Pablo M. Fuentenebro é o atual chefe da secção de Futebol Internacional no Diario As e esteve à conversa com o Bola na Rede.
Pablo M. Fuentenebro esteve à conversa com o Bola na Rede. O chefe de secção de Futebol Internacional do Diario As, abordou vários temas, como a presença de jogadores portugueses na La Liga ou os crescimentos de Álvaro Carreras e Samu Aghehowa:
Bola na Rede: Seguramente tens acompanhado os jogos do Real Madrid. Como é que tens visto a chegada de Álvaro Carreras aos merengues?
Pablo M. Fuentenebro: Começou muito bem, está dentro dos preferidos de Xabi Alonso. Jogou todos os encontros, menos um, em que esteve a descansar. Além disso atua os 90 minutos. A sua exibição contra o Atlético Madrid pode ser criticada, mas está a render muito bem. Está a corresponder ao que mostrou no Benfica na última temporada. É um jogador de futuro para o Real Madrid e para a própria seleção espanhola.
Bola na Rede Acreditas que vai justificar os 50 milhões de euros investidos?
Pablo M. Fuentenebro: O Real Madrid não costuma gastar muito dinheiro sem grande fundamento. Acho que a aposta por Álvaro Carreras é para o futuro, como vimos no passado, no caso de Sérgio Ramos. É um jogador que tem umas caraterísticas algo parecidas com o Ramos. É aguerrido, tem qualidade, é um lateral que não tem medo de subir no terreno, gosta mais de atacar do que defender. Isso cai muito bem no Bernabéu. Acho que pode marcar uma era no Real Madrid.
Bola na Rede: O Gonçalo Inácio tem sido apontado ao Barcelona nestas últimas semanas. Vês nele a capacidade de assumir um lugar na defesa do Barça?
Pablo M. Fuentenebro: O Barcelona tem um problema grave na defesa. O Iñigo Martínez saiu mesmo no final do mercado para o Al Nassr e não souberam cobrir a saída do espanhol. Isto aconteceu principalmente por um tema económico. Têm ao Pau Cubarsi, que é um dos melhores centrais de Espanha e é o futuro da seleção espanhola, um Piqué, chamemos assim. O problema é quem vai fazer par com o Cubarsi. O Gonçalo Inácio pode ser uma alternativa. Têm sobre a mês a a renovação de Eric García, que até tem sido um dos melhores da equipa. Eu acho que eles necessitam de reforçar a posição de central, já que Christensen e Ronald Araújo estão a deixar mais dúvidas do que certezas.
Bola na Rede: Falando de centrais. O Renato Veiga chegou ao Villarreal no último mercado de transferências, proveniente do Chelsea. Ficaste surpreendido por esta mudança?
Pablo M. Fuentenebro: Olha, eu sei a 100% que o Renato Veiga priorizava jogar. No Chelsea queriam ficar com ele, mas ele dava prioridade em jogar e o Maresca não lhe ia dar os minutos que ele pretendida. Por isso saiu à Juventus ainda em janeiro passado, procurando depois novamente uma saída. Esteve em negociações com o Atlético Madrid, mas não se concretizou. O Villarreal é um sítio perfeito para ele crescer, já que vai acumular muitos minutos. Já vimos que o Roberto Martínez confia nele e pode ser um dos jogadores convocados para o Mundial 2026, inclusivamente ganhar a competição.
Bola na Rede: Mantendo-nos na Comunitat Valenciana, mas rumando à capital, o Valência conta com dois portugueses no plantel orientado por Carlos Corberán: Thierry Correia e André Almeida. Como analisas esta crise do clube, que acompanha a instituição nos últimos anos?
Pablo M. Fuentenebro: Valência está em crise leva muitos anos. A chegada de Peter Lim não assentou tão bem ao clube. Ele tentou sanear uma dívida gigantesca e teve que vender vários jogadores. Com Corberán está a tentar ir por um treinador de futuro. Chegou a um Valência muito difícil e conseguiu fazê-lo renascer durante a temporada passada. Esta época está a deixar mais dúvidas. Em relação aos portugueses, não estão a confiar muito neles. Correia vem de uma lesão muito grave e isso é uma desvantagem. Parece-me que o treinador confia nele e a pouco e pouco o vais introduzir na equipa. O André Almeida tem mais competência, é mais complicado. Corberán está a apostar por outro tipo de jogador.
Bola na Rede: Como analisam desde Espanha o desenvolvimento do Samu Aghehowa no FC Porto?
Pablo M. Fuentenebro: O Samu é um jogador que, se nada corre mal, vai estar no Mundial com a Espanha. Temos que ver que é um jogador que vai continuar no FC Porto, vai continuar a crescer e ainda é muito jovem. Está capacitado para jogar com outras equipas. Eu sei que o Samu tem interesse na Premier League e que existiram clubes da Premier League que perguntaram ao FC Porto por ele. Porém, o Samu tem a consciência de que está no FC Porto e tem que ir passo a passo. Ao ser tão jovem, ele prioriza ter minutos de jogo e isso faz com que o Luis de la Fuente possa ir a apostar mais nele.
Bola na Rede: Cada ano que passa, vemos jogadores espanhóis aos campeonatos portugueses. Acreditas que isto é positivo para o futebol espanhol? Achas que esta movimentação em massa vai continuar?
Pablo M. Fuentenebro: É positivo. Temos o exemplo do Gabri Veiga. Ele foi para o futebol saudita, tinha um contrato muito bom com o Al Ahli, e decidiu vir para o FC Porto, porque ele queria voltar para a Europa. Era uma equipa que lhe dava estabilidade para seguir a crescer, já que é muito jovem. Isto acontece com muitos jogadores. Na última temporada, vimos o regresso do Toni Martínez. Ele na Primeira Liga em Portugal marcou muitos golos. O jogador espanhol vê os campeonatos portugueses como uma oportunidade de jogar, de se poder desenvolver. Se pode ficar muitos anos, essa opção é bem vinda. Se tem que regressar a Espanha ou jogar outra competição, é outra mudança de ares, o que seja melhor para eles.