Antigo vice-presidente da área financeira de Manuel Vilarinho e candidato derrotado em 2020, com 34,71% dos votos, João Noronha Lopes regressa às eleições do Benfica com um discurso de rutura completa com o passado do clube. Sob o lema «Benfica Acima de Tudo», o gestor apresenta uma candidatura muito mais detalhada e madura do que há cinco anos, apostando muito na transparência para todos os sócios e adeptos.
Aos 59 anos, licenciado em direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e com uma experiente carreira no mundo empresarial, passou pela McDonald’s, onde foi vice-presidente em Portugal. O seu projeto eleitoral assenta em quatro pilares principais: ética e transparência, estratégia desportiva, relação com os sócios e modernização estrutural.
No plano desportivo, propõe uma reestruturação completa da área do futebol, com uma separação clara entre a direção do clube e a gestão da SAD. Defende a criação de uma estrutura mais competente, com profissionais especializados para garantir um recrutamento mais inteligente, sustentado por dados e análise de performance. A aposta na formação é outro ponto central, pretende devolver protagonismo ao Seixal, com planos de carreira definidos para jovens jogadores e treinadores, de forma a integrar mais talento português na equipa principal e tentar reter os jogadores mais tempo na equipa principal.

João Noronha Lopes promete também reduzir o número de contratações no Benfica e aumentar a qualidade das mesmas, privilegiando perfis que se enquadrem no modelo de jogo do clube. Para o futebol feminino, há um plano de investimento e ambição europeia, enquanto nas modalidades propõe um vice-presidente exclusivamente dedicado ao ecletismo, com um orçamento mais claro e equilibrado.
A nível institucional e financeiro, João Noronha Lopes defende uma auditoria externa aos últimos dez anos, a criação de um portal da transparência e a publicação regular dos dados sobre salários, contratos e comissões. Promete ainda congelar o preço dos Red Pass durante os próximos quatro anos e reforçar a sustentabilidade económica do clube, com receitas mais diversificadas e menor dependência das vendas de jogadores. Outro ponto importante do seu programa passa pela defesa ativa do Benfica no processo de centralização dos direitos televisivos, garantindo que o clube não sai prejudicado financeiramente e que irá receber aquilo que merece.
Quanto aos sócios, João Noronha Lopes propõe a criação da figura do Provedor do Sócio, uma estrutura independente para representar os sócios junto dos órgãos sociais. Quer também construir uma Casa do Sócio junto ao Estádio da Luz e relançar o plano de apoio às Casas do Benfica espalhadas pelo país.

Na vertente tecnológica e de marca, o candidato apresenta uma visão moderna, pois pretende criar um departamento de inteligência artificial e dados para melhorar o desempenho desportivo, médico e comercial. Já nas infraestruturas, planeia ampliar o Estádio da Luz para cerca de 83 mil lugares e modernizar toda a zona envolvente, sem recorrer a projetos comerciais.
Com eleições marcadas para 25 de outubro, o regresso de João Noronha Lopes promete agitar o universo encarnado. O gestor quer um Benfica mais exigente, competente e transparente. Resta saber se os sócios estarão prontos para trocar a continuidade pela mudança.