Aloísio analisou os desempenhos do FC Porto esta temporada e relembrou a conquista do pentacampeonato ao serviço dos dragões.
Uma das grandes figuras da história do FC Porto, Aloísio, deu uma entrevista à Cabine Desportiva na qual abordou vários temas, incluindo o pentacampeonato e o sucesso recente dos dragões.
O antigo defesa-central começou por falar sobre a situação atual do FC Porto, elogiando a dupla na defesa portista e também o trabalho de Francesco Farioli:
«Tenho acompanhado os jogos do FC Porto e vi o jogo de ontem frente ao Estrela. O Porto está a fazer um bom campeonato, é líder, apresenta uma equipa bastante renovada, com jogadores jovens de qualidade, um plantel equilibrado e com atletas de características diferentes. (…) Gosto da dupla de centrais polacos, que tem dado segurança à defesa, com qualidade técnica. São jogadores altos, rápidos e com uma leitura de jogo muito boa. (…) Farioli consegue ter uma equipa móvel do meio-campo para a frente. Tem jogadores rápidos no ataque e nas alas».
Sobre a sua carreira no FC Porto, Aloísio começou por falar sobre a conquista da Champions League como adjunto de José Mourinho e refletiu sobre os 11 anos ao serviço do clube como jogador, incluindo o pentacampeonato:
«Acreditei que pudéssemos ganhar o troféu a partir do golo do Costinha em Manchester, que nos apurou para os quartos de final. Foi construído um plantel com jogadores que não tinham ganho títulos ou tinham ganho poucos. Foi incutido na mente dos jogadores que acreditassem na forma de trabalhar e no projeto de somar troféus às suas carreiras. (…) Fiquei tanto tempo por amor ao clube, pelas condições de trabalho e pela família, porque tinha filhos adaptados ao país. Recusei abordagens de equipas do México, do Brasil e de algumas equipas da Europa. Preferi continuar a vestir de azul e branco. (…) [Segredos do pentacampeonato?] Foi a consistência da forma de jogar e da forma de trabalhar do treinador Fernando Santos, um grupo unido e muito forte mentalmente, além da ambição. Queríamos ganhar títulos. Não ficávamos contentes apenas por sermos campeões nacionais, queríamos ganhar também a Taça. Aquilo que nos era transmitido nos jogos e nos treinos era cumprido».
Aloísio falou ainda sobre o regresso de José Mourinho a Portugal:
«Fiquei feliz pelo Zé ter voltado a trabalhar em Portugal. É uma pessoa que admiro muito, trabalhei com ele durante dois anos e meio, é um grande profissional e um grande homem. Uma pessoa que admiro muito pelo que contribuiu para o futebol. Vem acrescentar muita coisa ao futebol português».
Depois voltou à sua carreira de jogador para refletir sobre a passagem no Barcelona:
«Ganhei uma Taça do Rei e uma Taça das Taças. Tive como companheiros de equipa Zubizarreta, Bakero, Txiki Begiristain, Laudrup, Ronald Koeman, Gary Lineker, entre outros nomes. (…) O Johan Cruyff era o treinador e foi ele que me levou para o Barcelona. Jogámos um torneio na Escócia pelo Internacional de Porto Alegre, fizemos a final contra o Ajax, ganhámos 2-1 e fiz um grande jogo. Um ano depois, foi anunciado como treinador do Barcelona, começou a montar a equipa e pediu a minha contratação. Foi uma grande honra».
Aloísio falou ainda do Gil Vicente, outro clube português ao qual tem uma ligação próxima, tendo sido diretor desportivo durante duas épocas:
«Trabalhei durante 17 meses como diretor desportivo. Tenho um grande carinho pelo Gil Vicente e pela cidade de Barcelos. Fiz grandes amizades e levo o clube no coração. Tem um atual plantel com qualidade, por isso está na posição em que está. Tem feito um ótimo trabalho. [Sobre César Peixoto] Era um extremo com uma técnica bastante apurada, tinha um drible fácil e um remate forte. Mas não imaginava que viesse a ser treinador ou que tivesse esse interesse».
Relativamente ao Braga, elogiou a evolução do clube para o estatuto atual:
«O clube cresceu muito, tem um estádio novo, uma massa associativa que apoia bastante a equipa e uma direção ambiciosa. O Braga disputa competições europeias e é uma referência não só em Portugal, mas também na Europa. Como instituição, tem ótimos recursos e excelentes condições para os atletas. Não é impossível o Braga ser campeão nos próximos anos, embora seja difícil lutar contra Porto, Benfica e Sporting. Ainda assim, tem condições para que isso aconteça».
Por fim, mostrou-se feliz com o estado atual do futebol português e revelou que gostaria de voltar a treinar em Portugal:
«Está num bom nível, com equipas interessantes. É lógico que pode melhorar ainda bastante, mas está dentro do nível europeu. É uma das principais ligas da Europa. Estive na Ucrânia, fiquei dois meses numa equipa da segunda liga, e tenho vontade de voltar a ser treinador principal. Renovei a minha licença e tenho o UEFA PRO, nível 4».

