O Football Manager 2026 chegou finalmente. Depois do adiamento no ano passado, a Sports Interactive apresenta-nos um novo capítulo na história do jogo.
Depois de um ano de espera, o Football Manager 2026 chegou finalmente no dia 4 de novembro. A edição de 2025 acabou por ser adiada e, por isso, a expectativa para este lançamento era enorme. Quem joga Football Manager há anos sabe bem o peso que esta série tem, quase como se fosse um ritual anual, aquela curiosidade de ver os planteis, o que mudou, o que melhorou e o que continua igual. Desta vez, a espera foi longa, mas percebe-se o porquê. A Sports Interactive quis aproveitar o tempo extra para mexer a sério no FM 2026, e já se percebeu que não foi só mais uma versão atualizada, foi quase como um renascimento do jogo.
Logo ao abrir o jogo percebe-se a diferença. A interface foi completamente redesenhada, menus, cores, organização, tudo. Está tudo novo. Está mais limpa, mais moderna e mais intuitiva. Dá para perceber que houve uma preocupação em tornar a navegação mais fluida e lógica. Mas claro, para quem jogava FM há anos, esta mudança pode causar alguma estranheza no início. Afinal, estamos a falar de um jogo com décadas de história e uma base de fãs muito fiel. Adaptar-se a algo tão diferente leva sempre algum tempo.
Depois de algumas horas de jogo comecei a perceber o sentido destas mudanças. A estrutura faz mais sentido e a forma como tudo está organizado facilita muito o dia a dia de quem passa horas no modo carreira. As novas dinâmicas táticas são um dos pontos mais interessantes, agora o jogo diferencia melhor o que é jogar com bola e sem bola, o que deixa tudo mais realista e próximo do futebol atual e da realidade. As instruções táticas variam consoante o momento e o posicionamento do jogador em campo, o que dá muito mais profundidade ao planeamento das partidas. É um detalhe que parece pequeno, mas muda completamente a forma de abordar o jogo.
Outro detalhe que se destaca logo à vista é o salto gráfico da última edição para esta. O Football Manager nunca foi conhecido pelos gráficos, o foco sempre foi a simulação e as decisões táticas, mas desta vez o jogo está realmente mais bonito. As animações estão mais naturais, os movimentos menos mecânicos e o ambiente dos estádios tem muito mais vida. Não é um realismo de nível EA Sports FC ou eFootball, e nem precisa de ser. Mas é um avanço enorme e dá gosto ver os jogos a decorrer.
O realismo não se nota só nos gráficos, mas também nos detalhes que foram adicionados à experiência. Um bom exemplo é a transfer room, uma nova funcionalidade inspirada no mundo real, onde os clubes podem negociar transferências de forma direta, simulando algo muito parecido ao que acontece de verdade. É um toque de autenticidade que encaixa na perfeição no espírito do Football Manager, que sempre quis aproximar-se o mais possível do que é gerir um clube profissional.
Por outro lado, há algumas ausências que se sentem. Uma delas é o deadline day, o último dia de mercado que nas edições anteriores tinha um ambiente especial e cheio de tensão. Era aquele momento em que o relógio contava e as negociações aconteciam à pressa, criando uma energia diferente. Este ano, isso desapareceu, e sinceramente é uma daquelas pequenas coisas que faz falta.
Do ponto de vista técnico, há ainda alguns ajustes por fazer. Já foram encontradas pequenas falhas como menus que demoram a carregar e bugs pontuais. Nada que estrague o jogo, mas nota-se que ainda há arestas por limar. São coisas normais num título que foi praticamente reconstruído do zero.
No que toca ao conteúdo, o Football Manager 2026 continua a ser extremamente completo. As ligas estão todas atualizadas, os plantéis também, e a base de dados continua a ser uma das mais impressionantes do mundo dos videojogos. No caso português, só os três grandes, Benfica, Porto e Sporting, estão licenciados. É uma pena para quem gosta de jogar com clubes mais pequenos, mas já é algo habitual devido às questões de licenças e direitos de imagem.
Uma das novidades mais marcantes deste ano é, sem dúvida, a inclusão do futebol feminino. É algo que vinha sendo prometido há muito tempo e finalmente aconteceu. É um passo muito importante, não só pelo simbolismo, mas também pela forma como amplia o universo do jogo. Ainda há muito espaço para evolução nesta parte, mas é bom ver que a Sports Interactive está a apostar num Football Manager mais completo e inclusivo.
Claro que, com tantas mudanças, nem todos se vão adaptar de imediato. É normal que as primeiras horas sejam de confusão, especialmente para quem joga FM há muitos anos e já tinha uma rotina muito própria dentro do jogo. Há um período de adaptação inevitável. Mas é fácil perceber que as alterações foram feitas com uma ideia em mente, preparar o Football Manager para o futuro.
É o início de um novo capítulo na história da série. Há coisas que precisam de ser afinadas, mas também há uma clara vontade de inovar. A equipa da Sports Interactive podia ter jogado pelo seguro e lançado mais do mesmo, mas decidiu arriscar. E, na minha opinião, valeu a pena.
No balanço final, o Football Manager 2026 é um jogo sólido, ambicioso e com uma base muito promissora. Não é perfeito, mas mostra que a série está viva e com vontade de continuar a evoluir. A nova interface, as novas dinâmicas e o salto visual mostram que há uma visão clara para o futuro. A essência do FM está bem presente, aquela sensação de estar a comandar um clube, a planear táticas, a gerir egos no balneário e a viver o futebol de forma intensa. É isso que faz este jogo especial há tantos anos.
Como jogador que acompanha a série há muito tempo, vejo o este “novo” jogo como um recomeço. Se este for o ponto de partida para o que aí vem, então o futuro do Football Manager parece-me muito bem encaminhado.

