O Braga enfrenta o Feyenoord na quarta-feira, dia 24 de setembro, num jogo para a 1.ª jornada da Europa League. Este jogo entre portugueses e neerlandeses vem numa altura em que a disputa pelo sexto lugar do Ranking UEFA de Federações está mais acesa que nunca. Vamos relembrar como chegamos a este ponto e quais são as perspetivas para o futuro do futebol português na Europa.
Inicialmente é importante entender de que forma são calculados estes pontos, sendo a explicação da UEFA a seguinte: «O coeficiente é calculado através da obtenção de um valor médio: dividindo o número total de pontos obtidos pelo número total de clubes que, nessa temporada, representam a federação no conjunto das duas competições de clubes da UEFA. O valor obtido é, depois, somado aos valores das quatro temporadas anteriores, obtendo-se assim o coeficiente. Caso duas federações apresentem o mesmo coeficiente, será colocada em primeiro lugar a que ostentar um valor mais elevado na temporada mais recente.»
Os pontos são distribuídos da seguinte forma, havendo agora alguns ajustes pela mudança de formato das competições: 2 – Todas as vitórias da fase de grupos (UCL, UEL, UECL)
1 – Todas as vitórias em jogos de qualificação e «play-off» (UCL, UEL, UECL)
1 – Todos os empates na fase de grupos (UCL, UEL, UECL)
0,5 – Todos os empates em jogos de qualificação e «play-off» (UCL, UEL, UECL)
4 – Bónus de participação na fase de grupos (UCL)
4 – Bónus de participação nos oitavos-de-final (UCL)
4 – Vencedores dos grupos (UEL)
2 – Segundos classificados dos grupos (UEL) )
2 – Vencedores dos grupos (UECL)
1 – Segundos classificados dos grupos (UECL)
1 – A cada ronda que os clubes alcançam a partir dos oitavos-de-final (UCL, UEL, UECL)
Atualmente, são os Países Baixos que ocupam essa posição, mantendo-a desde o fim da temporada 22/23, e têm seis clubes (Ajax, PSV, Feyenoord, Utrecht, Go Ahead Eagles e AZ Alkmaar) ainda em competição nas três ligas europeias (Champions League, Europa League e Conference League), tendo dois clubes em cada. Do lado português, temos ainda em competição quatro equipas (Benfica, Sporting, FC Porto e Braga) representadas na Champions League e Europa League.
Em termos pontuais, os Países Baixos encontram-se neste momento com 61.866 pontos e Portugal com 57.866, ou seja, a diferença entre os dois países assenta neste momento nos 4.000 pontos. A subida na classificação dos Países Baixos começou na temporada 21/22 na qual conseguiram 19200 pontos através das prestações do Ajax que liderou o grupo de Champions League com 18 pontos, sendo depois eliminado pelo Benfica, e do terceiro lugar do PSV no grupo da Europa League. Porém, a maior parte dos pontos foi obtida através das prestações dos três clubes que estavam a competir na primeira edição da Conference League (Feyenoord, AZ e Vitesse). O Vitesse, segundo no grupo com 10 pontos, e o AZ Alkmaar, líder do grupo com 14 pontos, atingiram os oitavos-de-final da competição, enquanto que o Feyenoord, que também liderou o grupo com 14 pontos, foi mais longe e chegou mesmo até à final que acabou por perder contra a Roma.
Nesse mesmo ano, Portugal tinha três clubes representados na Champions League (FC Porto, Sporting e Benfica), o Braga na Europa League e dois clubes na Conference League (Paços Ferreira e Santa Clara) que não conseguiram chegar à fase de grupos da competição, tendo sido eliminados pelo Tottenham e Partizan, respetivamente. Na Champions League o Benfica chegou aos quartos-de-final, sendo eliminado pelo Liverpool depois de terminar em segundo no grupo com 8 pontos, o Sporting foi eliminado nos oitavos pelo Manchester City, depois de terminar também em segundo com 9 pontos. O FC Porto apenas conseguiu o terceiro lugar com 5 pontos, passando para a Europa League.
Na Europa League, o FC Porto atingiu os oitavos-de-final, sendo eliminado pelo Lyon e o Braga foi até aos quartos, sendo derrotados pelo Rangers, depois de ficar em segundo no grupo com 10 pontos.
Estas prestações deram 13.500 pontos a Portugal no ranking, o que não foi suficiente para manter o sexto lugar.
Desde então Portugal tem lutado para recuperar esta posição e talvez seja este ano que o conseguirá. Importante relembrar que este sexto lugar garante mais uma equipa na Champions League e mais lugares na Conference League. O que precisamos que aconteça para isso seja possível?
Para começar, Portugal precisa de recuperar a diferença de 4.000 pontos, sendo que, nos últimos 4 anos, conseguiu superar os neerlandeses no total de pontos em apenas 2 desses anos com uma diferença de 1.000 pontos. Desta forma, terá de ser um ano particularmente positivo para o nosso país e um ano negativo para os Países Baixos.
Com o investimento que os clubes portugueses, especialmente os três «grandes», fizeram neste mercado (Benfica 105 milhões, Sporting 69 milhões e FC Porto 94 milhões) as expectativas internas e do público são cada vez mais altas. A juntar a isso, a recente mudança de treinador do Benfica para José Mourinho pode ser um fator importante para uma forte campanha das águias, devido à vasta experiencia do treinador português não só a competir na Europa, como também sendo o único treinador a vencer todas as competições europeias.
Porém nem tudo tem sido positivo, a eliminação do Santa Clara no playoff da Conference League já deixa Portugal com apenas quatro equipas nas competições.
Do lado neerlandês os resultados têm sido positivos para as nossas esperanças pois o PSV e o Ajax já perderam o seu jogo de abertura na Champions League.
Focando agora no encontro entre o Braga e o Feyenoord, os bracarenses vão enfrentar uma equipa em excelente forma, que ainda não foi derrotada esta temporada e que lidera a Eredivisie com 16 pontos em seis jogos.
O mesmo não poderá ser dito em relação ao Braga que tem apenas uma vitória nos últimos cinco jogos e ainda não encontrou o seu ritmo depois de um verão no qual mudaram de treinador e perderam Roger Fernandes já no final de mercado.
O jogo tem tudo para ser muito disputado, porém, a solidez defensiva que ainda não vimos de forma consistente por parte do Braga vai ter de estar presente contra uma equipa que tem um fulgor ofensivo muito intenso e coloca muitos homens no último terço.
O Feyenoord usualmente alinha num 4-3-3 no qual os defesas-laterais (Jordan Bos e Givairo Read) tem um grande envolvimento ofensivo, oferecendo a largura para os homens do meio campo (Sem Steijn, Quinten Timber e Luciano Valente) criarem superioridade numérica em vários espaços diferentes. Os centrais do Braga terão de ter especial atenção a Ayase Ueda, um avançado bastante móvel que leva já cinco golos em seis jogos.
Assim, o habitual esquema de Carlos Vicens, que costuma colocar apenas dois homens mais fixos na zona central do meio campo poderá ter de ser ajustado em alguns detalhes para que não sejam aproveitados esses espaços. Jogadores como Florian Grillitsch, Vítor Carvalho ou Gabriel Moscardo podem assim talvez entrar no onze de forma a oferecer mais alguma solidez.
Alguém que pode causar alguns danos ao Braga pelas suas caracteristicas físicas e mobilidade é Jakub Moder, que está ainda em dúvida para o jogo de amanhã.
Destaque ainda para Anis Hadj Moussa, um jogador que é um desiquilibrador e muito dotado tecnicamente e que esteve associado a clubes portugueses.
Será então um jogo interessante enre duas equipas com objetivo de chegar às fases mais adiantadas desta competição.
O jogo terá inicio as 20 horas do dia 23 de setembro.
