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Pressão organizada, ajustes táticos e Vangelis Pavlidis: as chaves da vitória do Benfica perante o Moreirense

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O Benfica chegava a Moreira de Cónegos no melhor momento da temporada, tendo em conta as últimas exibições e resultados. Depois das palavras fortes de José Mourinho para com a equipa no encontro frente ao Atlético CP, os encarnados derrotaram Ajax e Nacional, empataram com o Sporting – tendo sido, no cômputo geral, superiores aos leões – e voltaram a triunfar na Champions League, desta vez frente ao Nápoles. O Moreirense, por sua vez, depois de um início de temporada com um registo superlativo nos jogos em casa, somando vitórias nos primeiros quatro encontros disputados no Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas, vinha de dois empates frente a Estoril e Famalicão.

No que toca às escolhas dos dois treinadores, não houve grandes surpresas. Do lado dos cónegos, Alanzinho, um dos jogadores mais influentes da manobra ofensiva do Moreirense, viu o quinto cartão amarelo na última jornada e não esteve disponível, sendo substituído por Benny. Já no Benfica, e depois da titularidade de Franjo Ivanovic no último jogo, era expectável que Vangelis Pavlidis voltasse ao onze inicial da equipa encarnada.

Ciente da qualidade do Moreirense com bola, sobretudo na construção e na saída desde trás, José Mourinho apresentou-se num 4-2-4, com os quatro jogadores mais adiantados a orientarem a pressão sobre os defesas centrais Gilberto Batista e Maracás, bem como sobre os laterais Dinis Pinto e Francisco Domingues.

José Mourinho Benfica
Fonte: Paulo Ladeira / Bola na Rede

Com o habitual 4-3-3 apresentado por Vasco Botelho da Costa, o Moreirense variou as suas saídas de bola na primeira parte. Ora saía curto, preferencialmente pelo lado direito, através das triangulações entre Dinis Pinto, Benny e Diogo Travassos – ideia de jogo bem vincada, assente em combinações curtas e jogo apoiado – conseguindo libertar-se da pressão, ganhar espaço e chegar à área do Benfica. Noutras ocasiões, iniciava a construção, mas os defesas centrais da equipa de Moreira de Cónegos não hesitavam em recorrer à bola longa, com os interiores Vasco Sousa e Benny a atacarem a última linha defensiva adversária. Guilherme Schettine foi também uma referência importante, que, apesar de uma marcação muito individual de Nicolás Otamendi, baixou no terreno para servir de apoio frontal, segurando bola e associando-se bem com os médios na primeira parte.

Do lado do Benfica, voltou a destacar-se Enzo Barrenechea, a lateralizar à esquerda, tal como diante do Nápoles, para enquadrar o jogo de frente. Nesta fase da temporada, o médio argentino dita os ritmos da equipa encarnada e assume um papel fundamental na construção do jogo de José Mourinho. Fredrik Aursnes e Georgiy Sudakov surgiram muitas vezes em zonas interiores, tal como Leandro Barreiro, mas foi sobretudo através das trocas posicionais entre Amar Dedic e Fredrik Aursnes que o Benfica criou as melhores oportunidades na primeira parte. A inteligência e a capacidade de leitura do norueguês ficaram bem patentes na forma como alternava entre dar largura ou ocupar espaços interiores, libertando o lateral bósnio para desequilibrar. O primeiro golo, apontado por Vangelis Pavlidis aos 36 minutos – até então bem condicionado por Gilberto Batista – surgiu precisamente de um cruzamento de Aursnes para o cabeceamento do avançado grego.

Vangelis Pavlidis
Fonte: Paulo Ladeira / Bola na Rede

Na segunda parte, José Mourinho ajustou a equipa ao intervalo, sobretudo ao nível da pressão, incidindo com maior intensidade sobre o lado esquerdo do Benfica, correspondente ao corredor direito do Moreirense, que havia sido preferencial na primeira parte. Além disso, e após a lesão de Leandro Barreiro na sequência de uma entrada mais ríspida de Stepanovic, o técnico português lançou Rodrigo Rêgo e reposicionou Aursnes no corredor central. Se, na primeira parte, José Mourinho havia chamado Franjo Ivanovic para aquecer perante as queixas de Leandro Barreiro, ao intervalo, já em vantagem, optou de forma mais lógica por reforçar o meio-campo, uma vez que não faria tanto sentido jogar com dois avançados, sobretudo face à escassez de espaço para explorar a profundidade do avançado croata.

Com uma marcação mais agressiva e individual – Georgiy Sudakov sobre Dinis Pinto e Samuel Dahl sobre Diogo Travassos – o Moreirense passou a sentir muitas dificuldades e raramente voltou a conseguir sair para o ataque por esse lado. A pressão encarnada originou várias perdas de bola em zonas proibidas, que acabaram por resultar em mais dois golos de Vangelis Pavlidis, aos 57 e 70 minutos. No regresso ao onze, o avançado grego voltou a mostrar-se ao melhor nível. Ainda houve tempo para o momento da noite, com Fredrik Aursnes a marcar um golo de grande classe, ao picar a bola por cima de André Batista, após mais uma saída de bola deficitária da equipa da casa.

Fredrik Aursnes Benfica
Fonte: Paulo Ladeira / Bola na Rede

No final do encontro, e em resposta ao Bola na Rede, Vasco Botelho da Costa admitiu a previsibilidade da sua equipa na segunda parte, ao insistir na saída curta, e lamentou a falta de variabilidade em comparação com a primeira parte, onde alternou entre jogo apoiado e jogo mais direto. Aspeto esse que acabou por definir o encontro, ou pelo menos a luta pelo resultado numa fase mais precoce da partida.

O Benfica confirma, assim, a excelente forma que atravessa. Apesar de uma deslocação que se previa difícil, a capacidade de José Mourinho em reagir ao que o jogo pedia, sobretudo ao nível da pressão, aliada à assertividade de Vangelis Pavlidis na finalização, acabou por garantir mais um triunfo à equipa encarnada. Este modelo de jogo, também explicado pelo treinador português em resposta ao Bola na Rede, assenta numa maior ocupação do corredor central para criar superioridades, concedendo largura aos laterais, como Amar Dedic. As nuances são claras: Enzo Barrenechea a lateralizar para organizar, Richard Ríos menos presente em zonas baixas e mais subido com bola, e movimentos muito inteligentes de Leandro Barreiro, Sudakov e Aursnes na gestão dos espaços interiores e exteriores. Defensivamente, o Benfica continua a conceder muito pouco, reforçando a ideia de evolução coletiva nesta nova forma de jogar. Do lado do Moreirense, ficam aprendizagens evidentes. O risco associado à saída curta exige uma melhor leitura dos timings e dos diferentes cenários do jogo, nomeadamente na decisão entre sair apoiado ou recorrer ao jogo mais direto.

Vasco Botelho da Costa Moreirense
Fonte: Paulo Ladeira / Bola na Rede

BnR na Conferência de Imprensa

Bola na Rede: Na primeira parte, o Moreirense foi conseguindo sair pelo lado direito, seja pelo Diogo Travassos ou pelo Dinis Pinto. Mas, na segunda parte, vimos um Benfica mais pressionante e com uma marcação mais individual nesses jogadores, fosse pelo Samuel Dahl ou pelo Georgiy Sudakov. Gostaria de lhe perguntar se este aspeto explica em parte esta derrota?

Vasco Botelho da Costa: Eu acho que a questão é mesmo essa, que é: o Benfica soube reagir exatamente àquilo que estava a acontecer. Nós estávamos a conseguir sair em combinações, principalmente por fora, porque é impossível uma equipa tapar os espaços todos. A verdade é que, se o lateral quiser encurtar de uma forma muito agressiva no nosso extremo, no Travassos ou no Landerson, provavelmente vai abrir espaço na profundidade e nós deveríamos ter usado mais esse passe, digamos assim, solicitar o jogador mais na profundidade para criar dúvida no lateral. Assim, se ele saltasse de uma forma agressiva, como começou a saltar na segunda parte, e a bola entrasse nas costas, na jogada a seguir ele já ficava na dúvida. E, portanto, aquilo que nós nos tornámos foi demasiado previsíveis, porque o Benfica começou a perceber que nós só estávamos a querer sair curto e, muitas vezes, os indicadores para sair curto nem sequer estavam lá, estavam indicadores para sairmos longo, muitas vezes pelo nove. Se olharmos para o jogo, quase todas as nossas bolas de construção tinham a entrada no nosso ponta de lança. Ainda para mais, considero eu, tivemos dois pontas de lança com muito boa capacidade de dar essa linha de passe, de segurar essa bola e de jogar a partir daí. Na primeira parte conseguimos algumas vezes e, mesmo assim, acho que podíamos ter insistido mais nessa situação. Mas lá está, é também o mérito do adversário. Aquilo que eu considero que é a parte em que nós podíamos ter feito melhor, mas também estamos a jogar contra jogadores experientes, que chegam rápido à pressão, que são fortes fisicamente, e depois, meia oportunidade, conseguem transformar em golo. E o resultado explica-se muito por aí.

Bola na Rede: Recentemente, e tendo em conta as lesões de jogadores como Lukebakio, com um perfil mais desequilibrador, o mister começou a colocar mais jogadores na zona central, a flutuarem para zonas interiores, como é o caso do Aursnes, do Sudakov e do Leandro Barreiro. Gostaria de lhe perguntar se, tendo em conta as exibições recentes do Benfica, a evolução do modelo de jogo ofensivo passa por aqui. Ou, por outro lado, se o regresso do avançado belga, ou até uma ida ao mercado em janeiro, podem contrariar esta tendência.

José Mourinho: A melhor coisa é teres a capacidade de fazer tudo aquilo que tu queres e aquilo que dá prazer com o trabalho é tu veres que a equipa é capaz de fazer coisas diferentes. A equipa está sólida desta maneira, é uma equipa que, mesmo quando não tem bola, não se sente perigo, não se sente ai ai ai quando não temos bola. Houve momentos na primeira parte em que eles tiveram bola, mas não conseguiam agredir, e isso foi uma coisa que este modelo nos trouxe. Depois, a diferença entre Ivanovic e Pavlidis é uma coisa que agora todos nós entendemos, e eu próprio, como treinador, e os colegas, como colegas, percebem a diferença entre jogar com um ou com o outro. Este é o típico jogo que, se está no banco um ala daqueles que corre, morde e marca, saíamos daqui com um resultado ainda diferente. Nós não temos tudo como as grandes equipas normalmente têm tudo, temos o que temos e estou contente com aquilo que nós estamos a dar, com aquilo que temos.

Rodrigo Lima
Rodrigo Limahttp://www.bolanarede.pt
Rodrigo é licenciado em Ciências da Comunicação e está a frequentar o mestrado em Gestão do Desporto. Trabalha na área do jornalismo desportivo, com particular interesse pela análise de futebol.

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