O ano 2017 foi rico em grandes encontros de ténis, sobretudo no circuito ATP. Roger Federer e Rafael Nadal regressaram ao seu melhor nível, tiveram confrontos diretos e, como tal, a dificuldade passaria sempre por decidir qual deles o melhor. Porém, aquele que consideramos como “O Encontro do Ano” até nem tem o suíço como protagonista, mas antes baby Fed, tido por muitos como o seu legítimo sucessor.
Foi precisamente no Australian Open, torneio que contou com uma super-final “Fedal”, que na meia-final se encontraram Rafa Nadal e Grigor Dimitrov. O espanhol mostrava ao mundo, no início da época, que estava ainda bem vivo para o ténis e que as suas recorrentes dificuldades físicas se encontravam aparentemente ultrapassadas; o búlgaro, inconsistente de longa data, parecia finalmente estar a caminho de uma época ao nível que todos sempre lhe reconheceram.
Perante uma Rod Laver Arena repleta de público, aquilo a que todos tiveram a oportunidade de assistir foi a quatro horas e 55 minutos de intensidade tenística e drama, num encontro épico que jamais será esquecido pelos adeptos da modalidade. Nos primeiros sets o equilíbrio foi nota dominante: Nadal entrou melhor na partida e venceu o primeiro parcial por 6-3, mas Dimitrov reagiu no segundo, que acabaria por vencer por 7-5. Daí em diante pouco ou nada mudou: Nadal levou a melhor no terceiro set, vencendo por 7-6(5), e Dimitrov reagiria no parcial seguinte, fechando-o em 7-6(4).
Chegados ao terceiro set, com 3-3 no marcador, o nível de ténis apresentado de parte a parte era ainda impressionante: se num momento os jogadores pareciam em dificuldades físicas, no momento a seguir estes iam “buscar bolas” aparentemente impossíveis e realizavam extraordinários passing shots. 4-4 no marcador, Dimitrov a servir e Nadal, finalmente, conseguiria quebrar o serviço do opositor. Com 5-4 e Nadal a servir, o espanhol não tremeu: fechou o quinto set e marcou encontro com Roger Federer na final à qual todos desejavam assistir. Dimitrov jogou muito bem, fez 20 ases e 79 winners mas, ainda assim, não conseguiu vencer. Os 70 erros não forçados do búlgaro, face aos 43 de Nadal, acabariam por sentenciar o encontro.
No cumprimento à rede, Rafa terá dito a Dimitrov que se este continuasse a jogar daquela forma, certamente um dia iria vencer um título do Grand Slam. Se por um lado, com esta derrota, o búlgaro acabaria por não conseguir concretizar o sonho de uma vida (disputar uma final de um torneio do Grand Slam frente a Roger Federer), por outro lado Nadal mostrou-se parcialmente acertado na sua profecia: ainda que não tenha vencido qualquer dos torneios seguintes do Grand Slam, Dimitrov acabaria por fechar a época com a conquista do ATP Finals.
Foto de Capa: ATP World Tour
Artigo revisto por: Beatriz Silva