André Villas-Boas faz balanço do caminho no FC Porto: «O primeiro ano do meu mandato foi violento»

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O Bola na Rede está presente no Portugal Football Summit. André Villas-Boas, o presidente do FC Porto, falou em conferência.

André Villas-Boas foi um dos oradores do Portugal Football Summit. O presidente do FC Porto falou da carreira como treinador e dirigente e do momento dos azuis e brancos.

«De treinador para presidente é uma grande diferença. Terei das melhores equipas de gestão do país, por isso o crescimento. Foram 16 meses intensos de profunda transformação. O primeiro ano do meu mandato foi violento, sem títulos e de grande restruturação financeira. Movimentámos 450 milhões de euros e foi isso que salvou o clube. Tínhamos seis meses para pagar 150 milhões de euros. Fomos ajudados por sócios. Estamos no caminho de restruturação. A injeção de capital permitiu salvar o FC Porto».

«Sócios? É uma nova abertura aos sócios. Estamos a crescer 15% por ano em número de associados. Voltámos a crescer nestes últimos seis meses. Dá-nos sinais de uma nova forma de viver o associativismo e de que as pessoas querem viver um novo FC Porto associativo, com novas experiências. O portal dos sócios e da bilhética, a transformação dos lugares anuais, experiências únicas para os lucky fans, experiências em treino. Atenção mais ao detalhe e à importância dos sócios. O FC Porto tem lista de espera para lugares anuais, para camarotes».

«Sustentabilidade? Estamos num caminho de expansão da marca e crescimento internacional. É um grande desafio. Terá de vir associada às novas competições e formatos. Temos diferentes competições jogadas em diferentes modalidades, supertaças ibéricas, ligas-tranfronteiriças. A Supertaça Ibérica foi um desafio que lancei ao Pedro Proença e aos outros grandes, portugueses e espanhóis. Agora andamos todos às cabeçadas, mas foi muito bem acolhida pelo Barcelona, Real Madrid, Atlético Madrid, Benfica e Sporting. Vamos ver um AC Milan x Como na Austrália e um Villarreal x Barcelona em Miami. Um Casa Pia x Sporting ou FC Porto poderá ter 1.500 jogadores. Não poderia ter estádio cheio em New York, Genéve ou Paris? Foi uma exceção à que não querem dar continuidade, mas cabe às Federações aproveitar estas oportunidades junto dos imigrantes. São uma responsabilidade maior do futebol português. É preciso partir pedra e criar cimeiras de presidentes ricas em discussão».

«Formação? Estamos numa fase de investimento. Sofremos alterações profundas. No scouting parece que encontrámos a linha certa, mas tivemos de mudar a direção. Na formação estamos bem orientados, mas não temos infraestruturas. É conhecido por andar com a casa às costas. Com o arranque das obras do Centro de Rendimento, deve estar pronto em ano e meio ou dois anos, que terá o nome do Jorge Costa, iremos oferecer outras condições aos jovens. Esperamos ser capazes de alimentar a equipa principal de jovens talentosos. Temos o Rodrigo Mora, o Martim Fernandes, o Diogo Costa, o Vasco Sousa emprestado ao Moreirense. São as jóias do FC Porto e queremos mais. Quanto mais jovens e melhores jovens, melhor».

«Segurar Rodrigo Mora foi um desafio. Tivemos proposta de 50 milhões de euros, prometeu 63 milhões e nunca apareceu. Nunca venderíamos abaixo dos 115 milhões, aceitaríamos conversar por 70. A proposta não apareceu, o clube desapareceu. Está habituado a brincar com o FC Porto. Esperemos que com um portista como o Sérgio Conceição as relações melhorem. Mexer com a cabeça do miúdo não é moral».

«Expectativas? Contratámos um grande treinador, que só ficou livre pela grande desilusão no Ajax. Treinador de qualidade, motivou plantéis e estruturas, com ideias e estratégia. Sabe os valores FC Porto e da relação carnal entre o clube e os associados. As coisas arrancaram bem, mas o campeonato é muito longo. O Sporting está sólido, bem construído e bem treinado, um grande desafio. O Benfica fez um investimento muito forte e adicionou qualidade. Será difícil. É tudo muito prematuro, mas estamos num bom caminho. Conforta-nos a relação umbilical entre o treinador e a equipa, as ideias de jogo. É preciso evitar as lesões, estes imprevistos deitam abaixo a candidatura ao título. Uma lesão grave pode condicionar esses objetivos, podemos ter de ir ao mercado de janeiro».

«Futebol português? Um caminho que temos de trilhar em conjunto. Passa pelo partir pedra dos três grandes. A demografia portuguesa não tem paralelo com outros países. O FC Porto e o Sporting são apoiantes, o Benfica está num limbo quanto à centralização. Provavelmente dominamos 80% da demografia portuguesa. Há forte identificação regional [no estrangeiro] o que não se passa em Portugal. É retratável pela assistência em determinados clubes. O caminho para a centralização é a repetição dos jogos entre grandes. Pode ser aumentar para 20 clubes e ter um formato tipo Champions League, só com uma volta até dezembro e duas divisões. Uma coisa radicalmente diferente. Um FC Porto x Sporting ou Benfica seria logo jogado três vezes. Os três presidentes não se podem ver uns aos outros, mas temos um caminho a percorrer. Os outros clubes têm de se posicionar referente à especificidade do futebol português. Nos últimos 10 anos, a maioria sofreu injeções de capital estrangeiro. Se esperamos uma centralização com injeção de capital, quem nos diz que não recolhem o investimento e desaparecem, deixando os clubes na miséria? Há vários desafios. O VAR não está 100% operacional na Primeira e Segunda Liga. É uma das maiores vergonhas que podemos enfrentar. Ter presidentes de clubes que se recusam a investir e esperam pela FPF é uma vergonha. Precisamos da ajuda da Liga e Federação, de presidentes fortes e de andar em cimeiras de presidentes em que se discute. Sou presidente do FC Porto, defendo os interesses do FC Porto, mas para isso tenho de ver a marca do futebol português crescer. Alerto para diferentes temas. Pedro Proença conseguiu o milagre de votar para que o dinheiro das apostas desportivas fosse centralizado. Temos um valor recorde de distribuição, é o único clube que distribui para Primeira e Segunda Liga. Os grandes não querem ficar a perder porque a mais-valia está neste patamar».

O Bola na Rede está na Cidade do Futebol para acompanhar o Portugal Football Summit. Acompanha tudo sobre o evento.

Diogo Ribeiro
Diogo Ribeirohttp://www.bolanarede.pt
O Diogo é licenciado em Ciências da Comunicação, está a terminar o mestrado em Jornalismo e tem o coração doutorado pelo futebol. Acredita que nem tudo gira à volta do futebol, mas que o mundo fica muito mais bonito quando a bola começa a girar.

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