Rui Borges analisou o duelo da quarta eliminatória da Taça de Portugal. Sporting venceu o Marinhense e segue em frente.
O Sporting venceu o Marinhense por 3-0 e segue em frente na Taça de Portugal. O Bola na Rede esteve no Estádio de Alvalade e, em conferência de imprensa, teve a possibilidade de colocar uma questão a Rui Borges, treinador do Sporting.
Lê também a questão colocada a Renato Sousa, treinador do Marinhense.
Bola na Rede: Já aqui elogiou o jogo do Rodrigo Ribeiro, faltou o golo para se poder falar num jogo perfeito, e é notória a sua confiança nas ações em campo. A verdade é que na equipa B, ele tem jogado principalmente nas costas do avançado, a flutuar por essa zona. Depois de um jogo onde jogou a solo na frente do ataque, onde mais sente que o Rodrigo cresceu e que características mais exponenciou nos últimos meses?
Rui Borges: O Rodrigo joga numa posição onde também treina na equipa A. É um miúdo que tem tido um crescimento enorme nesse sentido e acho que pode dar resposta nas duas posições porque é um miúdo que é predestinado em termos técnicos. É refinado em termos de leituras, em termos técnicos, em termos de tomar boas decisões, decisões diferentes, muito focado. Dentro do que são as suas características, acreditamos que pode fazer as duas posições. Hoje jogou na frente e na equipa B tem jogado noutra posição onde treina na equipa A maioritariamente, até. Não me surpreendi nada. Já disse isto. Acho que ao Rodrigo faltava-lhe, e sendo honesto e sincero na resposta, porque foi esta a conversa que tivemos com ele numa fase inicial da época. Os miúdos às vezes têm de perceber que querem… Acho, para já, que o Rodrigo foi um miúdo que apareceu muito cedo. Se calhar a expectativa dele aumentou em demasia. Só que depois os miúdos querem dar um passo à frente daquilo que é o seu crescimento natura. O Rodrigo, na parte sénior, é um miúdo que optou sempre, e foi emprestado ao AVS, e teve poucos minutos. Não adianta ir para a Primeira Liga só para dizer que é jogador da Primeira Liga. Vai pelo processo, e o processo é a Segunda Liga que lhe vai dar outra competência e vai exigir dele outras coisas. Nós damos-lhe coisas em treino, mas o jogo dá-lhes outras coisas. Eu muitas vezes digo que só controlo 20% da equipa. Os outros 80% são tomadas de decisão e leituras individuais, dentro de um coletivo e de uma ideia de jogo, claro, e perante um adversário individualmente e coletivamente, também. Têm de passar por esse processo. Esta conversa tive com ele no início da época. Mais do que ir para a Primeira Liga e ter 200 minutos, é jogador do Sporting, ajuda a equipa B na Segunda Liga e tem 3.000 minutos, golos e cresce. Para o ano, olham para o Rodrigo como primeira solução para a Primeira Liga e não como segunda ou terceira. Este crescimento é natural nos miúdos e eles têm que perceber isso. Eles às vezes pensam que estão no Sporting e querem ir para a Primeira Liga. Se não jogarem no Sporting, querem ser emprestados para a Primeira Liga. Chegam à Primeira Liga, não jogam. Mais vale estarem na Segunda Liga e jogar. O crescimento é contínuo e vai proporcionar-lhe coisas que o vão obrigar a pensar em coisas diferentes. Isso é que é o crescimento. Claro que ajudamos a crescer, mas o jogo dá muitas coisas que o treino não dá. Isso é claro para mim. Ele tem tido esse crescimento e teve a capacidade de perceber que faz sentido. Está na equipa A do Sporting, é um jogador da equipa A, e se tiver de jogar na equipa B, joga na equipa B. Tem tido minutos, rendimento, golos, assistências e vai ter o crescimento dele. Para o ano, o Rodrigo é olhado de outra forma internamente, se calhar, e externamente também. Vão olhar sempre de outra forma porque tem números e estatística. O futebol hoje em dia é uma indústria e temos de olhar para o futebol um bocadinho dessa forma também. O jogador, principalmente os miúdos de equipas grandes, como a nossa, não pode querer dar dois passos e frente no crescimento natural. Vai fazer a diferença. Acham, às vezes, que ir para a Segunda Liga é perder um ano. Perder um ano se calhar é dar dois passos em frente e depois ter de vir para trás. Perderam um ano, não tiveram minutos. Aí é que perdem um ano e acham que jogar num escalão inferior é perder um ano. Não é. Crescem, e muito. Mérito dele e feliz. Disse que fiquei triste porque não marcou golo e é um miúdo que tem trabalhado imenso, tido uma capacidade enorme de perceber o jogo, entender, aprender. Quer jogar e isso deixa-me feliz.

