José Mourinho realizou a antevisão do Benfica x Gil Vicente. Águias estão numa sequência de três jogos consecutivos sem vencer no Estádio da Luz.
José Mourinho fez a antevisão do duelo entre o Benfica e o Gil Vicente da sétima jornada da Primeira Liga. Depois do empate diante do Rio Ave na estreia do português na Luz, águias estão numa sequência de três jogos sem vencer em casa.
«A equipa está bem e preparada para amanhã. Podia falar do pouco tempo de treino e recuperação e da deceção com o resultado, mas não. A equipa está bem, agarramo-nos às coisas boas. Debatemos as coisas más que fizemos e tenho a convicação de que amanhã pode ser um bom dia para nós».
«Taça de Portugal? Bom sorteio para o Chaves, tem um jogo grande em sua casa e bom para os benfiquistas transmontanos. É complicado do ponto de vista desportivo, logístico, pela viagem e Champions League. Olhamos para o lado positivo, é a festa da Taça em Chaves, não tem futebol de Primeira Liga».
«Benzema? Foi a primeira vez que ouvi o nome e a possibilidade. Joguei contra a sua equipa um particular no Algarve. A última coisa que está no seu horizonte é regressar ao futebol europeu. Vai ficar ali, tem sido feliz e ganho título. Situação económica invejável. Quando se vai para a Arábia Saudita nesta idade, o objetivo não é regressar. A história do Benfica, apesar de ninguém me ter feito comentário, arriscaria dizer que não há possibilidade. Não entendo como o seu nome chegou a esta situação».
«Lukebakio? Não tem gasolina para 90 quilómetros, tem para 45 e se tiver híbrido um pouco mais. Temos de analisar bem e uma opção para tomar. Hoje ao nível da fadiga é o pior, amanhã ainda vamos treinar de manhã e depois tomaremos a decisão. Não tem gasolina para os 90 quilómetros».
«Aursnes a lateral? É importante estar em campo. Permite que tudo aconteça no jogo e ter uma solução alternativa a compensar a imprevisibilidade. Preciso de conhecer melhor o Obrador, treinámos pouco, jogou pouco. Analisei a vídeo o que fez com o Tondela e no Deportivo. Preciso de conhecer melhor e sabia o que o Aursnes me podia dar. Podia jogar mais por dentro, com o Schjelderup aberto, e dá-nos garantias em todas as posições. Se me perguntar qual o jogador que conheço menos é o Obrador, até pela sua personalidade. É introvertido e reservado e transmite-se no treino. Tenho de o ajudar a ser mais ele próprio e a perder a “vergonha”, entre aspas, para mostrar mais o potencial que tem».
«Prestianni no Mundial Sub-20? Vai. É importante para ele, para o Benfica também. Temos outras opções, é uma posição em que temos opções. Obrigá-lo a ficar e não lhe dar muitos minutos não é o correto. Amanhã está convocado e depois irá».
«Não penso no mercado de janeiro. O Benfica tem um bom plantel e os 3 avançados são bons. Quando digo presença na área falo em fisicalidade e um jogo diferente. Quando se joga contra uma muralha, tivemos sempre no último terço e tiveram sempre na área. Às vezes não dá para entrar em combinações, profundidades curtas e um jogador desse tipo vale dois pontos e não temos. O meu trabalho não é pedir, é desenvolver ao máximo os jogadores que temos».
«Estou aqui há uma semana e vamos para o terceiro jogo. Ainda mal começou. Estou cada vez mais focado nos outros, adeptos, direção, jogadores. Penso mais neles que em mim. É um bom sentimento».
«Queixa da APAF à Federação? Tenho de me adaptar. Tem sido uma característica minha. Agora a Liga Portuguesa é nova para mim. Tenho claro que a ofensa pessoal, pôr em causa a dignidade, não o posso fazer. E não o fiz. Se não posso criticar o trabalho do árbitro tal como milhões de pessoas criticam o meu trabalho, não penso que seja muito democrático. Não fiz nada que justifique qualquer tipo de ação disciplinar. Disse que o árbitro não teve influência no resultado do jogo, não disse que o golo tinha de ser validado. É o futebol dos dias de hoje. Se quiserem ser objetivos e for proibido falar dos árbitros, torna a missão mais fácil. Se me derem a diretiva de que é proibido falar do trabalho dos árbitros, facilita-me muito a vida».
«Antes do jogo não falo de árbitros. Não quero ostilizar, criar antagonismo ou um ambiente negativo, principalmente em casa. No fim do jogo, sinto-me no direito de elogiar – é um prazer elogiar árbitros, especialmente quando perco. Perdi com o Feyenoord e elogiei-o em Roterdão. Depois do jogo se sentir liberdade para fazer um comentário ao jogo, lúcido e pouco emocional, tenho o maior prazer. Poderei ajudar nalguma coisa. Desejo que depois do jogo com o Gil Vicente o árbitro foi um grande árbitro. É a coisa que mais prazer me dá».
«Richard Ríos? Vejo razões para o ajudar muito, tentar tirar o melhor dele e não lhe pedir coisas que ele tem alguma dificuldade em fazer. Tenho de estar perto dele, protegê-lo ao máximo e fazer com que mostre o bom que tem e esconda o que menos bom tem. Quando se pede isso, ele afunda no nível emocional. Tentámos fazer com que se sinta confortável para as pessoas verem o bom jogador que é. Sabemos da relação entre as expectativas e o preço. Um jogador entra em campo com um autocolante nas costas com os milhões da transferência. Não vou criar mais pressão no jogador, vou tentar fazer com que os níveis de confiança subam. O Rios joga de certeza amanhã».
«Palavras de Villas-Boas? Totalmente de acordo. Se for recebido como todos os treinadores do Benfica, com respeito e educação, sem amor e carinho, estou 100% de acordo. Se viesse à Luz um treinador ser recebido de maneira gloriosa não ficaria contente. O FC Porto é um clube extremamente competitivo e concordo com as suas palavras. Fazem parte da minha história, sem eles cada um tinha menos uma Champions. Sou amigo do presidente do FC Porto, mas eles querem ganhar e nós queremos ganhar».
«Cunho de José Mourinho? É muito difícil afinar, quanto mais jogamos mais fadiga significa e menos trabalho de campo. Afinar em reunião, em conversa e em grafismo é algo que não acredito. É uma parte mínima na educação técnica e tática. Ajuda o analisar. Vamos tentar não cometer os mesmos erros. Quando repetes, ou o nível não é muito alto ou há problemas cognitivos. Ao cometer erros e analisando ao detalhe, esperamos que estes erros não se voltem a cometer. Vamos fazer jogos 8X8 com seis treinadores e dois jogadores, com o Aursnes e um gajo qualquer que não sei quem é. Uns chegam terça, quarta e quinta e o diretor Mário Branco acertou na mouche no sorteio da Taça. Disse-lhe Sintrense, Atlético da Malveira, Atlético e ele Chaves. Não ajuda, depois Newcastle. Utiliza-se a pré-época para definir princípios. Apanhar uma equipa nesta altura não é fácil. Tenho de ser positivo e dizer que amanhã vai ser mais parecido ao que gosto».
«Gil Vicente? Parabéns ao César. Um dos meus muitos jogadores que virou treinador. Boa equipa, com dedo de treinador, bem organizada. Estive com ele na final da Champions e nunca mais estive com ele. Vai ser um prazer estar com ele. Precisamos de ganhar e vai ser amanhã».
«Ingenuidade e pouca experiência? Disse-lhes diretamente, mas no dia seguinte. A deceção era grande, quem esteve envolvido estava em baixo. Mais que crítica, precisavam de uma mão e que dividíssemos a responsabilidade. No dia seguinte, sou muito direto e objetivo, digo muita coisa boa e má. É uma situação que não deve voltar a acontecer. Podemos sofrer no último minuto, mas não em contra-ataque ou transição. Conversámos sobre isso e tentamos melhorar».
«Leandro Barreiro? O Bruno conhece os jogadores melhor que eu. Eu analisei-os contra e ele trabalhou meses com ele. Estou de acordo porque tem bom timing de chegada na área, se tiver preso e posicional sofre um pouquinho. Na Vila das Aves quando o meti a 6 é um jogador disponível. Um bom soldado, tenta cumprir o que se lhe pede. É rápido, bom na transição defensiva. Tem mais intenção e é perigoso chegando a partir de trás».
O Benfica x Gil Vicente arranca às 20h15 desta sexta-feira, dia 26 de setembro. Recorda o último treino das águias antes do jogo.