
O FC Porto continua imbatível na Primeira Liga e, depois de cinco jogos, leva cinco vitórias. Diante do CD Nacional, os números tangenciais de um 1-0 sempre perigoso, revelaram uma equipa azul e branca menos impositiva na criação de oportunidades e na concretização. O mérito também passou – e muito – pela organização defensiva competente (que não é sinónimo de bloco baixo e abdicar de jogar) do CD Nacional, mas não deixou de ser relevante.
O jogo pareceu sempre controlado para os dragões que, sem surpresas, se colocaram em vantagem ainda na primeira parte. Depois do golo, a criação diminuiu, viram-se erros que ainda não se tinham visto e a eficácia para matar o jogo não apareceu. Mesmo assim, a vitória nunca esteve verdadeiramente em causa, se é que se pode dizer isto de uma margem mínima, o que é, talvez, o maior sinal de identidade na equipa de Francesco Farioli.

De todos os méritos que o treinador italiano tem, o principal está na identidade que ofereceu aos azuis e brancos. Não é difícil de reconhecer a equipa em campo, de identificar padrões e de ver jogadores interligados em campo para o mesmo objetivo. Era esta a prioridade no trabalho do FC Porto, acima de qualquer preferência tática, modelo de jogo ou estrutura. O FC Porto de Vítor Bruno não era tão competente e a culpa não era do passado de Sérgio Conceição e o de Martín Anselmi não o era pela estrutura ou pelos três centrais. Era porque a equipa flutuava e não era capaz de absorver a identidade pretendida.
Das marcações individuais à construção trabalhada de trás, dos extremos abertos aos laterais mais baixos e interiores, o FC Porto tem agora um fio comum. Sem este fio comum, um jogo menos conseguido, como este, seria aflitivo e poderia ter significado a perda de pontos. Com este, o FC Porto conseguiu ter um controlo aparente das operações e venceu. Aqui reside a grande diferença de 2025/26 para o ano passado.
O FC Porto continua invencível. A solidez defensiva aliada as soluções ofensivas (individuais e coletivas) permitem suprir lacunas como as lesões, o cansaço das seleções ou momentos de forma ou jogos menos conseguidos. Kiwior fez três treinos, os dois laterais que começaram a época como titulares estão lesionados e no departamento médico figuram ainda jogadores como Luuk de Jong e William Gomes, heróis de Alvalade. O FC Porto entrou em campo com Francisco Moura ainda sem ritmo e Pablo Rosario como lateral. Quando foi necessário refrescar o meio-campo, entraram Eustáquio e Gabri Veiga, acabados de regressar de lesão. Neuhén Pérez foi lançado e deve ficar de fora durante longos meses.

A maior dúvida sobre o FC Porto, para lá da manutenção do nível com que arrancou a época, está na forma como o plantel vai conseguir reagir às ausências. O mercado trouxe qualidade para todos os setores, mas Francesco Farioli não tem soluções infinitas. Fazer crescer nomes mais fora da curva (e aí Zaidu já entrou na lista de Farioli) e lançar jovens na equipa principal são imperativos para suprir estas ausências.
No Dragão, o Nacional conseguiu encaixar no FC Porto, quer num bloco mais baixo, quer quando subiu linhas. À medida que a época for avançando, os adversários ganharão mais consciência de quem é o FC Porto e, principalmente, de como o travar. É esse o grande desafio da época azul e branca. Para tal, é necessário que, independentemente da profundidade, a identidade não se perca.

BnR na Conferência de Imprensa
Bola na Rede: Principalmente na primeira parte, o FC Porto tentou concentrar vários jogadores em torno da bola, nomeadamente no corredor esquerdo, o que facilitou as combinações e superar a pressão do Nacional. Quão importante é a proximidade dos jogadores no momento com bola na sua ideia de jogo?
Francesco Farioli: A distância é um dos elementos centrais no que fazemos para ter uma melhor conexão. Na segunda parte, por exemplo, começámos a ter os jogadores mais afastados e, claro, quando a distância é superior, é mais difícil conectarmo-nos. Isto é realmente importante. Estar conectado exige uma boa condição física, e hoje tínhamos jogadores que não estavam no seu melhor e frescura mental para antecipar, estar sempre na ação seguinte e preparar a próxima solução para os colegas.
Bola na Rede: O Nacional conseguiu ter, durante largos períodos do jogo, um controlo aparente no momento defensivo, restringindo as vias para a sua baliza sem ter, necessariamente, um bloco muito baixo. Como avalia a estratégia adotada para a partida no momento defensivo?
Tiago Margarido: Fomos muito capazes nesse momento. Na antevisão recebi uma série de perguntas a perguntar se ia colocar o autocarro no Dragão. Hoje provámos que não temos necessidade de o fazer. Se tivéssemos era a espaços, mas por génese, não era o nosso princípio. Conseguir pressionar a primeira fase da construção do FC Porto não é nada fácil. Os jogadores foram inteligentes a perceber os timings para saltar. Tínhamos definido isso como estratégia. Na segunda parte fomos ainda mais ambiciosos porque saltávamos com mais um médio ao segundo central do FC Porto e teve dificuldade em fazer ligações após a pressão. A equipa foi competente. Estamos num processo de crescimento e construção e hoje provámos que estamos num bom caminho.