Chegou um dos momentos mais emotivos de toda a história do wrestling. John Cena, apelidado pela WWE como o melhor de todos os tempos, pendurou as botas no final deste sábado, depois de perder frente a Gunther no Saturday Night’s Main Event. Uma retrospetiva inteira da carreira dele resultaria num texto interminável, mas, tendo começado a ver wrestling em 2007, cinco anos depois da sua estreia, sinto que podemos repassar alguns dos melhores momentos e combates.
A estreia acontece num episódio do SmackDown em junho, em 2002, com as frases “I’m John Cena” e “Ruthless Aggression” a ficarem na memória. Tal como todos, Cena precisou do seu tempo para aumentar o seu estatuto, ganhando um título pela primeira vez em 2004, e tendo ficado perto de ganhar o Royal Rumble de 2005, num empate com Batista que depois, no ‘prolongamento’, levou à vitória do Animal.
Já depois de vencer o seu primeiro título da WWE, contra JBL na WrestleMania desse ano, outro momento marcante é um combate contra Rob Van Dam, na ECW One Night Stand, em que Cena teve uma das reações mais hostis por parte do público de que há memória. Já quando eu estava a ver wrestling, o primeiro grande momento é o Royal Rumble de 2008, em que Cena regressa muito mais cedo do que se esperava de uma lesão no peitoral e vence. De seguida, em 2010, ninguém se esquece da rivalidade com os Nexus (também porque o booking não foi o melhor), mas foi uma história em que vários jovens do NXT se tentaram impor contra aquela que já era uma das maiores estrelas da WWE.
Em 2011, Cena foi também protagonista de uma história que fica na memória: o Summer of Punk. CM Punk foi um dos maiores rivais do GOAT, enquanto tentava combater o regime de Vince McMahon, levando a promos e combates memoráveis. Essa história também se misturou com outra com The Rock, que Cena defrontou em duas WrestleManias consecutivas (apesar da primeira ter sido apelidada de Once in a Lifetime).
Outras rivalidades notáveis incluem os nomes de Brock Lesnar, que fez um regresso à WWE na altura para ter vários combates com Cena, Bray Wyatt, cuja personagem sobrenatural pôde trabalhar com Cena, ganhando visibilidade (ninguém se esquece do combate Firefly Fun House na WrestleMania 36), e também AJ Styles, que proporcionou alguns dos melhores combates que John já teve (incluindo este ano).
Para além de momentos, e para quem dizia que Cena não sabia lutar, também há combates que ficam na memória. Daqueles anteriores ao meu tempo, destaco o combate I Quit com JBL em 2005 e o TLC contra Edge em 2006. Para lá disso, há um Fatal 4-Way contra Shawn Michaels, Edge e Randy Orton no Backlash de 2007, ano em que também destaco um duelo contra Umaga (personagem muito importante e subvalorizada no desenvolvimento de Cena) no Royal Rumble de 2007.
Já falámos sobre Brock Lesnar e sobre alguns combates que teve contra o homem de West Newbury, e eu recordo um em particular, no Extreme Rules de 2012. Cena e Lesnar voltariam a fazer magia três anos depois, num Triple Threat que também incluiu Seth Rollins, no Royal Rumble de 2015. Dois anos antes disso, Cena teve a oportunidade de defrontar outro homem que também pendurou as botas recentemente, Daniel Bryan, no SummerSlam, proporcionando-lhe uma vitória impactante. Em 2015, realce também para uma luta contra um emergente Kevin Owens, no Money in the Bank. Por fim, antes deste ano, os combates que destaco na carreira de Cena são contra AJ Styles, no SummerSlam de 2016 e no Royal Rumble de 2017.
John anunciou no Money in the Bank do ano passado que este ano seria o último da sua carreira, com uma retirement tour planeada, com 36 aparições e com alguns combates. Cena tornou-se heel no Elimination Chamber, alinhando com The Rock e Travis Scott, numa parceria que, muito por culpa destes últimos dois, foi falhada. As opiniões sobre a heel turn dividiram-se e Cena voltou a ser babyface antes do SummerSlam e de um combate de grande nível contra Cody Rhodes, um dos melhores da sua carreira. Aliás, dois dos melhores combates de Cena foram este ano, voltando a fazer magia contra AJ Styles no Crown Jewel 2025.
Sendo Gunther o último adversário, as expetativas também eram altas e o combate não desiludiu. Seja como for, destes 25 anos de carreira, destaca-se a dedicação que Cena sempre teve para com o wrestling e para com a WWE em particular, fazendo questão de ter pelo menos um combate em todos os anos da sua carreira, mesmo quando já era muito mais part-timer, algo que poucos podem dizer. É um legado pesadíssimo que John Cena deixa para trás e que vai ser muito difícil preencher. As memórias que deixa são eternas.

