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Real Sociedad e Real Oviedo: 2 projetos em mudanças profundas

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Real Sociedad e Real Oviedo decidiram demitir os seus treinadores nos últimos dias, fruto dos resultados aquém do esperado. O caso do emblema das Astúrias ainda é mais grave, já que se trata da segunda mudança no comando técnico na mesma temporada. Sergio Francisco e Luis Carrión não conseguiram corresponder às expectativas, mas a explicação dos respetivos insucessos vai mais além do que se passa dentro das quatro linhas. Afinal, no mundo do futebol é muito mais simples destituir um treinador, do que um plantel ou uma estrutura inteira. É a peça do puzzle mais frágil, mas que conta com muitas responsabilidades. Ainda assim, tratam-se de dois projetos debilitados. Se no caso do País Basco, o mesmo já atingiu o seu auge, no exemplo das Astúrias, o mesmo não conta (ainda) com os alicerces necessários para atingir o objetivo da manutenção.

Começemos por San Sebastián. A Real Sociedad despediu-se no final da última temporada de Imano Alguacil, que estava no comando técnico da equipa desde 2018/19, a título definitivo. Havia um desgaste entre as partes evidente. Ainda assim, a estrutura acreditou que o caminho a ser percorrido era o correto, o que levou à promoção de Sergio Francisco, que orientava os B’s. Era a oportunidade de um vida para o técnico natural de Irun, que seguia os passos do seu antecessor.

Gonçalo Guedes na Real Sociedad
Fonte: Real Sociedad

Contudo, não foi a única mudança na estrutura. Roberto Olabe, fundamental para a construção daquilo que a Real Sociedad é hoje em dia, também decidiu deixar o posto de diretor desportivo, levando a uma nova promoção, com Erik Bretos (que era líder do scouting) a assumir a posição. Joaquín Aperribay, incontestavelmente um dos melhores presidentes da história da instituição de San Sebastián apostou pela linha da continuidade. Os resultados estão longe do previsto. Atualmente, os txuri-urdin ocupam apenas a 16.ª posição da La Liga, com 17 pontos, longe da disputa pelos lugares que dão acesso à qualificação europeia.

Este insucesso é, em parte, fruto do sucesso do passado. A Real Sociedad viveu anos de glória, consolidando-se no top 7 da La Liga, atingindo o seu apogeu em 2022/23, com a conquista do acesso à Champions League. A partir desse momento, a queda começou, embora 2023/24 se tenha notado de uma maneira simples. Os últimos dois anos têm sido para esquecer. O projeto da equipa foi-se desmoronando, com a saída de vários elementos fundamentais, como Mikel Merino ou Martín Zubimendi e o investimento não correu bem. Se os jovens da formação como Jon Gorrotxategi ou Ander Barrenetxea conseguiram assumir-se como fundamentais no onze inicial, o mesmo não se pode dizer dos reforços que custaram milhões. Há quatro nomes que explanam na perfeição o desastre que têm sido as últimas contratações dos bascos (embora na teoria tenham aparentado serem bons reforços à sua chegada): Umar Sadiq (20 milhões de euros), Arsen Zakharyan (13 milhões de euros), Javi López (6,5 milhões de euros) e Luka Sucic (10 milhões de euros).

Takefusa Kubo na Real Sociedad
Fonte: Real Sociedad

Os dois primeiros têm visto a sua passagem pelo Anoeta recheada de lesões, sendo que o ponta de lança inclusivamente já rodou pelo Valência. Já o lateral esquerdo vinha de fazer uma super temporada no Deportivo Alavés, mas não conseguiu subir o patamar, apesar da fácil adaptação (estava em Vitoria). O médio vinha com a dura missão de substituir Mikel Merino e não logrou tal sucesso.

O projeto da Real Sociedad estava destinado a jogadores muito específicos e é extremamente complicado atletas vindos de fora conseguirem o sucesso no imediato. Nos últimos anos, somente Nayer Aguerd conseguiu corresponder às expectativas. Gonçalo Guedes e Carlos Soler ainda têm margem para atingir os seus padrões habituais (o português já tem feito a diferença), enquanto que Orri Óskarsson terá que apresentar resultados mal regresse de lesão.

A falta de explosão de Takefusa Kubo também explica o declínio. O nipónico estava destinado a ser a cara do projeto, mas encontra-se numa posição de coadjuvante e cada temporada que passa a sua influência é menor. O extremo outrora foi apontado a grandes palcos, especialmente nas suas duas primeiras épocas de azul e branco. Contudo, aos 24 anos vive uma fase totalmente distinta, absolutamente desaparecido, longe de ser o que se previa. Na presente temporada soma 16 jogos, dois golos e uma assistência. A carreira de Takefusa Kubo é um bom espelho do que sucedeu à Real Sociedad. Simplesmente, não se conseguiu manter no patamar que atingiu, dando mais tristezas do que alegrias aos adeptos.

Pellegrino Matarazzo na Real Sociedad
Fonte: Real Sociedad

Joaquin Aperribay já apresentou a sua nova aposta para o posto de treinador e significa praticamente um rompimento com o passado. O dirigente quis fechar com um técnico estrangeiro e o nome eleito foi o de Pellegrino Matarazzo, com experiência na Bundesliga, adjunto por várias temporadas de Julian Nagelsmann. O alemão quer liderar um novo projeto, afastando-se de Imanol Alguacil e das suas ideias. Os primeiros resultados vão ser fundamentais para o sucesso e será feita uma análise atenta ao que vai acontecer na Real Sociedad durante o mercado de transferências. Em San Sebastián começou um período de transição, que necessitará de tempo para lograr o sucesso.

Nas Astúrias, vive-se uma situação mais delicada, com uma procura urgente de resultados. O Real Oviedo conseguiu regressar à La Liga, depois de 24 anos, nos quais viveu um período negro na sua história.  Veljiko Paunovic foi o herói da promoção e saberia que teria que contar com melhoras no plantel para conseguir lutar pela manutenção.

Este foi o primeiro grande erro do Real Oviedo, a falta de qualidade nos seus reforços. A direção desportiva tomou a decisão correta de deixar sair alguns jogadores, que embora importantes na la Liga 2, não tinham (pelo menos ainda) capacidade para estar no primeiro escalão, tais como Sebas Moyano, Carlos Pomares, Paulinho de la Fuente ou Francisco Portillo. Porém, as entradas no plantel foram muito a desejar, com um investimento praticamente nulo. Luka Ilic foi o investimento mais caro, custando dois milhões de euros, sendo que os carbayones optaram por contratar em definitivo Ilyas Chaira, por um milhão e meio de euros. Os restantes reforços aterraram no norte do país ou por empréstimo ou a custo zero. Falamos de nomes conhecidos, mas que nenhum vive um momento particularmente positivo na sua carreira. David Carmo, Eric Bailly e Leander Denconcker têm aqui uma grande oportunidade na sua carreira, depois e anos manifestamente negativos. Alberto Reina conseguiu uma merecida ‘promoção’ à La Liga, mas a sua experiência no escalão é nula. A contratação de Salomón Rondón somente se entende pelo facto do venezuelano fazer parte do Grupo Pachuca. Aos 36 anos, deveria somente ter a tarefa de dar experiência ao plantel (Santi Cazorla, ainda que mais velho, está noutro patamar em termos de qualidade), já que a sua última época na La Liga foi em 2011/12.

Santi Cazorla no Real Oviedo
Fonte: Real Oviedo

A montagem do plantel do Real Oviedo contou com várias falhas, que podem trazer consequências devastadoras no que a resultados diz respeito. Jesús Martínez optou por despedir Veljko Paunovic ao fim de oito jornadas (duas vitórias e seis derrotas), numa altura da temporada em que a equipa não praticava um mau futebol e a sua decisão foi questionada pelos adeptos. A saída do sérvio adensou o declínio e o descontentamento dos aficionados, principalmente devido ao eleito para o lugar do antigo jogador. Luis Carrión regressou ao Carlos Tartiere, após uma saída conturbada no final de 2023/24, época em que o Real Oviedo falhou a promoção, mas o técnico conseguiu subir o nível (assinou pelo Las Palmas).

O espanhol desiludiu. Tal como nas Ilhas Canárias, fez nove jogos e conseguiu zero vitórias, um recorde negativo que passou a deter, além de uma eliminação na Taça do Rei, aos pés do Ourense, da Primera RFEF. Luis Carrión conseguiu quatro pontos na La Liga, números abaixo de Veljko Paunovic e a direção do clube não perdoou.

O Real Oviedo ia para a sua segunda mudança de treinador ainda em dezembro, uma situação de ligar os alarmes, que recordava a clubes que foram despromovidos nas últimas épocas, principalmente o Granada de 2023/24. Jesús Martínez tinha aqui a grande oportunidade de renascer o clube para o que faltava da temporada. O eleito deixou a desejar e os adeptos não perdoaram nas redes sociais.

David Costas Real Oviedo
Fonte: Real Oviedo

A equipa decidiu contratar Guillermo Almada, que orientava o Real Valladolid, nome que conta com pouca experiência na Europa. O seu trabalho no José Zorrilla estava a ser alvo de críticas dos aficionados da equipa de Castela e Leão, com muitos a ficarem aliviados com a saída do uruguaio, que tinha deixado o clube na décima posição da La Liga 2.

Então, por que é que o Real Oviedo optou por contratar um técnico que nem no segundo escalão conseguia surpreender pela positiva: A resposta é simples, relações pessoais. Guillermo Almada, que tem um histórico de sucesso na América, é amigo pessoal de Jesús Martínez e treinou durante várias épocas o Pachuca. Assim, conseguiu uma oportunidade na La Liga, embora a mesma possa ser vista como um ‘presente envenenado’. O Real Oviedo está na zona de despromoção com 11 pontos, no 19.º lugar, a cinco pontos da linha de água. Os carbayones necessitam de reforços de uma maneira urgente e vários nomes já estão a ser associados (tal como Nico Fonseca, que também pertence ao Pachuca, ou Kevin Lomónaco) e a direção terá que investir vários milhões de euros.

Haissem Hassan, que deveria ser o craque da equipa, não está a representar o seu papel de maneira convincente, estando igualmente debaixo de fogo, dadas as várias polémicas principalmente na passagem de Veljko Paunovic (fazia vários gestos desagradáveis para o banco). O extremo é atualmente um ativo tóxico e uma venda em janeiro é um cenário provável.

Guillermo Almada
Fonte: Real Oviedo

Tal como no caso da Real Sociedad, a formação do Real Oviedo poderá fazer parte da solução, mas não resolve tudo, longe disso. Os asturianos necessitam de resultados imediatos para poderem manter o seu projeto de pé, já que uma descida à La Liga 2 pode desmantelar qualquer instituição. A instituição terá que fechar os olhos ao longo prazo nas próximas semanas, para se concentrar no imediato.

Esta é a grande diferença para a Real Sociedad, já que as decisões tomadas agora terão que ter em conta qual vai ser o caminho a seguir. Se no País Basco se tenta esquecer o passado recente (embora o mesmo seja marcado pelo sucesso e um apogeu), nas Astúrias não se quer voltar de onde se regressou, depois de 24 anos com muitas histórias para contar.

Uma coisa é certa, os dois emblemas necessitam de pontos para se aproximarem dos seus objetivos. Uma tarefa que não promete ser fácil.

David Carmo no Real Oviedo
Fonte: Real Oviedo
Ricardo João Lopes
Ricardo João Lopeshttp://www.bolanarede.pt
O Ricardo João Lopes realizou a sua formação na área da História, mas é um apaixonado pelo desporto (especialmente pelo futebol) desde criança, procurando estar sempre a par da atualidade.

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