João Diogo Manteigas concedeu uma entrevista à CMTV para falar sobre o seu programa eleitoral. As eleições do Benfica estão marcadas para o dia 25 de outubro.
João Diogo Manteigas deu uma entrevista à CMTV para apresentar e esclarecer os principais pontos do seu programa eleitoral, a poucos dias das eleições no Benfica, marcadas para 25 de outubro. O candidato à presidência das águias abordou temas como o diretor do futebol e a relação com José Mourinho:
«Diretor para o futebol? Não vou revelar aqui, posso revelar o diretor para as modalidades. O diretor para o futebol será amanhã, é isso que está programado. Tenho a certeza que os benfiquistas vão gostar. O Mourinho é o treinador da equipa principal, mas há mais treinadores que terão que trabalhar com este diretor para o futebol. Trunfo? É estratégico da nossa parte e por acordo até com a própria pessoa. Continuo a insistir, é um nome que tem peso. Não trabalhou com José Mourinho no passado. É um nome que tem peso no panorama europeu. Com experiência que tem, reúne a identidade do Benfica».
O candidato explicou ainda que José Mourinho deve focar-se apenas nas questões técnicas e táticas do Benfica:
«Temos uma visão para aquilo que é gestão desportiva, seja Mourinho ou outro treinador qualquer. Quando digo que Mourinho não tem que se preocupar em dizer estas coisas é para protegê-lo. Com todo o respeito, isso parece ser uma visão limitada. Vou dar-lhe um exemplo do que aconteceu com Bruno Lage. Em duas conferências pronunciou-se sobre eleições. É um exemplo do que não deve acontecer. Não é uma questão de intrusão, mas sim de ser desnecessário. O que nós defendemos é que Mourinho ou outro treinador não se deve expor a outras situações em tempo de antena com outras situações que não relacionadas com o seu trabalho. Mourinho é um homem que ganha. Tem um perfil que as pessoas esperam que tenha um perfil de comunicador nato para tudo. Mourinho precisa de ser defendido? Acho que devemos proteger os ativos do Benfica e Mourinho é um ativo do Benfica. Nós estamos cá para fazer isso, sobretudo em situações de um empate ou derrota. Mourinho é ótimo na comunicação e percebemos que a sua contratação também vai nesse sentido. É válido. Conversa com Mourinho? Vamos conversar, apresentar o nosso plano desportivo. [Apresenta o projeto] Está aqui o resultado de um ano. São mais de 170 medidas. É isto que vamos implementar em quatro anos. E aqui está o nosso modelo desportivo, que apresentarei a Mourinho. Certamente que se sentirá motivado. Não há proibições. Vamos ajudar. Estou aqui para falar do Benfica. Mourinho só tem de fazer uma coisa – não teve mão no plantel, assumiu-o como é – e não vamos fazer exatamente a mesma coisa. Vamos entrar em outubro e vamos entregar a Mourinho a nossa visão. Ele conhece aquilo que lhe será apresentado. Há muitos comentadores que procuram contradições na nossa candidatura, mas não vão encontrá-las».
O candidato destacou ainda o objetivo de levar o Benfica aos 500 mil sócios através do associativismo:
«Vou dar-lhe um pelouro: associativismo. O Benfica tem vindo a perder identidade. É pouco falado na comunicação social, mas é muito importante para nós. Este pelouro tem muitas medidas para captar novos sócios. Queremos chegar aos 500 mil sócios. Casas do Benfica vão servir como um polo de atração. Temos um programa de Red Points para a Red Family. Os pontos podem ser ganhos através de compras de Merchandising. Associativismo será muito importante para nós».
Sobre o caso do acesso indevido a contactos de sócios, João Diogo Manteigas sublinhou que cabe ao clube esclarecer o sucedido:
«Não são os candidatos que estão de fora do Benfica que podem dizer se houve ou não. É o Benfica que tem de responder. Se o Benfica acredita que não fez nada de mal, o Benfica tem de olhar novamente para a sua proteção de dados. Ou o Benfica tem uma proteção que falhou – o que já aconteceu no passado com o caso dos e-mails – ou foi hackeado. O Benfica tem de perceber onde falhou e como falhou. Pode ser uma denúncia falsa. É a mesma coisa que um sócio de um outro clube pode vestir a camisola do Benfica e anda por aí a prevaricar só para prejudicar o clube. Benfica deve ser confrontado com isso e perceber se e como falhou».
João Diogo Manteigas garantiu ainda que entregará todas as declarações de rendimentos na tomada de posse:
«Eu pensava mesmo que ia estar aqui para falar de Benfica. Se faria o mesmo? Já disse que caso ganhe as eleições que vamos entregar todos as nossas declarações de rendimentos na tomada de posse. Ao longo dos quatro anos de mandato, no final vamos apresentar novamente e perceber o percurso que foi feito e perceberem que não foi feito nada de mal. Da minha opinião, o alvo de crítica a Noronha Lopes foi a forma como fazia a gestão. Acho que ele mostra uma coisa que não foi essa a crítica que lhe foi feita na peça jornalística em caso, o facto de ter mostrado a declaração de rendimentos não diz que seja um bom gestor. Eu não tinha feito daquela forma. Salário? Sim. Os sócios do Benfica aprovaram os Estatutos. A nossa equipa vai trabalhar 24 horas para o Benfica, as outras já percebi que não. Há uns anos havia uma capa do Vieira que dizia ‘Eu pago tudo com o cartão do Benfica’. Há uma Comissão de Remunerações. Foi criada para isto. Não sou eu que vou determinar a minha remuneração, são eles. Eu meto-me nas mãos dos benfiquistas, não tenho problemas com isso».
O candidato afirmou também que Martim Mayer e Luís Filipe Vieira têm estado em contacto nesta fase eleitoral:
«As pessoas que estiveram na Assembleia-Geral sabem o que se passou. Não consigo controlar as mentiras que os outros dizem. Esta semana tive a possibilidade de ouvir Luís Filipe Vieira num podcast e perceber que foi Martim Mayer quem lhe contou o que se passou na AG. Fiquei a perceber que Martim e Vieira falam e estão juntos nesta luta eleitoral. Ficou patente, até pelas imagens e vídeos que surgiram nas redes sociais, que Luís Filipe Vieira entrou acompanhado – ele diz que não, mas entrou – e que hostilizou aquela AG. O resultado de várias pessoas e sócios terem saído da AG – e eu respeito – foi porque não queriam ouvir Luís Filipe Vieira. O problema da AG surgiu num momento em que há um grupo de sócios que ficou dentro do pavilhão a falar e cantar alto e que não permitiu Vieira de falar. Foi o que aconteceu. Se concordo? Não. Quem quer ouvir, ouve. Quem não quer ouvir, não ouve. Vieira esperou apenas para falar a sua vez e depois foi-se embora. Isto é de um sócio benfiquista? Na penúltima AG em que esteve presente, apertou o pescoço a um sócio do Benfica. Na última aconteceu isto. E depois ainda ouço-o dizer que queria que as AG fossem televisionadas. Quem me dera…».
João Diogo Manteigas apontou falhas ao mandato de Rui Costa, sobretudo na vertente institucional do clube:
«Não uma questão de cortar ou não cortar. É uma questão de o Benfica se dar ao respeito. Rui Costa falhou institucionalmente nos últimos quatro anos. Sobre o futebol, há dois caminhos que nós gerimos: pastas institucionais transversais ao futebol – centralização dos direitos audiovisuais, os impostos, alteração dos quadros competitivos -, e aí sento-me com todos os presidentes à mesa, desde o Paulo Lopo, do Estrela da Amadora, até Frederico Varandas, do Sporting. Sento-me ao lado de toda a gente. Viemos para ser um ponto de equilíbrio, mas também para defender intransigentemente o Sport Lisboa e Benfica. Nos processos que temos de resolver, em conjunto com todas as sociedades desportivas, sentaremos com todos os clubes à mesa, mesmo aqueles que falem mal connosco ou nos tratem com indiferença. Na relação direta eu não tenho de ter relações com outros presidentes. Nos jogos, eu vou sempre me sentar [ao lado dos presidentes]. O que significa relação direta? A falsa questão de que hoje ainda existe muito o acordo de cavalheiros entre Sporting e Benfica em ir buscar atletas das modalidades. Isto é um mercado completamente aberto e livre. As pessoas fazem o que tiverem de fazer para ter os melhores plantéis e ganhar títulos. Ninguém vai passar por cima do Sport Lisboa e Benfica, muito menos connosco».
