João Noronha Lopes foi o mais recente entrevistado pelo Bola na Rede. Candidato nas eleições do Benfica apresentou o seu projeto encarnado.
João Noronha Lopes foi entrevistado pelo Bola na Rede. O candidato à presidência do Benfica apresentou o seu projeto para as águias e apresentou as suas medidas financeiras para os encarnados.
«Pondo ordem nas contas. O que assistimos nas contas do Benfica é semelhante ao que acontece do ponto de vista desportivo. Esta direção é a direção do 1 em 4. Ganha um campeonato em quatro e apresenta um ano de resultados positivos em quatro. Isto não chega, é manifestamente pouco para aquilo que deve ser o Benfica. Quando olhamos para as contas, vemos que mesmo este ano de resultados positivos é feito à custa de eventos extraordinários, nomeadamente o Mundial de Clubes, que só é disputado de quatro em quatro anos. Também não apaga quatro anos de gestão má do ponto de vista financeiro. Vimos que os custos operacionais no mandato aumentam 47%, fornecimentos e serviços externos aumentam, resultado operacional sem transações de atletas é negativo em 15 milhões de euros por ano, o resultado líquido é de -28 milhões de euros, os capitais próprios diminuem e o passivo aumenta cerca de 25% e existe um desequilíbrio no fundo de maneio entre o que é o passivo e o ativo de curto prazo de 129 milhões de euros. A situação financeira não é boa neste mandato e é para este que temos de olhar. Há algo que podemos fazer em cortar custos, quer nos custos operacionais, quer nos fornecimentos e serviços externos que aumentaram brutalmente. Os custos de operação do estádio, por exemplo, triplicaram. A situação do Benfica resolve-se com capacidade de gestão e de fazer crescer receitas. Em primeiro lugar, temos de ter sucesso do ponto de vista desportivo porque as receitas da Champions League representam entre 30 a 40% das receitas. Podemos aumentar as receitas do dia de jogo. Temos a oportunidade de revitalizar a zona envolvente do Estádio da Luz e torná-la um centro de atração de benfiquistas e, com isso, criar uma fonte adicional de receitas. Do ponto de vista da bilhética, há potencial para aumentar a zona corporate e os camarotes, mas não os sócios individuais. Os sócios do Benfica não podem continuar a ter aumentos de 20% nos red passes. É insustentável. Há pouco tempo foi anunciado um pack para a Champions League com um aumento de 40%. Por isso é que propus um congelamento do preço dos red passes. Foi uma medida pensada e que não foi feita do nada. Se olharmos para o impacto aumento do preço dos red passes de 10%, tinha um impacto de menos de 1% nas receitas totais do Benfica. Se crescêssemos ainda mais os preços dos red passes, tornar-se-ia insuportável para muitos sócios, que não iam conseguir pagar. Há pessoas que me dizem que temos 20 mil pessoas em lista de espera dos red passes, por isso alguém há de conseguir pagar, mas o Benfica não é um clube de elite. O Benfica não pode ser um clube onde só os mais ricos podem pagar o preço dos red passes. O Benfica é um clube popular. Proponho congelar o preço dos red passes dos sócios individuais. Não podem ser os sócios individuais a pagar os erros da gestão de Rui Costa. E proponho ir buscar receitas alternativas, quer na zona corporate, como nas receitas internacionais. Dou três exemplos de crescimento das receitas internacionais. O primeiro é criar a Benfica Media House na BTV. Um centro de excelência para desenvolver conteúdos em parceria com plataformas de streaming. É uma fonte de receitas adicionais. Segundo, tenho um acordo alinhavado para transformar o merchandising do Benfica num merchandising global, com uma empresa que trabalha com os melhores clubes da Europa e com as melhores ligas dos EUA e da Europa. Em terceiro lugar, uma muito maior dinamização das redes sociais do clube. O Benfica, para ser um clube internacional, tem de dinamizar muito mais as redes sociais do que tem feito até agora. É no crescimento das receitas que está o futuro do Benfica. Está no sucesso desportivo, na capacidade de crescer receitas e na capacidade, a curto prazo, de equilibrar o que gastamos e devemos sem transações de jogadores, as chamadas receitas e despesas extraordinárias. Estas são todos os anos de -15 milhões de euros. Primeiro é preciso arrumar a casa. Se não arrumamos estas despesas, vamos ter cada vez de vender mais jogadores e de vender jogadores mais cedo. O Benfica vai sempre ter de vender jogadores, mas com uma gestão adequada e com pessoas com capacidade para equilibrar as contas do clube, pode vender cada vez mais tarde. É isto que vamos ter de fazer, transformando uma situação que é em média de -15 milhões de euros numa situação positiva que pode ser de 30 milhões de euros. A partir daí teremos maior capacidade para pagar a dívida e de reter jogadores mais tempo no clube», destacou João Noronha Lopes.
Lê a entrevista completa de João Noronha Lopes ao Bola na Rede.