior apoio a Almeida. Talvez a sorte proteja os audazes, mas não será fácil.
Tanto Pedersen ataca até que ganha
O líder Lidl-Trek chegou a Espanha com o objetivo claro de conquistar o triplete dos pontos para a sua equipa e não deixou créditos por mãos alheias. Com poucas chegadas em pelotão compacto e um sistema de pontos que beneficia o espetáculo e permite a mais ciclistas estar na luta pela camisola verde, Mads Pedersen sabia que a solução era ir para as fugas e não fugiu à responsabilidade.
Mesmo em dias de alta montanha, o dinamarquês foi presença assídua na frente nesta segunda semana para marcar valiosos pontos para continuar a vestir de verde. Finalmente, ao último dia antes do descanso, foi recompensado. Auxiliado por um excelente trabalho de equipa, rematou mais um dia escapado com um sprint esclarecedor que lhe valeu a sua primeira etapa nesta edição da Vuelta.