Que ténis querem, afinal, os tenistas?

Cabeçalho modalidadesJá há muito tempo que paira sobre o mundo do ténis profissional uma espécie de nuvem que ameaça a tão longa tradição do ténis. Umas vezes por pressão de patrocinadores, outras por parte dos atletas, esta conversa é daquelas que volta e meia volta à baila no mundo da bola verde.

Se a época profissional masculina experimentou, na reta final do seu circuito, uma série de mudanças (bruscas, diga-se de passagem) naquela que foi a edição de estreia do ATP NextGen Finals, em 2018 será a vez de também a ITF (Federação Internacional de Ténis) aplicar alterações (há muito reivindicadas por muitos atletas) ao formato da Taça Davis. Para já, as alterações serão aplicadas a título experimental e apenas nos Grupos I e II – não se estendendo, para já, ao Grupo Mundial.

A proposta da ITF passa por encurtar os encontros, passando estes a ser disputados à melhor de três sets (ao invés de cinco – como sempre aconteceu) e reduzir também os dias de competição: ao contrário dos tradicionais – dias de prova (em que são disputados dois encontros de singulares no primeiro e terceiro dias, e o encontro de pares no segundo) em 2018 as eliminatórias serão apenas disputadas durante sábado – dois singulares – e domingo – par e, se necessário, os restantes encontros de singulares até a eliminatória estar concluída.

Fonte: Reuters
Fonte: Reuters

É certo que o ténis – à semelhança da generalidade das modalidades- é um desporto em evolução, e isso só significa que está vivo e com novas ideias. No entanto, vivemos numa época em que no mundo do desporto, muitas vezes o desporto em si é o que menos manda: pressões surgem cada vez de companhias televisivas, entidades patrocinadoras, apostadores entre muitos outros baseadas todas elas no mesmo: dinheiro.

A Taça Davis era, em tempos, o sonho de todo o tenista profissional. John McEnroe, Yannick Noah, todos os atletas lutavam até à ultima gota de suor para que o seu país saísse vencedor da batalha que disputava. Fernando Meligeni – antiga estrela do ténis brasileiro – assumiu que o que faz da Davis Cup um evento ímpar é exatamente o facto de ser longa, cansativa, ruidosa, levando muitas vezes os jogadores à beira de um ataque de nervos. Hoje assistimos a uma realidade completamente diferente.

Não é surpresa para ninguém ver Nadal, Federer, Djokovic e restantes porta-bandeiras de muitos países, abdicar de representar o seu país na prova para descansar, optando por se prepararem para disputar outras provas do circuito ATP. Parece que ser patriota passou de moda, e isso é algo que me entristece um pouco enquanto adepto da modalidade.

Se por um lado concordo com o argumento principal dos jogadores (queixam-se que a época é demasiado longa, demasiado preenchida com torneios e competição), por outro deixo a pergunta para os leitores: por que razão se corta na única prova verdadeiramente ímpar e uma das mais emocionantes para os fãs, jogadores, e todos os envolvidos na modalidade, e não nas dezenas de torneios do circuito ATP que preenchem verdadeiramente todas as semanas do ano? Será que o mundo do futebol aplaudiria um corte no Campeonato do Mundo de Futebol – imagine que este se passava a disputar só com 8 equipas, disputando se a Final entre o vencedor de cada grupo. Soa estranho não soa?

Fonte: Reuters
Fonte: Reuters

Dos dois lados da balança devem ser colocadas as expetativas e considerações dos atletas, mas também se deve ter em conta o espetáculo desportivo, no qual os fãs são, sem margem para dúvidas, o principal protagonista. Se a evolução do desporto se cingir meramente à evolução dos interesses económicos de muitos intervenientes nas modalidades, então, podemos voltar a recuperar as velhinhas cassetes VHS, e reparar o leitor, porque o desporto de antes era, sim, um verdadeiro hino à emoção pelas modalidades que tantos adeptos adoram.

Foto de Capa: AP

Henrique Carrilho
Henrique Carrilhohttp://www.bolanarede.pt
Estudante de Economia em Aarhus, Dinamarca e apaixonado pelo desporto de competição, é fervoroso adepto da Académica de Coimbra mas foi a jogar ténis que teve mais sucesso enquanto jogador.                                                                                                                                                 O Henrique escreve ao abrigo do novo Acordo Ortográfico.

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