Costuma dizer-se que o futebol é um desporto de inverno. Que só aqueles que aguentam os campos pesados é que poderão almejar o título. Não se pode dizer que o Benfica tenha colocado em real perigo o seu grande objectivo – a liderança, no máximo, será menos confortável -; porém, a falta de ideias da equipa a partir do momento do 2.º golo maritimista foi por demais evidente. E a enxurrada, não sendo explicação para tudo, ainda dificultou mais a vida.
Não é habitual no campeonato português, mas a verdade é que a forma como o Marítimo entrou frente a um grande (Benfica) causou um “rombo” táctico e mental na partida. Os maritimistas, sempre com elevados níveis de agressividade – com um ou outro exagero, diga-se -, aproveitaram da melhor forma a entrada macia e passiva do Benfica. Essa entrada materializou-se num golo e em mais três ocasiões claras para a equipa de Daniel Ramos. Nesta fase o Benfica não parecia ter antídoto.
Aos poucos, e sem nunca evidenciar uma superioridade avassaladora, o Benfica ia reagindo e empurrando o Marítimo para o seu meio-campo – os madeirenses foram também perdendo o gás… Nélson Semedo, a meias com Gonçalo Guedes, empatou o jogo.
Quando se pensava que se ia assistir a um aumento de intensidade e, sobretudo, a uma melhoria exibicional significativa, assistiu-se a … Uma moderada melhoria. Mesmo com uma ligeira melhoria colectiva, a exibição benfiquista nunca passou do q.b.. Pizzi ia tentando remar contra a maré, mas a dinâmica não era a melhor.
Eis que chegam minutos decisivos. A chuva, aos poucos, começa a tomar conta da partida, fazendo afastar a (pouca) criatividade benfiquista. Rafa obrigou Gottardi à defesa da noite e, pouco depois, o Marítimo aproveitou da melhor forma a passividade defensiva do Benfica. Até ao fim, a enxurrada trouxe poucas ideias e muito anti-jogo. Queimar tempo é diferente de desrespeitar as bases do jogo, tal como o conhecemos. O futebol está a mudar. Tal como o tempo mudou (um pouco) este jogo.
Foto de capa: CS Marítimo