Ao arranque da segunda jornada do grupo A do Mundial 2018 na Rússia, muitas das surpresas têm vindo dos anfitriões. Quase é possível associar esta seleção a uma caixa com um sortido de vários doces. Fiz uma pesquisa rápida na maior enciclopédia do mundo (o Google, não leram isto) e não quero arriscar em associar Denis Cheryshev a um doce russo. Fico-me por uma espécie de “mon cheri”, mas em vez de levar aquele toque de licor, tem vodka à moda moscovita e não deixa ninguém indiferente. Um conjunto de bons doces aumenta a probabilidade de a montra da loja russa ficar vazia, pois toda a gente quer provar.
O avançado de 27 anos que tem feito furor nas alas russas neste Campeonato do Mundo, atua no Villarreal de Espanha e já jogou no Real Madrid, clube de onde é formado. Todavia, não chega lá perto como totalista da seleção russa neste Mundial. Já leva três golos, em apenas 140 minutos dentro campo, repartidos em dois jogos. Um feito inédito na história do futebol soviético/russo, pois a última vez que alguém marcou três golos em dois jogos pela Rússia/URSS foi Porkujan em 1966.
Cheryshev é o único das escolhas de Stanislav Cherchesov que não joga e nem nunca jogou no campeonato russo. Pela estratégia russa e as capacidades de criação, Cheryshev é aquele docinho mais forte cuja aposta que 1) parece que não era para surgir tão cedo ou 2) foi uma surpresa que o colocou na titularidade da Rússia. Fico-me mais pela segunda opção, mas sou suspeito devido à confiança da equipa e do seleccionador que vai mais para além do fator de jogar o Mundial em casa.
A agradável surpresa Cheryshev surge de forma madrugadora devido à lesão de outra das referências russas – o médio Alan Dzagoev – no jogo de abertura do Mundial que deu em goleada por 5-0 contra a Arábia. Ao minuto 24, o ‘camisa 10’ do CSKA de Moscovo sai lesionado e eis que surge Cheryshev, o número 6. Cerca de 20 minutos depois, o impacto surge com um golo de contra-ataque antecedido de um pormenor que ‘faz sentar’ dois adversários sauditas.