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O plano estratégico do AVS SAD para tentar condicionar o FC Porto no Estádio do Dragão

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O FC Porto somou a oitava vitória consecutiva na Primeira Liga, a décima quinta na competição, depois de bater o último classificado AVS SAD por 2-0, no Estádio do Dragão. O início de temporada do conjunto da Vila das Aves tem sido marcado por grandes dificuldades. A equipa começou sob o comando de José Mota, passou depois por João Pedro Sousa – que também não conseguiu obter consistência exibicional – e acabou por recorrer a João Henriques na tentativa de inverter o ciclo negativo e dar nova direção à equipa.

Na estreia de João Henriques no comando do AVS SAD, frente ao Nacional, a equipa deixou escapar uma vantagem de dois golos, mas apresentou bons indicadores para uma formação que, neste início de temporada, se tinha mostrado anti-competitiva em vários encontros. Na antevisão ao jogo da 16.ª jornada, Francesco Farioli destacou a exigência da partida, salientando que João Henriques tinha apenas um jogo no comando do AVS SAD, o que tornava mais difícil analisar os padrões e dinâmicas da equipa adversária.

O jogo, sobretudo na primeira parte, confirmou essa exigência para os azuis e brancos. O AVS SAD apresentou-se num 5-4-1 em organização defensiva, e parte da estratégia passou por fechar os caminhos do corredor central, com os extremos Tunde Akinsola e Óscar Perea a juntarem-se frequentemente a Jaume Grau e Pedro Lima. O ponta-de-lança Tomané, ao contrário do que outras equipas têm feito no Estádio do Dragão, não teve parceiro na frente para condicionar o “6” do FC Porto. Centralizou-se no processo defensivo e acabou por ser o único a acompanhar as movimentações de Pablo Rosário, com intuito de tirar protagonismo ao médio da República Dominicana.

Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

Esta dinâmica defensiva, demonstrativa da boa organização do AVS SAD na primeira parte, obrigou o FC Porto a jogar muito pelos corredores laterais, onde William Gomes e Pepê se mostraram pouco assertivos e influentes na manobra ofensiva dos dragões. Em caso de lance individual dos extremos brasileiros, a equipa avense mantinha sempre um central a mais para sair sobre a bola, evitando confrontos de 1×1. Nos cruzamentos, a proteção era garantida pelo perfil físico e possante dos três centrais: Aderlan Santos, Cristian Devenish e Carlos Ponck.

Para contrariar essa estratégia, Victor Froholdt – através de uma dinâmica já explorada nos últimos jogos – começou a ter maior chegada à área, com movimentos de trás para a frente, aproveitando possíveis cruzamentos que surgissem para a área do AVS SAD. O médio norueguês criou, provavelmente, o lance de maior perigo da primeira parte, aparecendo sozinho ao segundo poste para cabecear, com Simão Bertelli a fazer uma boa defesa.

Considerando que os extremos do AVS SAD fechavam muito por dentro e Tomané assumia posição mais centralizada, os centrais do FC Porto estavam sempre livres para construir jogo no meio-campo adversário. No entanto, faltou maior risco, sobretudo a Jakub Kiwior, para utilizar esses passes verticais, direcionados a jogadores como Rodrigo Mora – pela capacidade técnica – e Samu Aghehowa – pela capacidade de segurar jogo e ligar melhor a equipa entre linhas.

Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

Com a bola não a entrar nesse espaço entre linhas, vimos Rodrigo Mora baixar algumas vezes para pegar no jogo na linha de Pablo Rosário e Victor Froholdt lateralizou em alguns momentos à direita, realizando trocas posicionais com Martins Fernandes, também para confundir referências individuais da equipa forasteira. Em resposta ao Bola na Rede, Francesco Farioli sublinhou que, na primeira parte, o FC Porto mostrou alguma dificuldade em ser criterioso com a bola e em agir com rapidez nas tomadas de decisão.

No processo ofensivo, a equipa do AVS SAD também mostrou capacidades e padrões interessantes para chegar ao último terço. Na construção, considerando a forte pressão do Porto, raramente saíram a jogar, obrigando Simão Bertelli a lançar bolas longas nos pontapés de baliza. Mesmo quando a construção partia do passe do guarda-redes brasileiro para um dos centrais, o intuito era rapidamente recorrer ao jogo direto. Uma das nuances interessantes da equipa de João Henriques foi a tentativa de afundar a equipa do AVS SAD numa primeira fase, atraindo o FC Porto a subir linhas e, depois, tentar o jogo direto com Tunde Akinsola e Óscar Perea, algumas vezes a ficar em 2×2 com Jan Bednarek e Jakub Kiwior. Considerando a capacidade aérea e física dos dois polacos, foi difícil aos extremos do AVS SAD criar vantagens – nota para mais um jogo positivo de Jan Bednarek.

Além disso, já numa fase mais adiantada, destacou-se a dinâmica do corredor direito – claramente o lado mais forte da equipa avense – que explorou triangulações entre Tomané, Diogo Spencer e Tunde Akinsola. Em alguns momentos do processo ofensivo do AVS SAD, vimos Diogo Spencer aparecer por dentro ou por fora, consoante os movimentos de Akinsola, enquanto Tomané baixava mais no terreno e lançava, sobretudo, para o ataque ao espaço do extremo nigeriano.

João Henriques AVS SAD
Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

João Henriques confessou, em resposta ao Bola na Rede, que não mudou absolutamente nada da estratégia inicial ao intervalo. No entanto, o FC Porto, através de uma bela jogada de Samu Aghehowa, adiantou-se no marcador, comprometendo os planos para a segunda parte. Os dragões revelaram-se mais ativos, não só na procura da baliza, mas também nessa procura incisiva do espaço central. Já o segundo golo surgiu novamente pelo avançado espanhol, que bisou de grande penalidade, encerrando quaisquer dúvidas no marcador.

Ainda assim, fica o sinal positivo para a equipa de João Henriques, que, apesar de contar com apenas quatro pontos na Primeira Liga e ter um caminho muito complexo pela frente, apresenta indícios promissores que devem ser valorizados. Quanto ao FC Porto, a equipa soma e segue. Difícil é descrever a capacidade deste FC Porto, que, mesmo não tendo a exuberância de um Sporting no plano com bola, destaca-se pela capacidade ganhadora, atlética e pela leitura precisa de todos os momentos de jogo, fator esse explicativo para uma primeira volta imperial – com 15 vitórias e apenas um empate frente ao Benfica.

Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

BnR na Conferência de Imprensa

Bola na Rede: Na primeira parte, o AVS foi fechando muito o corredor central e o Porto foi tentando explorar os corredores laterais, mas com algumas dificuldades na criação de perigo. Gostaria de lhe perguntar se o Porto poderia ter arriscado mais no passe vertical, sobretudo através de Jakub Kiwior, para jogadores como o Samu e o Rodrigo Mora entre linhas. E, por outro lado, tendo em conta esse cenário mais defensivo e organizado das equipas adversárias, quão importantes podem ser os movimentos de chegada à área de Victor Froholdt para aumentar a presença ofensiva da equipa?

Francesco Farioli: Sim, a análise é correta. Na primeira parte, não foi fácil encontrar o jogo interior, porque o adversário estava a jogar muito junto e a trabalhar muito bem para fechar quase todas as linhas de passe. Quando o espaço é reduzido, tens de ser muito preciso no passe, no controlo de bola, perceber mais cedo o que tu queres fazer quando recebes a bola e o que fazer depois, e acho que fomos pouco criteriosos nas tomadas de decisão. Na segunda parte, clarificámos quais eram as linhas de passe ou as possibilidades, e o primeiro golo ajudou-nos a abrir um pouco mais o jogo. Mesmo que, na primeira parte, tenhamos tido algumas situações, tu mencionaste o movimento do Victor Froholdt, que hoje também colecionou várias oportunidades a atacar a área. Continuar a trabalhar, a desenvolver, como te disse, as tomadas de decisão, para onde queremos ir, como queremos jogar, determinadas áreas… muitas coisas para fazer. E agora, com mais alguns dias do que o normal para trabalhar determinados momentos do jogo, vamos focar nisso.

Bola na Rede: Na primeira parte, o AVS criou dificuldades ao FC Porto, mantendo uma postura muito organizada em 5-4-1, fechando o corredor central e obrigando o Porto a jogar pelos corredores. Gostaria de lhe perguntar o que é que pediu aos jogadores ao intervalo para a segunda parte.

E tendo em conta a capacidade do AVS em explorar o corredor direito, parte da manobra ofensiva da equipa poderá passar por esse corredor, de forma a explorar melhor os perfis de desequilíbrio de jogadores como Spencer, Akinsola e Tomane, a baixar e a lançar?

João Henriques: Partia muito por aí, não deixar passar a bola dentro da nossa estrutura. Foi algo que nós trabalhamos e que conseguimos quase durante a maioria do jogo, deixasse que a bola fosse jogada para fora pelos corredores laterais. Nesse momento, criávamos ali alguma pressão, saltando os nossos laterais para fechar bola e depois, quando ganhávamos a bola, sim, tentar explorar, até porque nós baixamos propositadamente o bloco para explorar os corredores laterais do FC Porto e o espaço que nos estavam a dar nas costas. Isso era parte da estratégia. Também, da primeira parte para a segunda, não mudamos absolutamente nada. Foi uma bola perdida numa transição que dá aquela situação do primeiro golo. Foi algo que nós também dissemos, que era importante tirar a bola da zona de pressão imediatamente, porque o FC Porto é muito forte na reação à perda e nós queríamos, com um dois toques, tirar a bola da zona de pressão e explorar o lado contrário com a profundidade. Na maioria do tempo, nós conseguimos fazê-lo. Faltou-nos algum discernimento naquele momento de, por vezes, ficarmos no 1 para 1, 2 para 2 e aí sermos desequilibradores e também agressivos para rematar na baliza e tentar fazer golo. Foi só isso que nos faltou para sermos perfeitos. Obviamente, a perfeição passaria por não sofrer golos e nós sofremos.

Rodrigo Lima
Rodrigo Limahttp://www.bolanarede.pt
Rodrigo é licenciado em Ciências da Comunicação e está a frequentar o mestrado em Gestão do Desporto. Trabalha na área do jornalismo desportivo, com particular interesse pela análise de futebol.

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