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A mobilidade do Braga que criou problemas ao Benfica e a importância de Georgiy Sudakov e Fredrik Aursnes na reação das águias

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Braga e Benfica protagonizaram um dos jogos mais emocionantes desta temporada na Primeira Liga. As duas equipas empataram a duas bolas, no Estádio Municipal de Braga, num encontro de emoções fortes, a contar para a 16.ª jornada do campeonato. No plano tático, José Mourinho voltou a contar com Leandro Barreiro e lançou o médio luxemburguês no onze inicial depois de dois jogos de ausência por lesão. Tendo em conta o modelo de jogo recente adotado pelo técnico do Benfica, muito por força da ausência de jogadores com um perfil mais desequilibrador, a equipa encarnada passou a privilegiar o processo ofensivo com muitos jogadores pelo corredor central. Aursnes, Sudakov e Leandro Barreiro surgiam próximos, apoiados ainda por Enzo Barrenechea e Richard Ríos.

Perante esta concentração de jogadores numa zona tão nevrálgica e importante para a equipa do Braga, Carlos Vicens voltou a recorrer a várias das dinâmicas já utilizadas frente ao FC Porto, tanto na estrutura da equipa como nas escolhas para o onze inicial. Pau Víctor foi novamente titular e teve um papel fundamental. Os primeiros 30 minutos do Braga foram de clara imposição sobre o Benfica, com a equipa minhota instalada em grande parte no meio-campo adversário. Tal como no Estádio do Dragão, Pau Víctor assumiu um papel híbrido, descendo frequentemente no terreno para reforçar o corredor central e funcionar como um quarto ou quinto médio na saída desde trás. Este posicionamento não só criou superioridades num espaço-chave do jogo, como também levantou dúvidas nas referências defensivas do Benfica. Se Otamendi acabasse por ser atraído, o Braga encontrava espaço para explorar a profundidade, através de bolas longas para possíveis ataques ao espaço de Ricardo Horta ou Leonardo Lelo.

Depois de alguma dificuldade no início da temporada em potenciar jogadores como Rodrigo Zalazar e Ricardo Horta – muitas vezes demasiado presos aos corredores – , é justo reconhecer a capacidade de adaptação de Carlos Vicens. Frente ao Benfica, a mobilidade e a sintonia entre Zalazar e Ricardo Horta acabaram por ser determinantes tendo em conta a inteligência e as capacidades técnicas dos dois jogadores. Viu-se várias vezes Ricardo Horta a sair do corredor esquerdo ou do centro para o lado direito – o flanco mais forte do Braga – para combinar com o médio uruguaio e criar vantagens no corredor.

Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

O Braga atraía o jogo para a esquerda para depois acelerar à direita e beneficiou também da polivalência e segurança de Víctor Gómez oferece. Inserido no sistema híbrido de Carlos Vicens, o lateral espanhol desempenhou várias funções: defesa-central pela esquerda em organização defensiva, lateral em alguns momentos e presença frequente em zonas interiores em organização ofensiva, contribuindo para as superioridades criadas.

José Mourinho respondeu com uma abordagem diferente no momento defensivo, com Fredrik Aursnes a recuar para uma linha de cinco à direita, tentando condicionar a mobilidade do Braga, sobretudo através da vigilância a Ricardo Horta ou Leonardo Lelo dependendo dos posicionamentos. Ainda assim, a equipa minhota conseguiu, em vários momentos, fixar e afundar os médios do Benfica para muito do eixo defensivo encarnado, o que dificultou a reação e possíveis saídas efetivas para o ataque – Richard Ríos e Enzo Barrenechea apareceram diversas vezes praticamente alinhados com os centrais e laterais do Benfica.

A resposta de José Mourinho chegou ainda na primeira parte. Amar Dedić passou a pressionar mais alto sobre Leonardo Lelo, e libertou Aursnes mais dessas tarefas defensivas, permitindo que o Benfica quando recuperasse bola, beneficiasse logo dessa liberdade posicional do médio norueguês. Além disso, Leandro Barreiro também beneficiou desta alteração, uma vez que passou a ter referências mais próximas e maior equilíbrio posicional quando o Braga progredia pelo lado esquerdo, sobretudo através de Arrey-Mbi.

Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

O Benfica acabou por chegar à vantagem aos 29 minutos, num cruzamento de Georgiy Sudakov para o cabeceamento certeiro de Nicolás Otamendi. No entanto, a reação do Braga foi imediata e eficaz. Rodrigo Zalazar converteu uma grande penalidade aos 38 minutos e, já em tempo de compensação (45+1’), Pau Víctor colocou os minhotos na frente do marcador antes do intervalo.

Na segunda parte, o Benfica apresentou uma predisposição diferente, mais agressiva nos duelos e mais assertiva sem bola. Com posse, arriscou mais no passe vertical e na circulação rápida de flanco a flanco. Tal como o Braga fizera antes, o Benfica passou a atrair no corredor esquerdo, com Samuel Dahl forte nas combinações e no jogo apoiado, para depois explorar o lado direito, onde surgiam Fredrik Aursnes e Amar Dedić. Foi precisamente desse lado que nasceu o empate, com um excelente remate de Fredrik Aursnes.

A melhoria ofensiva do Benfica passou, sobretudo, pela influência de Georgiy Sudakov, Fredrik Aursnes e Vangelis Pavlidis. Os dois médios revelaram melhor timing nos movimentos de fora para dentro, procurando receber entre linhas e enquadrar. Pavlidis, por sua vez, passou a baixar no terreno para combinar, oferecendo mais soluções de passe – algo que não conseguiu fazer com eficácia na primeira parte, porque para além da pressão individual e a todo campo do Braga, também pareceu estar algo distante dos colegas de equipa. Também Otamendi e Tomás Araújo estiveram mais confortáveis com bola, quer no passe vertical, quer na condução. O defesa português, numa dessas incursões, criou mesmo uma ocasião flagrante para recolocar o Benfica em vantagem.

Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

Em declarações ao Bola na Rede, Carlos Vicens reconheceu que a equipa perdeu parte da mobilidade exibida na primeira parte, procurando mais a profundidade do que seria desejável. Essa quebra permitiu ao Benfica ganhar mais segundas bolas e ter ataques continuados.

Ainda assim, o empate manteve-se até ao final. O Benfica não conseguiu encurtar distâncias para os rivais diretos e vê-se agora a cinco pontos do Sporting, podendo ficar a dez do FC Porto, caso os dragões vençam o AVS SAD. Já o Braga falhou a oportunidade de assumir o quarto lugar, após o empate do Gil Vicente em Arouca, e mantém-se a um ponto da equipa de César Peixoto.

Terá sido este empate a machadada final nas aspirações do Benfica ao título?

Fonte: Diogo Cardoso / Bola na Rede

BnR na Conferência de Imprensa

Bola na Rede: O Braga voltou a mostrar muita mobilidade no ataque e criou várias dificuldades ao Benfica na primeira parte, nomeadamente através da criação de superioridades nos corredores. Queria perguntar-lhe: quão importante é para a dinâmica do Braga colocar jogadores como o Ricardo Horta e o Rodrigo Zalazar no mesmo corredor para dificultar o trabalho defensivo dos adversários?

Carlos Vicens: Sim. Quando preparas os jogos, dinâmicas no ataque, é importante, para nós, que os jogadores se possam encontrar entre eles (em campo), que saibam que a partir de uma organização que é comum na forma como temos jogado nos últimos meses, que tenham a capacidade de se distribuir no campo para nunca deixar de oferecer linhas de passes úteis para a nossa saída de bola. As equipas estudam-nos e tentam organizar-se para dificultar a nossa saída (para o ataque), e é aí que temos de ser capazes de oferecer esse tipo de dinamismo. Na segunda parte também nos faltou esse dinamismo, também pela falta de frescura, o que é normal. Tivemos de buscar a profundidade mais do que desejávamos. E também pelos mesmos fatores, não ganharmos muitas das segundas bolas, isso fez com que os ataques de continuidade fossem mais do Benfica do que do Braga. Então, por tudo isto, é um aspeto do jogo que nos tem dado muito, mas precisamos de continuar a trabalhar para nos dar mais no futuro.

Bola na Rede: Na primeira parte e no processo defensivo, o mister colocou o Aursnes à direita na linha de 5, mas o Benfica pareceu ter algumas dificuldades em lidar com a mobilidade do Braga. Na segunda parte no Benfica, para além da agressividade com e sem bola, pareceu existir melhor timing nas movimentações de Sudakov e Aursnes para zonas interiores, permitindo aos laterais manterem largura. Gostaria de lhe perguntar se foram estes os fatores-chave para a reação do Benfica na segunda parte e se explicam este empate?

José Mourinho: Eu gosto honestamente de falar contigo e com os teus colegas do Bola na Rede. Mas como dizia anteriormente, eu jogo com o Braga daqui a uma semana e não quero entrar por aí, limito-me ao pragmatismo das coisas. Na primeira parte sim, o Braga criou-nos dificuldades, na segunda parte fomos nós a dominar, a controlar, a criar dificuldades ao Braga. Os motivos pelos quais se desenrolou assim na primeira e assado na segunda, é o tal tipo de coisa que não quero fazer. Se jogasse daqui a 4 meses com eles, teria maior prazer, mas jogo com eles para a semana.

Rodrigo Lima
Rodrigo Limahttp://www.bolanarede.pt
Rodrigo é licenciado em Ciências da Comunicação e está a frequentar o mestrado em Gestão do Desporto. Trabalha na área do jornalismo desportivo, com particular interesse pela análise de futebol.

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