O Passado Também Chuta: Os mitos do Clássico

o passado tambem chuta

Bate à porta um grande jogo. Aí está mais um jogo onde a rivalidade está marcada por um princípio quezilento. Era o ano de 1922 e o Sporting e o FC Porto tinham pela frente a disputa da finalíssima do Campeonato de Portugal. O FC Porto sagrou-se campeão, ganhou por 3-1. O Sporting Clube de Portugal zangou-se e o enfado durou todo um ano. Um ano mais tarde estas duas equipas que marcam a História do Futebol em Portugal voltam a encontrar-se na disputa da Taça Soares Júnior. Os dirigentes resolveram fazer as pazes. Como personalidades nascidas no século XIX trocaram flores. O Sporting ganhou o troféu por 2-1 e regressou feliz. Através dos tempos existiram jogadores em ambas equipas que se agigantaram e entram para a lenda destes dérbis na categoria de mitos. O FC Porto tem o seu maior mito no famoso Pinga, o Sporting deixou na lenda o avançado-centro dos cinco violinos. Chamava-se Fernando Peyroteo.

Como nesta ocasião o jogo é disputado no campo do FC Porto, usando a gentileza como principio, começarei pelo mito sportinguista. Não se deu até a data jogador sportinguista que fuzilasse mais vezes a baliza dos dragões. Fernando Peyroteo meteu a bola na rede trinta e seis vezes. Em 1938, numa das maiores goleadas do Sporting ao Porto e estando no início da sua carreira, Peyroteo marcou três dos seis golos sportinguistas. A sua lenda como jogador resolutivo começou cedo a entranhar na claque sportinguista. A sua capacidade de resolução e o seu pontapé forte e certeiro começou a escalar todos os valores. Nunca mais parou de marcar ao Porto e a toda equipa que se cruzava no seu raio de ação.

Hoje, é reconhecido como um maiores avançados-centro portugueses de sempre. Na época, possivelmente por coincidir na mesma linha avançada com um dos mais geniais jogadores portugueses de sempre, Travassos, era venerado, mas, principalmente era considerado um especialista, possivelmente, hoje, neste futebol tão marcado pela tática e estratégia, teria uma consideração muito mais elevada que teve no seu tempo. Lembremo-nos, para não falar dos atuais, do alemão Muller. No entanto, como jogador, ainda que fundamentalmente finalizador, tinha um chuto muito mais técnico e – além da potencia – muito mais habilidoso.

Uma lenda do Sporting Fonte: Sporting CP
Uma lenda do Sporting
Fonte: Sporting CP

O FC Porto tem no seu imaginário mais carinhoso e lendário um jogador que era conhecido pelo Pinga. O seu verdadeiro nome era Artur Sousa e era natural do Funchal. Se o Peyroteo era um especialista, Pinga, era um mago que inventava o jogo. Era um jogador do meio-campo que formou com Acácio Mesquita e Valdemar Mota uma linha apelidada como os Diabos do meio-dia. No ano de 1936, quando estalou a Guerra Civil espanhola, no antigo campo do Ameal deu-se um Porto-Sporting. Aconteceu a maior hecatombe sportinguista. Perdeu 10-1. Pinga fez um hat-trick. Os lançamentos de bola aos seus companheiros e sua inventiva, possivelmente, maravilharam muito mais que os próprios golos.

Esse jogo, para além da goleada, ficou marcado por um lançamento – mais um – que Pinga fez para o seu companheiro Santos que correu como um diabo á solta para a baliza leonina. O guarda-redes sportinguista, Artur, saiu com arrojo para travar o avançado dos Dragões. O resultado foi um tremendo choque que lesionou o guarda-redes. Artur Sousa, Pinga, foi considerando o melhor jogador português de sempre. No dia em que disse adeus aos campos de futebol, depois de uma terrível lesão, o campo do futebol do Porto chorou. Rezam as crónicas, metaforicamente, que a própria bola soltou lágrimas.

José Luís Montero
José Luís Montero
Poeta de profissão, José simpatiza com o Oriental e com o Sangalhos.                                                                                                                                                 O José não escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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