O Benfica continua o percurso europeu sem somar pontos. Agora foi na casa nos magpies, em St. James’ Park que os encarnados viram o pesado resultado de 3-0, piorando a matemática de qualificação para a próxima fase.
O jogo já se previa difícil, mesmo que a esperança estivesse do lado dos portugueses. Afinal, iam jogar contra o 14ª classificado da Premier League. No entanto, as fragilidades do Benfica não alteraram, independentemente da competição.
Na primeira parte, a equipa de José Mourinho ainda se mostrou confiante e entrou bem no jogo, tendo alguma superioridade, posse de bola e jogadas bem concretizadas. A técnica do treinador era boa: evitar que o Newcastle conseguisse a bola e jogasse depressa, o que tanto caracteriza o clube inglês. Ao colocar Tomás Araújo no flanco esquerdo da defesa (sendo que o central é destro), antecipou a posse de bola, de forma a que, do outro lado, Dedic pudesse ser mais um jogador a ter bola, bloqueando assim o adversário. A arma mais poderosa das águias funcionou durante algum tempo. Lukebakio, extremo belga, foi o principal foco da ofensiva benfiquista, com quatro oportunidades de golo, mas nenhuma finalização.
O primeiro susto veio aos 8 minutos da partida, quando António Silva foi bem sucedido num corte entre o passe de Woltemade para Murphy. O canto que se seguiu permitiu a Burn cabecear, com força astronómica, para a baliza de Trubin: este que foi o homem do jogo por evitar um resultado ainda mais depressivo. Entre passes perdidos, pressão inglesa e tempo a correr, foi a equipa da casa a inaugurar o marcador, e a manter, até ao final do jogo, a vantagem com mais dois golos.

Mas afinal, o que falhou na equipa portuguesa? A resposta já se arrasta há algum tempo, e nem a mudança de treinador (sendo um dos melhores da história) veio alterar isso. O meio-campo do Benfica continua a ser o ponto mais fraco e os adversários sabem disso.
Supostamente, Richard Ríos veio para resolver esse problema, mas os milhões investidos ainda não conseguiram dar frutos. No entanto, não se pode pressionar o médio, porque o mesmo já sente essa pressão em todos os jogos, e por isso é que ainda não conseguiu mostrar o rendimento que, aparentemente, consegue dar.
O Newcastle sabia desta fragilidade, e obviamente preparou o confronto para que o contra-ataque fosse feito, não maioritariamente, mas também, pelo meio. Mas foi a dupla Woltemade e Antony Gordon que fez as delícias dos adeptos ingleses. Gordon inaugurou o marcador, ganhou a grande penalidade, e fez assistências para remates perigosos à baliza de Trubin.
A dança do Newcastle foi hipnotizante. A do Benfica, nem tanto. A dificuldade nas bolas paradas foi uma das grandes evidências ao longo da partida. A menção de honra vai para os adeptos benfiquistas que se fizeram ouvir nas bancadas do St. James’ Park ao longo dos 90 minutos, e até depois. Já a atitude do atual presidente do clube, dividiu opiniões. Por um lado, houve quem defendesse Rui Costa, aceitasse tirar fotos e trocar umas palavras. Por outro, houve quem interpretasse os aplausos como “bandeira de despedida”.
Ainda uma nota sobre a atitude do capitão dos encarnados, que não aceitou dar a flash. Claro que estar com a equipa quando a derrota é pesada e o desânimo ganha força é essencial, no entanto, não só de 11 jogadores se faz um clube. Os adeptos também mereciam alguma palavra, quanto mais não fosse de esperança que o esforço no próximo jogo será reforçado.